Nightwish – Endless Forms Most Beautiful

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Endless Forms Most Beautiful é o novo álbum do Nightwish e primeiro registro de estúdio da fase “pós-Anette Olzon”. A nova formação da banda conta com o multi-instrumentista Troy Donockley, a vocalista Floor Jansen e o baterista Kai Hahto (substituindo Jukka Nevalainen, afastado por problemas de saúde) além dos já conhecidos Emppu, Marco e Tuomas.

Com o título retirado de A Origem das Espécies de Charles Darwin, o álbum aborda temas como a evolução e a ciência em oposição ao antecessor Imaginaerum de 2011. A temática foi coroada com a participação de Richard Dawkins na narração das faixas Shudder Before the Beautiful e The Greatest Show on Earth.

Em geral, Endless Forms Most Beautiful é um bom álbum, principalmente quando comparado aos dois que o antecederam, mas possui dois problemas gritantes.

Em primeiro lugar, o abuso do autoplágio é nítido. A banda se esforça na busca por uma nova Dark Chest of Wonders ou uma nova Nemo. O Once (2004) teve seus méritos, principalmente por dar visibilidade nível MTV ao Nightwish (na época em que isso significava alguma coisa), mas parece ter se tornado a única fórmula musical válida na cabeça do Tuomas: Shudder Before The Beautiful, Élan, Yours Is an Empty Hope, Edema Ruh e Alpenglow sofrem deste mal.

O segundo problema do álbum é Floor Jansen. A sua participação é extremamente contida e muito abaixo do esperado pelos fãs da flying dutchwoman. Imagine: um time de futebol contrata o Messi (ou o Cristiano Ronaldo) e o treinador o escala fora de sua posição ideal. A situação da Floor é esta e um pouco difícil de compreender. Talvez o estigma das demissões conturbadas das vocalistas anteriores tenha contribuído e resultado em uma tímida e facilmente substituível Floor.

Fica a recomendação de Misery’s No Crime do Revamp: onde o céu é o limite para Floor Jansen.

Apesar dos problemas, a faixa título, Our Decades in the Sun e o interlúdio The Eyes of Sharbat Gula são pontos fortes do álbum e a longa The Greatest Show on Earth definitivamente vale os 24 minutos de audição. Shudder Before the Beautiful e Edema Ruh empolgam dentro do bloco “mais do mesmo”. Aliás, Edema Ruh é uma bela referência ao livro O Nome do Vento de Patrick Rothfuss.

Outro destaque positivo fica a cargo de My Walden. A canção obedece à nova cota de “influência celta” também presente nos discos da fase Anette e é o melhor momento de Troy Donockley. Segundo Tuomas, trata-se de uma continuação de I Want My Tears Back.

Endless Forms Most Beautiful marca o começo tímido da fase três do Nightwish mas é uma boa vitrine para conquistar novos fãs e um balde de água fria nos eufóricos com a entrada de Floor Jansen. Um bom álbum, porém longe dos excelentes Oceanborn (1998), Wishmaster (2000) e Century Child (2002) quando a banda estava no auge da criatividade e tinha Tarja Turunen como sua voz.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
nightwish-endless-forms-most-beautifulAno: 2015<br> Gênero: Power Metal<br> Duração: 78:36<br> Número de Faixas: 11<br> Produtor: Tuomas Holopainen<br> Gravadora: Nuclear Blast / Roadrunner<br>