Pequeno Segredo

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O diretor chama David Schurmann. O elenco conta com nomes como Julia Lemmertz, Fionnula Flanagan e Erroll Shand. Caramba, o nome que parece mais brasileiro na ficha técnica é Marcos Bernstein. Dá até para pensar que se trata de um filme alemão. Ainda assim, Pequeno Segredo é o filme enviado pelo Brasil para tentar ser indicado ao Oscar. E sabe do que mais? Eu diria que, pela primeira vez em muitos anos, o Brasil tem chance de faturar o careca.

Durante boa parte do filme, acompanhamos duas histórias. Uma envolve a menina Kat. Ela está passando por aquele início da adolescência, fase em que começa a reparar nos rapazes, comprar o primeiro sutiã e coisas do tipo. Ela começa uma amizade com uma garota gordinha e passa boa parte do seu tempo em barcos com a família.

A outra história envolve um gringo que realiza a fantasia de pegar uma aborígene brasileira. Eles se apaixonam e desenvolvem uma relação normal, bem parecida com a que você provavelmente tem com sua cara-metade.

As duas histórias parecem totalmente separadas por mais da metade do filme, mas eventualmente elas se cruzam. E é justamente aí que a coisa fica melhor e que você percebe aonde o longa quer chegar. Isso acontece tão tarde que coloca qualquer comentário no perigoso território dos spoilers, então não vou falar muito sobre isso.

Durante toda a projeção, no entanto, Pequeno Segredo é um filme belo. É bonito para os olhos, com planos estilosos e cenários paradisíacos; e é bonito para os ouvidos, com uma trilha sonora emotiva e muito bem utilizada.

Quando mostra a que veio então, estas características são aumentadas e tornam o filme altamente emocional. Não duvido que leve muita gente aos prantos, bem como o Oscar gosta. E consegue fazer isso sem nem citar o judaísmo, quem diria?

Particularmente, Pequeno Segredo não é o tipo de filme que eu costumo ir atrás para assistir. Não tem helicópteros, não tem explosões e não tem helicópteros explodindo. Parece de fato uma obra feita para angariar prêmios em festivais mundo afora, mas é também claramente autobiográfico, o que rende pontos de carisma.

No final das contas, se você gosta de filmes que costumam passar em festivais e, especialmente, que fazem você sentir altas emoções, Pequeno Segredo é uma boa pedida porque, apesar de ter todas essas características, consegue fazer isso com mais beleza e sentimento do que um oscarizável padrão. Não parece ter sido feito para ganhar prêmios, mas porque queriam contar esta história. Isso o torna de fato um filme bom, e quem acompanha minhas resenhas sabe que este não é um elogio que costumo fazer a oscarizáveis.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
pequeno-segredoPaís: Brasil/Nova Zelândia<br> Ano: 2016<br> Gênero: Drama / Oscarizável<br> Roteiro: Marcos Bernstein, Vitor Atherino e David Schurmann<br> Elenco: Julia Lemmertz, Maria Flor, Fionnula Flanagan, Erroll Shand, Marcello Antony, Mariana Goulart.<br> Diretor: David Schurmann<br> Distribuidor: Diamond<br>