Já disse antes e vou repetir. Se o ano passado levou nerds cinéfilos do mundo todo ao delírio, este sem dúvida ficará marcado como o ano do terror. E digo mais, a julgar pelos filmes que penso hoje, é bem possível que quatro dos presentes no meu Top 5: Filmes de 2006 sejam desse gênero. Claro que ainda faltam alguns meses e tudo pode mudar até lá, então fique ligado.
Quando recebi o convite da sessão de imprensa deste filme, achei o nome interessante e a sinopse idem, embora ela revele muito pouca coisa e não deixe nem claro que se trata de um filme de terror. Porém, assim que o horror começou, não parou mais e algumas cenas me deixaram tão ou mais angustiado do que quando assisti a essa porcaria. Mas estou me adiantando, afinal, não vale a pena comentar o filme se o amigo delfonauta não faz idéia do que ele trata certo?
O filme começa com a imagem de um monitor e um chat de duas pessoas que se conheceram online marcando um encontro pessoalmente. Pula para a cena em que eles se encontram e começam a flertar. Só que Jeff (Patrick Wilson) tem 30 e poucos anos e Hayley (Ellen Page, que você vai reconhecer como a Kitty Pryde), a guria, tem só 14. Logo, eles já estão na casa dele e aí o filme dá uma virada. Aquela que todo mundo pensava ser a presa era, na verdade, a caçadora. E uma caçadora bem sádica.
Desse ponto em diante (que acontece logo no início do filme), Jeff passa quase o tempo todo amarrado e indefeso, sem saber das verdadeiras intenções de Hayley. O mesmo vale para o espectador, que vai sofrer junto com o cara (principalmente se for homem), mas que vai ficar se perguntando durante toda a projeção quem é o verdadeiro vilão da fita. E pode esquecer, já que essa resposta não é fornecida em nenhum momento e tudo que podemos fazer é especular.
O terror varia entre o verbal (sabe o que vou fazer com você?) e o real (olha o que estou fazendo com você!), indo das básicas ameaças de morte até a cena de mutilação mais terrível que já vi em um filme ficcional. O mais bizarro é que nenhuma violência é realmente mostrada (bons cineastas sabem que muitas vezes o não mostrado é bem mais forte), mas a simples sugestão dela faz com que você vire o rosto e torça para algumas cenas acabarem logo. Em especial a segunda metade, quando a guria põe a mão na massa (literalmente), é terrível e vai habitar meus pesadelos durante anos a fio.
A condução do medo lembra bastante outro dos meus filmes do gênero preferidos, O Albergue, onde as vítimas também passam boa parte do filme amarrados sem saber o que os espera. Mas se a idéia deste não é tão assustadora e a realização não é tão explicitamente violenta, a sugestão do que Hayley está fazendo com Jeff se mostra muito mais poderosa do qualquer olho queimado. E, conseqüentemente, muito mais assustadora.
Se o objetivo do cinema é causar sensações e, do cinema de terror, causar… bem… terror, então Menina Má.com é, sem medo de errar, um dos melhores representantes do gênero dos últimos tempos. Se você curte, faça um favor para si mesmo e não perca este filme de jeito maneira. Ele é, literalmente, aterrorizante. E, de hoje em diante, vou começar a atravessar a rua sempre que vir uma garota de 14 anos se aproximando.