A franquia mais testosterônica da história do cinema está de volta com seu terceiro exemplar. E antes de escrever a resenha, fui reler as críticas do Corrales sobre os dois longas anteriores. Concordo com ele quanto ao primeiro, que foi um desperdício de nomes e deixou muito a dever. Mas discordo com relação ao segundo, ao qual ele até concedeu o Selo Delfiano Supremo.
Em minha opinião, Os Mercenários 2 de fato melhorou muito com relação a seu antecessor, mas ainda não chegou lá exatamente. Divertiu, mas não empolgou, manja? Este terceiro continua a curva ascendente. Entreteve-me mais que o segundo, mas ainda continua cometendo os mesmos erros de sempre, além de incluir alguns novos.
TIRO
Nesta nova aventura explosiva, Barney Ross e seus dispensáveis enfrentam Conrad Stonebanks, nada menos que um dos mercenários originais que passou para o lado negro da Força. O cara é tão malvadão que força Barney a montar uma nova equipe, formada só com gente mais jovem, para tentar vencê-lo.
Nunca achei que veria aquele velho clichê do casal que briga, se separa, e se você é esperto, sabe o que acontece no final, aplicado a um Testosterona Total que sequer tem uma história a contar, mas isso aconteceu aqui. Por sorte, este é o tipo de filme em que você vai para aproveitar as explosões, e não o roteiro, então tudo bem.
E de explosões, como sempre, a franquia não decepciona. Desde a barulhenta cena inicial no trem, até o final em escala grandiosa, o longa está recheado delas. E sim, temos mais de um helicóptero explodindo aqui também. E claro, também há tiroteios, facadas e bordoadas a perder de vista. Todas as cenas de ação (ou seja, 97% do filme) são muito estilosas e bem filmadas.
BOMBA
Contudo, uma coisa que não é nada macha acomete esta produção e evita que ela faça crescer cabelo no peito como os anteriores. Ela é classificação PG-13 (os anteriores eram 16 anos). Ou seja: não há uma gota de sangue derramado. Nêgo toma tiro e parece que é oco por dentro ao invés de espirrar aquela sangueira na sua cara. E filme com gente que toma pipoco e não sangra, com todo o respeito ao troglodítico elenco do filme, é coisa de mariquinha.
Sinceramente, tenho pena desses pré-adolescentes de hoje que têm de ser protegidos de alguns galões de sangue falso e violência desmedida que assistíamos numa boa nos anos 80 em plena Sessão da Tarde e no Cinema em Casa. E eles ainda mostravam peitinhos, outra coisa proibida para as frágeis psiques da garotada de até 13 anos do mundo moderno.
Fato é que, se essa série tivesse surgido na década de 80, com toda a violência cinematográfica mágica do período e com todo o elenco no auge, o mundo provavelmente teria explodido antes de chegar a 1990, pois ele simplesmente seria incapaz de suportar a pintudice desses hipotéticos filmes.
Mas, como eles estão sendo feitos na época do politicamente correto, temos de nos contentar com a ação geriátrica livre de sangue. E mesmo com esse empecilho, ainda consegue ser legal pra caramba. Mas estou me desviando do assunto.
PORRADA
Dos novos rostos, quem mais se destaca são o Wesley Snipes, que ganha um bom tempo de tela, o Antonio Banderas, que é uma das melhores coisas do filme, como o mercenário tagarela e principal alívio cômico e Mel Gibson, o qual particularmente parece ter se divertido a valer como o vilão. Ele entrega uma ótima performance canastrona e cheia de falas hilárias que me deram saudades de quando ele estava no auge da carreira como o detetive Martin Riggs da série Máquina Mortífera.
E como já havia acontecido no anterior, eles voltam a investir bastante no humor, o que é sempre um bônus. Fora as frases de efeito e o já citado personagem do Antonio Banderas, há um monte de piadas internas muito bacanas. Por exemplo: quando o personagem do Randy Couture pergunta ao do Wesley Snipes por que ele estava preso e este responde na lata: evasão de impostos. Snipes, na vida real, esteve preso de 2010 a 2013 justamente por causa disso. E há muitas outras desse naipe por toda a película.
Agora falemos do que não deu certo. Para começar, o elenco inchado novamente é um problema. Jet Li mais uma vez mal aparece e, já que é assim, poderia ter sido facilmente cortado sem cerimônia alguma. Outros como Randy Couture, Terry Crews e Dolph Lundgren também ganham muito pouco tempo de tela claramente para dar espaço à velharada que entrou agora (Banderas, Gibson, Snipes, Harrison Ford e Kelsey Grammer). Parece que eles só permaneceram no filme por “brodagem”.
E para piorar, com tantos nomes de medalhões da ação no elenco, por que diabos formar uma equipe mais jovem só de ilustres desconhecidos? É desperdiçar precioso tempo de tela com quem não vale a pena. À exceção da campeã feminina do UFC Ronda Rousey, eu não faço a menor ideia de quem são aqueles outros caras. Se a história pede por uma nova geração, ao menos que se usassem alguns atores mais conhecidos, tipo o irmão do Thor no segundo.
Contudo, mesmo com esses problemas, o longa é bem divertido e mais grandioso que o anterior, como manda a lei das sequências. Desta forma, Os Mercenários 3 dá mais um salto de qualidade em relação a seu predecessor, mas ainda há muita coisa para melhorar para que a franquia se torne de fato o que ela tem potencial para ser: o supra-sumo da macheza e truculência no cinema. Ainda não chegou lá, mas está no caminho certo.
Já que mais uma vez colocamos no ar uma resenha com bastante antecedência, não custa relembrar a data de estreia do filme: 21 de agosto.