Os melhores shows de 2010

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E lá se foi 2010 e, cara, como esse ano passou rápido!

Mas não estou aqui para divagar! Vamos falar sobre os shows que aconteceram no Brasil em 2010 e, uau, este foi um ano produtivo pra caramba nesse sentido! Vejamos, de cabeça, consigo me lembrar dos shows do Metallica, Halford, Rush, Paul McCartney, Green Day, Focus, Dream Theater, Therion, Death Angel, Twisted Sister, ZZ Top, Winger, UFO, Theatre Of Tragedy, o festival SWU, Sebastian Bach, Deicide, Cramberries, Scorpions, Peter Frampton, a volta do Angra, o Sepultura tocando o Arise na íntegra, Paul Di’Anno, Nofx, Bon Jovi, Blaze, Nile, Vince Neil, Megadeth, Master, Marduk, Manowar, Lamb Of God, Lacrimosa, Biohazard, Aerosmith, Iced Earth, Guns ´n´ Roses, Gorgoroth, Gamma Ray, Lou Reed e Avantasia. Putz, foram realmente muitos shows de vários estilos diferentes.

Bom, como você já deve imaginar, é financeiramente impossível estar presente a todos esses shows. Aliás, não só financeiramente, porque nossos produtores queridos trataram de marcar diversas apresentações na mesma data, especialmente mais pro final do ano.

Mesmo assim pude marcar presença em várias apresentações e aí vai a lista do melhor e do pior que aconteceu em termos musicais.

5º – HALFORD

Quando e onde: 24/10 em São Paulo

Sempre costumo dizer que os shows mais legais são aqueles em que você vai sem saber o que esperar. Claro que eu também não quero que seja uma porcaria, senão não teria comprado o ingresso, mas é legal ser surpreendido por uma apresentação sincera e direta.

Por ser uma pessoa ansiosa, poucas vezes isso realmente aconteceu comigo, já que sempre crio certo “hype” do que vem pela frente, mas consigo me lembrar claramente de duas vezes onde foi surpreendido com ótimos shows: ano passado no Twisted Sister, e este ano com a banda solo de Rob Halford.

Não, a apresentação da “Rainha do Metal” não teve nada de mais. Sem efeitos especiais, canhões de luz, vídeos introdutórios, nada. Apenas a boa banda solo de Rob (que conta com nomes importantes como o guitarrista e produtor, Roy Z e seu “par”, Metal Mike) em um palco minúsculo de uma pequena casa de shows em São Paulo tocando músicas legais para uma platéia mais legal ainda.

Na verdade, a casa apenas é pequena se compararmos às arenas onde Rob costuma se apresentar ao lado do Judas Priest, mas justamente o tamanho do local proporcionou aos fãs uma boa aproximação com o ídolo, que não decepcionou em um show bastante empolgante de 17 músicas.

O setlist foi quase que exclusivamente baseado no hiato em que o vocalista ficou fora do Judas Priest, entre 1992 e 2003, com as bandas Fight e Halford, sua fase menos conhecida. E quer saber? As músicas que o cara compôs neste período são muito legais! Heavy Metal sem frescura (ok, pelo menos no palco!) com várias porradas que beiram o Thrash à Pantera que o músico se acostumou a fazer.

Do bom e velho Judas, tivemos apenas três músicas: o cover da Joan Baez, Diamonds & Rust, em uma versão igualzinha à do ao vivo Unleashed In The East, de 1979, Green Manalishi, outra cover do Fleetwood Mac, também de 1979, e Jawbreaker, do Defenders Of The Faith, de 1984. De resto, tivemos algumas coisas do álbum duplo mais recente, Made Of Metal (bem bacana, recomendo!) e as melhores músicas dos álbuns do Fight e do primeirão do Halford.

Rob sempre passa a imagem no palco de um sujeito mal humorado mas, na verdade, consegue conquistar a simpatia de todos com sua competência e experiência de décadas na estrada. Interessante que mesmo os seus vocais pareciam melhores e mais inspirados do que na última passagem com o Judas Priest pelo Brasil há dois anos. Agora, com o anúncio do fim da banda, será que podemos afirmar que o Metal God passou por um momento turbulento com seus colegas de novo?

De novo: não foi um show pirotécnico, cheio de efeitos especiais, nem nada disso, foi apenas uma excelente apresentação de Heavy Metal com a energia dos fãs felizes pelo momento.

4º – RAMMSTEIN

Quando e onde: 30/11 e 1/12 em São Paulo

Agora vamos contrariar tudo aquilo que eu disse sobre o Rob Halford

Quando o Rammstein passou por terras brasileiras pela primeira vez, em 1999, na abertura do show do Kiss, deixou uma péssima impressão no público que lotava o lamão do autódromo de Interlagos.

Pouquíssimas pessoas os conheciam há 11 anos e o estilo diferente da banda rendeu xingamentos dos redatores nas principais revistas “roqueiras” do país. As mesmas que alguns anos depois colocariam o Rammstein na capa e elogiavam o som intrincado da banda.

Mesmo com tudo contra, o linguarudo Gene Simmons, mais uma vez, mostra que tem faro para descobrir bandas novas (foram eles que também ajudaram o comecinho de carreira do Rush e do Van Halen nos anos 70) e bancou, naqueles idos, a idéia de sair com uma – então – desconhecida banda alemã para fazer a abertura da turnê mundial do álbum Psycho Circus.

Mais de uma década depois, muito aconteceu na carreira dos caras e, mesmo que você não curta o estilo “dark-deprê-bizarro-homo-erótico”, ou algo do gênero, não pode negar que eles aprenderam direitinho com o Kiss em como fazer um grande show, tanto em termos musicais, quanto performáticos.

Por limitações estruturais do Via Funchal (a banda tem todo um espetáculo voltado para estádios, não para uma casa de shows), o Rammstein não trouxe todo seu equipamento, mas mesmo assim fez uma apresentação impecável para os fãs, recheada de clássicos, efeitos especiais sinistros (sempre baseado em fogos e faíscas), mas também divulgando o polêmico novo álbum, Liebe Ist Für Alle Da. Exatamente o esperado de uma banda que sabe valorizar seu rico dinheirinho. O ápice foi quando o tecladista Christian Lorenz passeou de bote por cima da galera!

Você percebe que um show está sendo realmente espetacular quando todo mundo no Via Funchal canta a plenos pulmões a letra, em alemão, de Ich Will e, na boa, duvido que 80% das pessoas ali sequer sabiam como pronunciar “Ich Will” corretamente (eu incluso).

3º – RUSH

Quando e onde: 8/10 em São Paulo e 10/10 no Rio de Janeiro

Quase tudo o que falei para o Rammstein vale para o Rush em sua atual turnê também: a banda sabe como encantar as platéias de todo o mundo com um show que combina não apenas os grandes clássicos como também uma ótima performance, intercalada com vídeos em alta qualidade contando a “verdadeira história do Rush”, estilo Monty Python com os próprios integrantes atuando em papéis caricatos.

É interessante notar como a melhora na situação econômica de nosso país e estabilidade da moeda permitiram que as bandas trouxessem uma estrutura de shows muito parecida com a encontrada lá fora, mas me refiro única e exclusivamente à parte dos gringos (a parte de cima dos palcos, com telões de boa qualidade, fogos, labaredas, estrutura de som, etc), não a parte de organização para o público, responsabilidade dos brasileiros. Isso ainda é uma bela porcaria desde a compra do ingresso em sites que não funcionam até a entrada no evento, mas já, já, falamos disso.

Para complementar, os canadenses comemoraram os 30 anos do lançamento do clássico Moving Pictures, tocando-o na íntegra e aí vale um pequeno comentário sobre a idéia de tocar álbuns inteiros em shows: uma coisa é você enfiar goela abaixo do público um disco que acabou de sair apenas porque “acha” que ele é um dos seus melhores trabalhos, como o Iron Maiden fez na turnê do A Matter Of Life And Death alguns anos atrás. Outra bastante diferente é quando esse disco sobrevive ao teste do tempo e se torna um marco por méritos próprios. É o caso deste álbum marcante do Rush.

O setlist também foi bem escolhido (achei melhor até que o de 2002) passeando mesmo por todas as fases da banda e conseguindo agradar todo mundo! Impressionante, mas todo mundo que conversei gostou do repertório como um todo e não reclamou que faltou essa ou aquela música.

E não foi apenas isso, estamos falando de senhores que já passaram dos 50 anos de idade, tocando apresentações de quase três horas de duração, com 25 músicas. Pô, cara, e o que falar de certas bandas finlandesas com menos de uma década de carreira que fazem shows com 10 musiquinhas e parecem eternamente de mau humor? Vão tomar banho, viu?

Mesmo com todos os elogios e apresentações fantásticas, tenho apenas uma única ressalva para o show do Rush: os vocais de Geddy Lee. Todos sabem que, quanto mais velha a pessoa, mais difícil fica para ela atingir certas notas, e ele já mostra certos sinais de cansaço na voz. Especialmente quando manda bala nos clássicos dos anos 70 onde se esgoelava quando ainda tinha seus 25 anos. É o caso da obrigatória Working Man, por exemplo, que ganhou um arranjo reggae para a introdução, mas depois fechou como o Hard Rock que tanto amamos.

O fato é que, no calor do momento, você releva alguns tropeços, mas revendo vídeos no Youtube meses depois, fiquei um pouco preocupado. Espero que tenha sido apenas uma dor de garganta e possamos presenciar ainda muitas outras apresentações do Rush.

2º – PAUL MCCARTNEY

Quando e onde: 7/11 em Porto Alegre e 21/11 e 22/11 em São Paulo

Agora vou desabafar…

Esse era um show que tinha tudo para dar errado graças à incompetência dos brasileiros em organizar eventos: a compra de ingressos tanto pela internet, quanto por telefone ou ao vivo, foi um lixo e demonstrou o total desrespeito ao consumidor nos preços cobrados, além daquela exploração chamada taxa de conveniência. O local marcado não ajudou: longe do centro e do metrô, sem grandes opções de transporte urbano para chegar (poucas linhas de ônibus chegam ou saem de lá), estacionamentos que beiravam ABSURDOS R$ 150,00 por um período de quatro horas, filas quilométricas para conseguir entrar, seguranças truculentos, preços de ingresso totalmente fora da nossa realidade… Enfim, tudo o que antecedeu a entrada do Paul foi um fiasco!

Olha, na boa, já encheu o saco shows grandes em São Paulo serem marcados sempre e apenas no estádio do Morumbi. A maior cidade do Brasil precisa urgente de uma alternativa, pô!

Mas aí existe um artista acima de qualquer crítica, lenda viva parte da história musical e tudo pode ser relevado quando Sir Paul McCartney sobe ao palco cheio de gás e começa a cantar um clássico após o outro. Não existe emoção maior do que cantar ao lado de seu pai e da sua irmã All My Loving, Drive My Car, Black Bird, A Day In The Life, Day Tripper, Yesterday, Let It Be, Hey Jude, Something, Paperback Writer, Lady Madonna, Get Back, Eleanor Rigby e tantas outras músicas dos Beatles que definiram o que é ser um roqueiro.

Mesmo quando Paul mandava bala nas músicas de sua carreira solo, veja só, elas também eram legais e não deixavam a peteca cair. Ou você conseguiu ficar parado no show de fogos de Live and Let Die e não se emocionou com a homenagem à sua falecida esposa Linda, em My Love?

O show também teve outros tantos momentos emocionantes (fora, claro, as músicas dos Beatles que todo mundo queria ouvir) como nas belas homenagens a John Lennon e George Harrison em Here Today, Give Peace a Chance e Something.

Mais legal ainda é o profissionalismo de Paul em variar o setlist presenteando os fãs que enfrentaram o caos citado acima para assistir às três apresentações e saíram de lá com números exclusivos para cada show, como Magical Mystery Tour, que abriu a segunda apresentação de São Paulo. Pô, será que é tão difícil variar o setlist de um dia para o outro criando um suspense nos fãs? Isso é muito legal!

Depois de três horas, no segundo bis, quando você pensa que o inglês vai encerrar o que já é uma das melhores apresentações da sua vida, ele ainda encontra fôlego para gritar Helter Skelter, a música mais pesada dos Beatles e o marco zero do Heavy Metal para muitas pessoas. Depois disso, ainda encerra um show perfeito (em cima do palco, lembre-se) com a dobradinha Sgt. Pepper´s Reprise / The End e aí não dava para segurar as lágrimas e chorei, meu amigo. Chorei como um bebê de felicidade pela oportunidade de estar ali, assistindo ao vivo e fazendo parte de um capítulo importante na MINHA história do Rock.

Só não levou a medalha de ouro por conta de uma particularidade do vencedor.

1º – METALLICA

Quando e onde: 28/1 em Porto Alegre e 30 e 31/1 em São Paulo

Toda a desorganização e problemas que citei para o Paul acima valem aqui também, até porque o lugar era o mesmo, assim como o Rush, então não vou me repetir, ok?

Depois da decepção que foram os cancelamentos da turnê sul-americana em 2003, o Metallica teria que suar a camisa para apagar a péssima antipatia criada após um período conturbado com processos contra o Napster, a saída de Jason Newsted, momentos constrangedores em frente a um psicólogo e tratamentos contra dependência alcoólica. Até o Iron Maiden tirou uma casquinha com o momento negativo dos estadunidenses (e dinamarquês) no show de 2004.

Mas as coisas começaram a mudar quando a banda saiu para a turnê comemorativa dos 20 anos do Master Of Puppets na metade de 2006. Aqueles shows não passaram por aqui, infelizmente, mas mostravam que o entrosamento e a química pareciam surgir novamente.

Com o lançamento do Death Magnetic em 2008, a banda mostrou que, mesmo sem voltar aos velhos tempos do Thrash Metal, consegue ser relevante e lançar novos trabalhos com bastante competência. Não, não é um álbum revolucionário e nem está entre os melhores da carreira, mas ainda traz um sopro de originalidade com belas músicas e letras afiadas de James Hetfield.

Aí veio a turnê mundial, as fatídicas datas no Brasil e todas as lembranças de cancelamentos e inseguranças que poderiam ocorrer de novo. Ainda bem que, apesar dos preços, quem foi aos shows sabe que a experiência valeu muito a pena: o gigante despertou e o Metallica fez o melhor show em terras brasileiras desde a apresentação épica de 1989.

Além dos estádios lotados, a banda mostrou uma ótima energia ao vivo, com brincadeiras, interação com o público, uma boa estrutura técnica e alguns efeitos especiais.

Outra coisa bacana é o setlist. Apesar de manter certo padrão nas escolhas, dando prioridade aos clássicos que os tornaram famosos como tem que ser mesmo (viu, Manowar e Iron Maiden?), o Metallica raramente repete o mesmo repertório em três apresentações seguidas, premiando os fãs que conseguiram superar as barreiras financeiras e comparecer a todas elas. Velhos hinos como Motorbreath, Hit The Lights, Ride The Lightning, Fade To Black, The Unforgiven, Fight Fire With Fire, Blackened e Phantom Lord apareceram em um ou outro show, gerando certo suspense sobre qual música a banda tocaria em cada cidade. De novo: isso é muito legal para os fãs e cria uma baita expectativa sobre qual será a próxima música.

Outras composições, no entanto, apareceram em todas as apresentações para deleite dos fãs que puderam curtir Creeping Death, Master Of Puppets, One, Enter Sandman, Nothing Else Matters, Sad But True e Seek and Destroy.

Como a turnê era dedicada às músicas do último álbum, o Metallica também incluiu algumas coisas do bom CD lá no meio, mas não entupiu o repertório como o Iron Maiden costuma fazer, por exemplo (tenho trauma de quando voltaram para o bis com Journeyman em 2004).

Mas além de todo profissionalismo, o show maravilhoso e histórico por si só, o Metallica mostra que valoriza também os fãs fiéis do Metclub (o fã clube oficial), com venda antecipada de ingressos sem confusão e ainda um sorteio para conhecer a banda pessoalmente no backstage com direito a fotos, autógrafos e bate papo e, sim, eu fui um dos sorteados!

Este foi o grande diferencial para o show do Paul McCartney (em termos emotivos, foi praticamente a mesma coisa), mas ali realizei um grande sonho de vida ao poder bater um papo com James Hetfield e Lars Ulrich, ter o meu Master Of Puppets velhinho autografado e uma foto com “Deus” apontando para a tatuagem da banda que fiz com tanto carinho há bons anos (confira essa foto na galeria).

James e Lars foram muito simpáticos e pacientes! Conversaram com todos os presentes, responderam a todas as perguntas, também perguntaram curiosidades que eles tinham sobre o Brasil, contaram fatos curiosos da banda, enfim, foi um momento único em minha vida, estar ali cara a cara com os caras que criaram músicas que você cresceu ouvindo. Uma pena que o Kirk não demonstrou o mesmo bom humor dos demais integrantes (Rob também foi muito bacana com todos).

Quando virei para James e disse o quanto a música dele mudou minha vida e ele respondeu sorrindo com um “mudou a minha vida também”, até hoje me emociono. São coisas para contar aos netos e guardarei comigo para sempre. Obrigado, Metallica!

MENÇÃO HORROROSA – O PIOR DO ANO: MANOWAR

Quando e onde: 8 e 9/5 em São Paulo e 13/5 em Belo Horizonte

A última vez que o Manowar tinha tocado no Brasil foi na derradeira edição do festival Philips Monsters Of Rock, em 1998, e eles deixaram uma ótima impressão em um show recheado de clássicos (o que não falta na história dos caras) e as pirotecnias tradicionais dos “Kings Of Metal”, com garotas seminuas, cerveja, estouro das cordas do baixo de Joey DeMaio e outras bobagens que os fãs adoram.

De lá para cá, pouca coisa realmente relevante aconteceu na carreira da banda: eles lançaram a série de DVDs caça níqueis, Hell On Earth, com compilações de shows e momentos constrangedores dos bastidores e Joey começou a empresariar algumas bandas (sendo a mal sucedida parceria com o Rhapsody a mais conhecida). Ainda soltaram poucos álbuns no período, Warriors Of The World em 2002, Gods Of War só em 2007 e o EP Thunder In The Sky, dois anos depois. Nenhum calamitoso, mas bastante distante do melhor que os caras já fizeram nos anos 80. Todas as respectivas turnês que se seguiram se concentraram apenas nos EUA, Europa, Canadá e Japão.

Depois de anos de promessas de “logo estaremos aí” nas principais revistas nacionais de Rock e declarações fajutas de que os fãs brasileiros são os melhores do mundo (não se iluda, eles falam isso para todos), finalmente a banda marcou shows em terras brasileiras. Claro, a comunidade headbanger ficou em polvorosa com a possibilidade de ouvir todos os hinos maravilhosos do Metal que eles criaram. Só esqueceram de avisar os estadunidenses disso…

Casas lotadas, público fiel, mas de um bom espetáculo só sobraram mesmo as mulheres peladas que mencionei alguns parágrafos acima. Pô, os caras demoram mais de uma década para voltar à América do Sul e baseiam todo o setlist justamente nos medianos álbuns lançados de desde então? Parece piada, mas o Manowar não tocou nenhuma música com mais de 10 anos! Não teve um único clássico!

Pare e pense comigo: o Manowar ficou famoso por quê? Pelas músicas criadas de 2002 para frente ou por tudo o que veio nos 20 anos anteriores? Faça-me o favor! Este foi o típico exemplo do anti-marketing e todos ali mereciam levar uma surra de chinelo de Gene Simmons para aprender a dar aos fãs o que eles realmente querem ouvir.

Ok, a banda seguiu o que já vinha apresentando nos shows europeus, mas caramba, lá eles tocam todo ano e convenhamos, o preço do ingresso que pagamos por estas bandas, proporcional ao nosso salário mínimo, é abusivo (isso sem contar estacionamento com preço criminoso, transporte público precário até a casa de show, etc). O mínimo que se espera dos gringos é que sejam profissionais. Um queima-filme histórico com vaias e fãs queimando camisetas após os shows. Triste!

D&D – DECEPÇÃO DELFIANA:

Aqui vou dar uma divagada porque a minha decepção não é necessariamente um show que ocorreu em 2010, mas sim a probabilidade – agora nula – de assisti-los em 2011, 2012 e daí para frente.

Refiro-me às mortes de Ronnie James Dio e Peter Steele. Sobre o primeiro, não preciso fazer grandes comentários porque você provavelmente já leu meu longo especial sobre a vida e obra do baixinho mais querido do universo metálico. Por mais que apareçam bons frontmans no futuro, e com certeza aparecerão, será praticamente impossível repetir a carreira prolífica de Ronnie, que passeou por praticamente todos os subgêneros do Rock ´n´ Roll em mais de 50 anos de profissão. É muito, muito triste pensar que nunca mais poderei ouvir ao vivo Stargazer, Holy Diver, Last In Line, Die Young e tantas outras composições importantes para a história da música pesada.

Sobre Peter Steele, aí é uma questão de gosto pessoal meu porque sei que o cara não era unanimidade no meio, mas para mim, o Type O Negative foi, sim, uma das bandas mais importantes do Heavy Metal. Não apenas porque bebeu diretamente da fonte (a influência do Black Sabbath era óbvia), mas porque Peter tinha uma voz única e absolutamente marcante, sem copiar o estilo de ninguém.

Sobre Ronnie, posso dizer com felicidade que pude presenciar bons shows, tanto em sua carreira com o Dio quanto a histórica apresentação do Heaven And Hell em 2009, onde realizei outro sonho de adolescência e consegui uma palheta de Geezer Butler. Mas para Peter e seu maravilhoso Type O Negative, o gosto é bastante amargo, porque ouço os caras há 16 anos (é, meu, já estou com 30) e nunca tive a oportunidade de assisti-los.

Com o anúncio da aposentadoria (ou não) do Judas Priest, a perda de Ronnie e do Type O Negative, realmente temo pelo futuro do estilo musical que mais gosto e me identifico. Que os ventos nórdicos de Odin possam nos abençoar com novas bandas talentosas para o futuro.

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