Vendo meu sucesso com o sexo oposto, muita gente costuma chegar para mim e dizer “Corrales, você se dá tão bem com a mulherada. Por que você não escreve um livro para ajudar os menos afortunados?”. Normalmente eu respondo: “Ora, meu amigo imaginário, eu deixo a tarefa de escrever livros para o Cyrino. Além disso, chegar em uma garota na balada e contar para ela o papel do produtor-executivo é fácil. Não teria como enrolar isso até virar um livro. Talvez um texto”. Bom, você está lendo esse texto, escrito altruisticamente para ajudar pessoas que não se dão tão bem quanto eu.
Sim, eu sei, o DELFOS é um site lido majoritariamente por nerds e, como tal, dificilmente alguém que está aqui terá dificuldade em falar com mulheres. Prova disso é o McLovin’, que ilustra essa edição da coluna. Ainda assim, na possibilidade quase impossível de um de meus fiéis leitores não ser um macho alfa que faz a rapa nas baladas, cá está este pequeno e humilde guia que promete mudar sua vida.
Pois aqui está o segredo, meu amigo: mulheres não são como homens. Para elas, um cara ser bonito é mais ou menos como, para nós, quando a mulher é inteligente. Ou seja, é uma qualidade desejável, mas acaba dando mais trabalho do que benefícios. Assim, mesmo sendo feio como você, se tiver um bom papo e confiança pode chegar longe com o sexo oposto.
CHEGANDO NA MULHERADA
Essa é a parte mais difícil. Tem um monte de frases feitas como “vem sempre aqui?”, “não te conheço de algum lugar?” ou “a cachorrinha tem telefone?”. Esse último, especialmente, não costuma dar certo, pois existe uma hora e um lugar para chamar a mulher de cachorra, e essa hora é depois que você já está conversando com ela há alguns minutos ou depois que ela te deu um fora.
Meu método é dividido em cinco pilares, cada um representando uma das cinco características que as mulheres procuram em um homem: honestidade, sutileza, sensualidade, inteligência e status. Mas antes de você mostrar para ela todas essas características da sua personalidade, precisa quebrar o gelo. E aqui é que a maior parte dos caras se estrepa.
A meu ver, para chegar em mulher tem que ser rápido e indolor, como para tirar um band-aid. Olhe para ela, dê um sorrisão charmoso (não faça isso caso seja banguela), se aproxime e diga “oi”. Nunca falha, a mulher, por menos interessada que esteja, sempre responde. Aí temos duas opções. Ou ela abre um sorrisão e fala “oi” de volta, o que significa que você se deu bem, ou então ela fala um “oi” meio agressiva, agarra o sujeito mais próximo que não seja você e dá uns amassos nele. Isso significa que você furou a fila, então seja civilizado e entre no fim dela. Logo chega a sua vez de ganhar seu amasso.
HONESTIDADE
Caso ela sorria de volta, provavelmente ela vai esperar que você diga algo, e esse é mais um ponto em que homens e mulheres se diferenciam. Afinal, se uma garota chega em nós, ela sequer precisa saber falar. Pode até miar que a gente aceita. Aliás, se ela miar é que a gente vai aceitar MESMO.
Já mulheres gostam não apenas de um bom papo, mas também de honestidade. “Meu nome é doutor Carlos Eduardo Corrales e o seu?”, é o que eu costumo dizer. Aí também temos duas opções: ou ela é uma delfonauta, reconhece meu nome e fala “ei, você não é jornalista?”, ou então ela não reconhece e fala “ah, você é médico?”. A resposta é a mesma para qualquer um dos casos: diga em tom de ironia “não, doutor é meu primeiro nome”. Isso fará ela se sentir insegura, como se tivesse feito uma pergunta boba. Consequentemente, ela passará o resto da noite buscando a sua aprovação.
Pronto, você já sabe o nome dela (para este texto, vamos combinar que ela se chama “Medeia”, sem acento por causa da reforma ortográfica) e o gelo já está quebrado. Ela quer sua aprovação, ela reconheceu seu nome, e ela acha que você é médico. O cenário é propício e a noite promete. Agora só falta chutar para o gol.
SUTILEZA
Esse era o ponto em que eu costumava dizer “Mina, seu piercing reflete a luz do sol e isso, tipo, me pira o cabeção, mina”. Era tiro e queda. Eu falava isso e a moça me agarrava, mas daí uns amigos meus resolveram colocar essa frase em uma música, ela fez sucesso e me vi obrigado a inventar outra cantada.
Como o fã de sutilezas que sou, depois disso comecei a dar dicas do meu interesse na garota falando “sabe, eu gostaria de colocar minhas partes pudentas nas suas”. Dependendo da reação dela, você pode “acidentalmente” deixar cair uma camisinha GGG no chão e falar, meio sem graça, algo tipo “puxa, deixei cair a roupa da minha tromba”. Caso ela ainda não demonstre interesse, avise ela do apelido as garotas que passam uma noite com você costumam te dar: “Pintozila”.
SENSUALIDADE
Agora ela sabe das suas intenções e sabe que você quer desbravá-la com sua mamutiana tromba. Mais importante, sabe que você tem uma tromba mamutiana. Fontes seguras me informaram que isso é tudo que ela precisa saber de você. E essa fonte segura é um amigo gay que garante: tudo que ele procura em um amante casual é um membro avantajado. Como homens gays e mulheres heterossexuais gostam das mesmas coisas (homens), por propriedade transitiva deduzimos que procuram as mesmas coisas em seus parceiros.
O problema é que nem todas as mulheres entendem sutilezas e indiretas. Se os resultados desejados ainda não foram alcançados, é hora de usar as big guns. E, por big guns, quero dizer “coloque sua big gun para fora”. Sabe como é, na dúvida, fique pelado.
Caso você queira fazer mais o tipo meiguinho, chame sua big gun de love gun.
Aliás, qual é a dessas bandas de rock e suas músicas homenageando os próprios pintos? Eu, hein?
INTELIGÊNCIA
Se a honestidade, a sutileza e a sensualidade não funcionaram e ela ainda não está te dando uma lapdance, é hora de mostrar sua inteligência. Comece a conversar com ela em binário. Diga: “01000101 01110101 00100000 01010100 01100101 00100000 0100001 01101101 01101111 00100001”. Pronto. Se tem algo que a mulherada não consegue resistir é a homens que mexem com computadores. Você por acaso já viu um programador sem ele estar rodeado de garotas? Pois é!
Caso programação não seja sua praia, você pode demonstrar sua inteligência com outras línguas, como élfico ou klingon. Mas cuidado, você não quer parecer pedante, então nada de esperanto até o terceiro encontro.
STATUS
Mas algumas mulheres são realmente difíceis, e nem a inteligência consegue conquistá-las. Daí o jeito é apelar para a última coisa que as mulheres procuram em um homem: status. Particularmente, não gosto de chegar a esse ponto, e é por isso que deixei essa lição por último, mas qualquer coisa é melhor do que dormir sem ter nada para abraçar além do seu bonequinho do Superman.
Assim, a conversa logo chegará naquele assunto que todo mundo tanto adora: trabalho. É inevitável, ela logo vai te perguntar o que você faz, pois vai perceber que você não é médico, ou ela nunca mais vai encarar um profissional da saúde da mesma forma. E você pode culpá-la? Você acabou de ficar pelado na balada e logo em seguida começou a falar números aleatórios como se fosse uma bela poesia.
E essa é a hora do fatality! É aí que eu respondo que sou o criador e editor-chefe do maior site de cultura pop do Brasil. Nunca falha. Os olhos dela brilham. Seus lábios vermelhos são sensualmente umedecidos para se preparar para a sessão de beijos molhados que se aproxima. Ela só precisa estar certa de que você é realmente quem diz ser, e daí ela pergunta, esperançosa: “Você criou o Omelete?”.
Diga que sim, e leve-a para a sua casa, onde vocês vão usufruir de uma noite de amor gostoso ao lado da lareira.
As garotas delfonautas não me deixam mentir e estão aí para atestar a eficiência deste humilde método de sedução.