Eu não sei jogar xadrez. Quando era criança, tentei aprender lendo um livro, mas as regras eram tão maçantes que acabei perdendo o interesse e nunca mais tentei. Troquei o tabuleiro pelo Super Nintendo e não voltei mais atrás. Seja como for, o xadrez é justamente o tema de O Dono do Jogo.
O que temos aqui é a cinebiografia de Bobby Fischer (Tobey Maguire), jovem prodígio do esporte, e sua ascensão nos campeonatos mundiais, até o confronto contra o russo Boris Spassky (Liev Schreiber), considerado o maior do mundo na categoria. Ah, sim, isso aconteceu durante a Guerra Fria, então a disputa entre os dois ganhou contornos muito além da mera competição esportiva.
Trata-se de uma cinebiografia bem quadrada e sem graça, seguindo todos os clichês do gênero à risca, mostrando a infância problemática do protagonista, sua ascensão no xadrez, seus problemas psicológicos que vão minando lentamente sua sanidade e respondendo pela obrigatória parte triste da película e culminando na grande disputa pelo título, ou o momento enaltecedor, se preferir. Tudo muito burocrático, bem formulaico. Bem nhé.
É um filme com cara e condução de Oscarizável, seguindo suas principais fórmulas, e resultando em algo frio, sem alma, sem punch. Também não ajuda o fato do biografado, mesmo com seus problemas mentais, ser extremamente antipático, portando-se como uma prima donna, um moleque mimado e chiliquento. Acaba ficando impossível simpatizar com ele, e sem o protagonista ao lado do espectador, a narrativa sem sal e sem pegada se torna ainda menos atraente.
Claro, tecnicamente a coisa é impecável. Cenários, fotografia, figurinos, atuações, tudo muito bem feito. Contudo, seu andamento é um tanto lento demais para o meu gosto. Isso, aliado ao fato de que a narrativa é completamente previsível e nada surpreendente, com um protagonista de personalidade difícil de angariar simpatia, arrasta o filme para um patamar abaixo de um filme nada.
Pode ser que iniciados e apreciadores do xadrez e de sua história achem qualidades em O Dono do Jogo que o elevem a um patamar superior e, portanto, digno de uma assistida. No entanto, para mim, cujo único xadrez que eu jogava era o chinês, posso dizer que essa obra não funcionou. E se você não curte o clássico jogo de tabuleiro, creio que também não vai agradá-lo. Nesse caso, melhor procurar outra coisa em cartaz.
