Particularmente, eu não vejo muita graça em filmes que tratam de sobreviventes de tragédias e suas lutas para retomarem uma vida normal. Mas dado o grande número de películas existentes com esta temática, aparentemente há muita gente que gosta.
Se você faz parte dessa categoria, anime-se, pois estreia esta semana em nossos cinemas O Que Te Faz Mais Forte. Caramba, até o título é enaltecedor! Enfim, ele conta a história de Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal), que foi ver sua namorada Erin (Tatiana Maslany) correr na Maratona de Boston e perdeu as duas pernas numa das explosões terroristas que aconteceram no evento.
Daí, o longa conta seu longo processo de recuperação, física e emocional, o apoio dado por sua barulhenta e cachaceira família, e sobretudo o estreitamento de sua relação com Erin, e os altos e baixos de seu relacionamento.
Não são situações exatamente muito chamativas, mas aliado ao aspecto enaltecedor da coisa, algo que sempre atrai público, já dá um caldo. Claro, também há aquele típico lado patriota desse tipo de produção. Em determinado momento o próprio protagonista questiona ser tratado como herói apenas por estar parado num lugar e ter suas pernas explodidas.
Se esse típico lado “God bless America”, como o Corrales costuma se referir, é pouco simpático a quem não nasceu na terra do Tio Sam, o viés de superação pessoal já é um tema mais universal que ajuda a contrabalançar a história e torná-la mais atraente para quem não vem dos USA.
O que mais me chamou a atenção neste filme, contudo, é o Jake Gyllenhaal, e não necessariamente como um ponto positivo. Eu me lembro dele pela última vez daquele filme onde ele faz um boxeador e está enorme de musculoso. Aqui, mais uma vez ele passa por uma mudança física e está bem magro. Fora sua interpretação, cheia daqueles momentos dramáticos perfeitos para os chamados “clipes do Oscar”.
Isso me fez pensar que já não é de hoje que ele parece ter entrado no “modo Leonardo DiCaprio de querer um careca dourado a todo custo”. Ele vai, muda o físico, faz aquela interpretação cheia de sentimento, de entrega, beira o histrionismo. Mas até agora nada. Sua única indicação foi como ator coadjuvante em 2006 por O Segredo de Brokeback Mountain.
Em suma, muitas vezes ele parece escolher o papel pelo que pode trazer a ele individualmente e não pela qualidade geral da produção como um todo. Bom, o DiCaprio demorou até conseguir seu objetivo (e depois sumiu como se sua missão estivesse cumprida). Se o Jake Gyllenhaal seguir por esse caminho, prepara-se para vê-lo num monte desses filminhos de qualidade duvidosa, mas com apelo para os votantes da Academia, nos próximos anos.
Teorias sobre o que motiva seu ator principal à parte, O Que Te Faz Mais Forte é apenas mais um do gênero de historinhas edificantes sobre gente que sobreviveu a desgraças. Para mim, no máximo um filme nada e olha lá. Mas se você gosta desse tema, pode ser que ele vire um programa melhor.