A franquia Homens de Preto tem potencial para ser uma daquelas séries eternas, tipo James Bond. Assim, é difícil acreditar que demoraram 10 anos para lançar uma terceira parte.
O longa começa com o vilão Boris sendo libertado de sua prisão na Lua. Ele imediatamente promete vingança contra o agente K (Tommy Lee Jones), que o colocou lá e arrancou seu braço. Só que ele não acredita que vingança é um prato que se come frio, então resolve voltar no tempo e matar o herói antes que ele prendesse sua versão mais jovem. Logo, o K simplesmente some da face da Terra, e ninguém se lembra dele, a não ser o agente J (Will Smith). Agora cabe ao Maluco do Pedaço voltar no tempo, se juntar ao K jovem (Josh Brolin) e evitar o desastre.
Apesar de uma década ter passado desde o último filme, logo na primeira cena vemos que o universo continua o mesmo, e isso é ótimo. A trilha sonora de Danny Elfman continua marcante e reminiscente da época em que ficção científica era um gênero restrito ao cinema B. A fotografia tem cores vivas e o humor está presente o tempo todo. Em uma época em que até super-heróis são sombrios, é simplesmente refrescante assistir a um filme assim, cujo foco seja apenas na diversão descompromissada.
E não se engane, o foco é bem mais no humor do que na ação, exatamente como nos anteriores. Isso não significa que não exista ação aqui, pois existe e é muito boa. Só não é onipresente.
A atuação é um dos destaques. Will Smith está simpático e carismático como sempre, e seu personagem continua levando o filme nas costas, mesmo com um novo parceiro.
Josh Brolin faz um excelente trabalho imitando Tommy Lee Jones, e eu gostei especialmente de ele continuar sério e sisudo. Seria simplesmente muito fácil tentar fazer humor com o contraste caso colocassem sua versão jovem como festeira e fanfarrona. E você sabe, é raríssimo um blockbuster não escolher o caminho mais fácil. Tommy Lee Jones também está bem, é uma pena que sua participação seja pouco mais do que uma ponta.
O UNIVERSO DO FILME
Mas o mais interessante de Homens de Preto é mesmo o seu universo. Essa ideia de que tem alienígenas que vivem com a gente aqui na Terra, e em sua maioria são pessoas decentes, nossos amigos e colegas de trabalho, é simplesmente legal demais e abre possibilidades infinitas.
Também gosto muito da forma como eles se apropriam de coisas ridículas do nosso mundo e que fazem todo o sentido aqui. No primeiro, por exemplo, eles falam como aquelas notícias de tablóide (tipo “meu marido foi comido por um ET”) são a melhor forma de saber o que está realmente acontecendo. Aqui, eles dão a entender que os alienígenas em 1969 realmente tinham a cara que o cinema da época dava para eles, e achei isso genial.
O ponto fraco do filme é justamente que ele não aproveita tanto este universo quanto os anteriores. Tem um pouquinho no começo, mas depois que o J volta no tempo, não tem mais nada. Nesse ponto, me lembrou a série Harry Potter, e a opção por esse caminho faz sentido. Uma vez que você estabelece como funciona o seu mundo, não precisa ficar mostrando tantos detalhes dele. Mas assim como aconteceu na série Harry Potter, é uma pena, especialmente quando o mundo é tão legal.
BACK IN TIME
Viagem no tempo é sempre algo complicadíssimo para se roteirizar. Assim, outro ponto que me obrigou a diminuir a nota é que o mundo não respeita suas próprias regras quanto a viajar no tempo.
Uma vez que o vilão da época atual conversa com seu “eu” do passado, é óbvio que, ao viajar, você não aparece no lugar e no corpo de quem era naquela época. E até aí tudo bem. É a ideia tradicional de viagem no tempo, afinal de contas. Mas em determinado momento, o Will Smith resolve voltar alguns minutos no tempo, levando o vilão consigo. E quando a viagem termina, eles estão repetindo uma cena que vimos há pouco. Isso já seria ruim, mas ainda acontece de o Will lembrar o que aconteceu, e o vilão não, mesmo ambos tendo viajados juntos, do mesmo ponto para o mesmo ponto. Ora, quem o agente J acha que é? O Prince of Persia?
São dois furos inexplicáveis que acontecem ao mesmo tempo, apenas para criar uma cena de ação legal, e isso não se faz, especialmente se o filme não precisa disso, pois a ação já estava bem legal e estilosa. Vale destacar também a forma com que realizaram o efeito da viagem no tempo que, além de ser visualmente interessante, é deveras engraçado.
E é isso. Homens de Preto 3 é um filme pra lá de divertido, que cumpre o que promete e que continua a franquia com qualidade. Não diria que é melhor do que os anteriores, mas é bom o suficiente para merecer o nome que tem. E espero que não demore mais 10 anos para um novo filme.
CURIOSIDADES:
– O Pug falante não aparece em nenhum momento, embora referências a ele sejam feitas no cenário, em segundo plano. Considero um sacrilégio ele não aparecer. Era um dos personagens mais divertidos, pô!