Em 1986, o pai Jack (Daniel Day-Lewis) e a filha Rose (Camilla Belle), vivem isolados numa ilha nos EUA. O local, uma antiga comuna hippie, agora precisa dividir espaço com a construção de um conjunto habitacional.
Mas essa não é a única mudança (dividir a ilha com mais gente) que eles terão de enfrentar. Jack está com os dias contados devido a um problema no coração. Rose sabe disso e, não bastasse seu sofrimento, ela está passando pelas mudanças da adolescência. A situação da garota piora quando Jack decide trazer sua namorada (Catherine Keener, de O Virgem de 40 Anos) e os filhos dela para morarem com eles. Rose, desacostumada com o convívio social, não fica feliz de ter que dividir seu amado pai.
Essa é a linha básica do roteiro de O Mundo de Jack & Rose, um filme que trata da inevitabilidade de certos fatos, e como nem sempre os nossos ideais combinam com os dos outros. É também uma espécie de história de amor torta, beirando o incestuoso, entre pai e filha acostumados ao isolamento e como corpos estranhos interferem nessa harmonia.
A obra em si é bem morna e, em certos momentos, até irritante, dada algumas atitudes dos personagens que me parecem totalmente irreais. A direção também peca um pouco ao, às vezes, priorizar a câmera na mão ao invés de mantê-la fixa.
Os atrativos do filme são a presença de Daniel Day-Lewis, que costuma ficar longos períodos longe das telas, escolhendo seus papéis a dedo. Então, quando ele volta a atuar no cinema, a obra em questão geralmente ganha bastante atenção e seu trabalho é sempre bem elogiado. Este caso é um pouco diferente. Rebecca Miller (por sinal, filha do dramaturgo Arthur Miller), a roteirista e diretora, é sua esposa, então se pode dizer que ele meio que não poderia recusar o papel, ou a coisa poderia ficar feia em casa. Seu papel é bom e sua atuação é competente, mas nada mais. Apenas isso é pouco para levar gente ao cinema.
Para o público nerd, vale mencionar a presença de Jason Lee, um dos atores favoritos de Kevin Smith e um dos ídolos pessoais deste que digita essas malfadadas linhas. Pena que seu papel é muito pequeno…
O Mundo de Jack & Rose seria mais um caso de “filme nada” (você já sabe do que estou falando, não é? Se não sabe, leia a resenha de Aprendendo a Mentir e fique inteirado com o termo), não fosse por um agravante, apesar de totalmente descartável e facilmente esquecível, ele não entretém. Sua temática não permite e tampouco aprofunda ou mesmo gera interesse nas questões apresentadas para torná-lo um filme para se refletir. Consegue ser apenas muito enfadonho. E, com isso, dispensável.