O Amor Não Tira Férias

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O delfonauta dedicado sem dúvida sabe que eu odeio comédias românticas. O delfonauta ainda mais dedicado, sem dúvida sabe que sou um cara romântico, ou seja, eu não odeio filmes românticos, mas o subgênero comédia romântica. Aliás, tanto eu não odeio longas que tratam de amor que gosto muito de alguns, como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança, Antes do Pôr-do-Sol e Procura-se Amy mas, como você pode ver, são pouquíssimos os escolhidos, pois para se falar de amor, é preciso de algo especial, não basta ser apenas uma historinha comercial água com açúcar, é preciso um sentimento real, por mais que isso seja redundante.

Dadas essas minhas opiniões sobre o tema, esperava que esta fosse uma daquelas cabines do tipo “o que diabos eu vim fazer aqui?”, o que ficou ainda pior quando a guria da UIP falou que o filme tinha 136 minutos. “Como assim? Uma comédia romântica com mais de duas horas? Oh, dia, oh, vida, oh, azar!”. E, cara, o bagulho começou mal. Os primeiros minutos são deveras chatos e não apresentam nenhum sinal de melhora. Mas melhora. E quando melhora, melhora muito e se torna um filme quase tão bom quanto os citados no parágrafo anterior. E eu desafio você a usar tantas vezes a palavra “melhora” em tão poucas linhas como fiz aqui!

A história é a seguinte: Amanda (Cameron Diaz) é uma estadunidense que faz trailers de cinema e acaba de sair de um relacionamento. Íris (Kate Winslet) é uma inglesa que é apaixonada por um cara que vai casar. Ambas decidem se afastar da sua rotina e acabam trocando de casas, mesmo sem se conhecerem (aparentemente isso é uma coisa normal nos países ricos). E as duas acabam encontrando o amor aonde menos esperavam: em Jude Law e em Jack Black, respectivamente.

Aliás, palmas para o gênio que decidiu colocar Jack Black como um dos protagonistas de uma comédia romântica. O cara está divertido como sempre, mas o melhor de tudo é que, por não ter nada a ver com os galãs que normalmente infestam esse tipo de filme (como o Jude Law, por exemplo), seu personagem se torna automaticamente muito mais carismático e mais real, o que permite uma maior identificação com ele e faz com que torçamos para que tenha um final feliz. Kate Winslet também manda bem, pois também não tem aquela aparência Hollywoodiana loira e magrela (tipo a Cameron Diaz) e deixa seu personagem muito mais próximo da realidade do espectador. Logo, os dois juntos dão um casal crível e simpático. Você simplesmente quer que eles fiquem juntos. E as conversas lotadas de referências a clássicos do cinema (bem à Kevin Smith, manja?) também ajudam muito nessa identificação. Pelo menos para mim. A outra história, de Cameron Diaz e Jude Law, é bem inferior, mas também é bonitinha e muito melhor do que o que costumamos ver nas comédias românticas.

Além do sentimento, a única coisa que os filmes citados no primeiro parágrafo têm em comum é que são todos dramas românticos. O Amor Não Tira Férias é, na minha opinião, a primeira comédia romântica legal que eu assisto. Aliás, é tão legal que eu tenho as minhas dúvidas se realmente é um representante desse gênero tão terrível mas, considerando que sem dúvida é uma comédia (acredite, você até vai rir bastante) e também uma história de amor, não consigo classificá-lo de outra forma. Talvez seja uma comédia romântica para pessoas que não gostam do gênero. Ou então um bom filme APESAR DE ser uma comédia romântica. Você decide.

Acredito que não é novidade para ninguém que comédia romântica é um gênero com um público predominantemente feminino, onde o homem acaba indo para acompanhar a namorada, mas fica o tempo todo pensando em como a patroa reclama quando ele quer assistir a um Testosterona Total. Pois este é um filme que eu realmente recomendo que você vá assistir com a namorada. O filme é super fofo e as garotas vão adorar. Já os caras também vão adorar, pois, apesar de fofo, não é uma historinha água com açúcar. É aquele filme para você assistir abraçadinho com aquela pessoa que você ama. É o longa ideal para você mostrar para ela seu lado sensível, meu camarada. Aproveite, pois vai saber quando vai aparecer outra boa comédia romântica por aí!

PS: O pôster aí do lado está amassado porque eu não consegui encontrar uma versão digital dele a tempo para o fechamento do texto e tive que escaneá-lo. Bem que a UIP podia deixar de ser mão de vaca e começar a dar CDs com imagens, como todas as outras distribuidoras fazem.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
o-amor-nao-tira-feriasPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Comédia Romântica<br> Duração: 136 minutos<br> Roteiro: Nancy Meyers<br> Diretor: Nancy Meyers<br> Distribuidor: UIP<br>