PRELUDE TO OBLIVION
Tem dia que tudo dá errado. A cabine de Oblivion foi marcada para acontecer no shopping mais inacessível da cidade, meu bilhete único estava sem créditos e eu não tinha dinheiro em cash. Depois de 20 minutos na fila da lotérica, chega a minha vez e a M.U.L.A. me diz que estão sem sistema. Sério? Custava colocar uma plaquinha ou algo do tipo para que pobres coitados como eu não joguem 20 minutos de suas vidas fora na fila?
E logo hoje. Como o shopping fica praticamente fora de São Paulo, era necessário pegar ônibus e trem. Sem bilhete único, perdi a integração e tive que pagar duas passagens integrais. FML!
Pelo menos ao chegar no shopping as coisas melhorariam, né? Afinal, o filme parece ser legal. Só que a sessão atrasou mais de uma hora, e ninguém da Universal apareceu para dar satisfação aos jornalistas presentes. E daí o filme começou, já próximo à hora do almoço, e na primeira vez que o Tom Cruise abre a boca, percebe-se que o som estava fora de sincronia. E assim ficou até o fim.
Você já assistiu a algo sem sincronia, amigo delfonauta? Prejudica bastante o aproveitamento. Por exemplo, logo no início, o senhor Katie Holmes dá um tiro para cima para assustar um cachorro. O problema é que o que meus colegas e eu vimos foi ele levantando a arma, o dogão correndo, e só uns dois segundos depois veio o bang, quando o perro nem estava mais na tela. Assim não dá, né?
INTO THE OBLIVION
Mas vamos ao que interessa. Oblivion se passa em um futuro distante, após uma guerra que acabou com o planeta Terra. A humanidade agora mora em Titã, um satélite de Saturno. O senhor Nicole Kidman e a bonitosa Andrea Riseborough voltaram à Terra com a missão de fazer manutenção nas máquinas que extraem os recursos que sobraram para sustentar os homo sapiens sobreviventes.
Para cumprir sua missão, o senhor Penélope Cruz tem vários brinquedinhos legais. Porém, como praticamente todos nós, mesmo aqueles que têm brinquedos legais, ele sonha todas as noites com a Olga Kurylenko. E veja só, não é que num belo dia a teteia literalmente cai do céu? E enquanto o senhor Mimi Rogers está com a Olga e a Andrea, eu perco 20 minutos na fila de uma lotérica sem sistema. Por que para uns tanto e para outros tão pouco, em nome de L. Ron Hubbard?
O início é a melhor parte do filme, e é realmente muito bom, graças aos belíssimos cenários, que contrastam a Terra destruída com os brinquedinhos tecnológicos do senhor Rebecca De Mornay. O design de som também merece destaque, e diante de tamanho apelo audiovisual, sugiro que você assista a Oblivion em uma boa sala de cinema, de preferência que tenha um som bem potente, daqueles que você sente a poltrona vibrar.
A direção também é excelente. Oblivion é baseado em um gibi e tem vários planos que foram claramente tirados de sua fonte. Não chega a ser um gibi filmado, como Sin City, mas se você é um fã da nona arte, mesmo que não tenha lido o gibi que deu origem ao filme, há de reconhecer a linguagem quadrinhística em várias cenas.
Infelizmente, o pique não é mantido durante toda sua duração. Para falar a verdade, o longa se perde feio em sua segunda metade, introduzindo temas, personagens e assuntos quando já era tarde demais para eles serem abordados da forma correta. E isso incomoda bastante.
Neste ponto, Oblivion lembra bastante um gibi filmado. Mas é um gibi tipo aqueles da Image dos anos 90, com muito visual para pouca história. E é uma pena, pois ele tinha potencial para ser mais do que isso.
Desta forma, Oblivion é um filme recomendado apenas para fãs hardcore de quadrinhos e de ficção científica. Como estamos no DELFOS, eu diria que há uma grande probabilidade de você fazer parte deste grupo e pretende assisti-lo de qualquer jeito. Então diminua suas expectativas, curta o visual e o som, e provavelmente vai se divertir o suficiente. Só não espere que a sua namorada aproveite o filme tanto quanto você. E não se surpreenda caso ela durma no meio.
GAMES PEOPLE PLAY:
– Cada um dos intertítulos desta matéria é o nome de uma música, em ordem crescente de dificuldade. A primeira pessoa a listar as bandas corretamente nos comentários vai levar de forma totalmente grátis um high five telepático do membro da equipe de sua preferência (não se esqueça de dizer no comentário de quem você quer receber o prêmio!).
– L. Ron Hubbard é o autor de ficção científica que inventou a cientologia, religião do Tom Cruise e de praticamente todo mundo de Hollywood que não é judeu.
– 25% do tempo de criação desta resenha foi investido em descobrir o nome das ex-mulheres do Tom Cruise, e eu consegui colocar todas as que descobri no texto. Ficou faltando alguma? Grite o nome dela nos comentários, delfonauta fã de Caras!
– Ao ver a lista das ex-mulheres de Tom Cruise, eu considerei me converter à cientologia.