Pelos Olhos de Maisie

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Muitos delfonautas com certeza são filhos de casais divorciados. Se é seu caso, high five, pois somos dois! A idade na qual isso acontece varia muito. Às vezes os pais se divorciam com filhos já adultos, às vezes antes mesmo dos pequerruchos nascerem. No meu caso, e no da garota que dá nome ao filme, ainda estávamos na mais tenra idade.

Pelos Olhos de Maisie conta a história de um casal (Julianne Moore e Steve Coogan) que se divorcia. A sacada é que é tudo contado Pelos Olhos de Maisie (rá! Eu adoro fazer isso! m/), o produto do amor dos dois.

E vou dizer, amigo delfonauta, o filme começa bem. Deveras bem. Como acontece na vida real, a criança não tem muita noção do que está acontecendo, mas vê seus progenitores aos berros e outros sinais, tudo meio fatiado.

Além disso, a forma como tudo é filmado é deveras especial e potencializa a ideia de ser tudo como uma criança veria. A câmera está normalmente baixa ou bloqueada por pedaços de mobília para representar o fato de que Maisie está se escondendo.

Quando o divórcio chega às vias de fato, temos as brigas por custódia, os novos amores dos pais e eventuais casamentos e tudo é contado com muito charme e sutileza. Como adultos já bastante judiados pela vida, nós sabemos bem tudo o que está acontecendo, mas Maisie não sabe. Chega a doer no coração quando um dos pais deixa escapar alguma coisa que não devia, por exemplo.

Tudo indicava que Pelos Olhos de Maisie levaria uma quantidade pornográfica de Alfredos, mas como você já deve ter percebido, não é o caso. É muito interessante colocar um novo casamento para os pais, mas depois disso, ambos passam a negligenciar totalmente a pequena, deixando-a sob os cuidados de seus esposos, que obviamente não têm nenhum parentesco sanguíneo com ela. Isso enfraquece sobremaneira o filme, especialmente porque fazia tempo que eu não usava a palavra sobremaneira por aqui e estava mais do que na hora de voltar a usá-la.

Também não ajuda muito as profissões dos pais serem interessantes demais. A personagem de Julianne Moore é uma cantora de rock, enquanto o de Steve Coogan é um galerista. Em um filme cujo apelo é ser tão humano e sentimental, a história ganharia muito caso os dois tivessem empregos entediantes em escritórios.

Pelos Olhos de Maisie é um filme com potencial de ser tremendão, mas que acaba sendo apenas bom. Seu começo é realmente pesado, daqueles de deixar o espectador com um nó na garganta, mas ele esfria muito graças à importância que dá aos novos esposos. E é uma pena, pois seu tema é interessante e quase inexplorado na sétima arte. Recomendado, mas com ressalvas.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
pelos-olhos-de-maisiePaís: EUA<br> Ano: 2012<br> Gênero: Drama<br> Roteiro: Nancy Doyne e Carroll Cartwright<br> Elenco: Julianne Moore, Steve Coogan, Alexander Skarsgard e Onata Aprile.<br> Diretor: Scott McGehee e David Siegel<br> Distribuidor: Europa<br>