Com a ridícula decisão da Columbia de não lançar mais O Albergue Parte II em nossos cinemas (aparentemente nem em DVD), tivemos que arranjar formas alternativas para apresentar uma resenha para os delfonautas. No caso, o Corrales me mandou até a Argentina para assistir ao filme com os hermanos e apresentar aqui, em primeira mão, minha opinião sobre a continuação de um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos.
E vou dizer, a primeira impressão definitivamente não foi muito boa, pois o diretor e roteirista Eli Roth se apropriou daquele clichê dos filmes antigos de matar o único sobrevivente do anterior logo na primeira cena (Sexta-feira 13 costumava fazer isso). Na verdade, a cena em questão serve basicamente como uma recapitulação do filme anterior, lembrando do que a história se trata.
Se você não sabe, pode clicar aqui para ler a resenha do Cyrino, mas como eu sou bonzinho, vou apresentar o básico: existe um lugar na Eslováquia onde você pode pagar para torturar e matar pessoas. E é isso.
Ao contrário do primeiro, que é completamente focado nas vítimas, esse é mais variado. Sim, as protagonistas (desta vez são mulheres e uma delas é ridiculamente linda – a Lauren German) ainda são as vítimas, mas os futuros assassinos recebem algum desenvolvimento, o que é legal. Também começamos a entender melhor como a “empresa” funciona. Mesmo assim, a sensação de remake é forte durante toda a projeção e, convenhamos, não tinha como ser muito diferente. Afinal, não tem como sair daquilo de “pessoas inocentes sendo aprisionadas e posteriormente torturadas e mortas”.
Talvez uma boa saída fosse ter a história completamente focada nos ricaços sádicos, explicando as razões para agirem assim ou mesmo possíveis conflitos ideológicos; e no lado “empresarial”, talvez até mesmo mostrando o negócio como sendo algo multinacional e deixando claro como as pessoas ficam sabendo da sua existência. Isso ajudaria a diferenciar esta segunda parte do anterior.
Um dos grandes atrativos da série são suas cenas gore e, nesse ponto, este dá até uma turbinada. É, amiguinho, se você achava que não podia ficar pior do que um olho queimado, é bom respirar fundo quando a projeção se aproximar do clímax. Principalmente se você for homem. Em outra cena, temos uma bisonha referência à Elizabeth Bathory, aquela condessa que se banhava no sangue de jovens por acreditar que isso evitaria seu envelhecimento. Embora isso se encaixe na temática do Cradle of Filth, parece estar um pouco fora do lugar aqui. Afinal, O Albergue trata da maldade inerente à raça humana, não a rituais satânicos ou coisas mágicas. Ah, sim, não poderia deixar de elogiar Roth por ter tido coragem de matar uma criança. Tudo bem, isso acontece fora da tela, mas vale pela coragem. Mais filmes deveriam matar crianças. 😉
Além disso, bem no finalzinho, mais especificamente a última cena, acontece algo um tanto de mau gosto. Tudo bem que falar isso de um filme que mostra pessoas pagando para matar outras e logo depois de tê-lo elogiado por ter matado uma criança pode parecer um tanto hipócrita, mas o que eu posso fazer? Matar um infante é uma ousadia bem vinda ao cinema de terror estadunidense, mas esse final não é.
No geral, O Albergue Parte II é um bom filme, mas inferior ao seu antecessor. Para começar, não é suficientemente diferente dele, mas também peca por perder o fator surpresa. Afinal, o que tornava o primeiro tão especial era justamente sua proposta assustadora. Uma vez acostumado com ela, resta apenas o gore e, se é isso que você procura, sem dúvida este longa o agradará bastante.