Eu sempre pensei que mulheres, de uma maneira geral, não estão muito interessadas em strippers. Não que os homens estejam, mas é bem claro que dos dois, o que normalmente vai atrás desse tipo de coisa para fazer sexo é o segundo. Já as mulheres parecem encarar isso mais como uma diversão, algo para rir com as amigas ou levar os amigos suspeitos de serem gays para conseguirem a prova final. E neste momento o delfonauta deve ter ficado com muitas dúvidas em sua cabeça. Passemos logo para a sinopse, então!
Em Magic Mike, Mike (Channing Tatum) é um pedreiro de dia e stripper à noite, quando conhece Adam (Alex Pettyfer), um cara de 19 anos que vai trabalhar com construção porque não tem nenhuma outra opção melhor. Mike percebe que o futuro de Adam não parece muito bom, então inicia o cara na arte de tirar a roupa. E sim, essa poderia ser a sinopse de um pornô gay.
Apesar das primeiras cenas serem mais picantes, logo fica claro que strippers masculinos são realmente como comediantes stand up para grupos de amigas. Os caras dançam vestidos com o figurino do Village People, fazendo um rebolado que mistura a sensualidade de um Mick Jagger com o filosofismo de É o Tchan, tudo isso combinado com movimentos pélvicos obscenos. Cerca de um terço do filme é formado por cenas dessas apresentações, então se você também é heterossexual, faça como eu e coma bacon com gordura e tudo após a sessão.
A principal surpresa é que Magic Mike não é uma comédia, mas sim um drama bem basicão sobre uma vida levada a sexo, drogas e rock ‘n’ roll homens chovendo do céu. Esse tipo de história já foi contada várias vezes e uma que me vem à cabeça agora é do mediano Rock Star, que tem os mesmos tipos de conflitos. Magic Mike, no entanto, tem muito mais problemas do que o longa com Mark Wahlberg e Jennifer Aniston.
Para começar, falta mais humor aqui, não apenas porque é importante para tornar os personagens mais simpáticos, mas também porque cairia muito bem ao filme. Há várias cenas que pedem um pouco mais de descontração e, sem isso, os momentos que deveriam ser mais dramáticos perdem força. Também há um excesso de apresentações dos strippers e não reclamo disso apenas porque não gosto de ver homens se besuntando em óleo, mas sim porque várias delas não acrescentam nada à história. O filme é bastante longo e ganharia muito se cortasse algumas dessas cenas.
ENTÃO, VOCÊ GANHA PARA FICAR PELADO E RECLAMA
Magic Mike também é bem previsível e dá para saber aonde está indo com pouco tempo de tela. Além disso, incomoda que algumas atitudes dos personagens não façam sentido. Mike, por exemplo, sonha em montar seu próprio negócio e trabalhar como marceneiro. O cara ganha uma baita grana de noite como stripper, mas trabalha como pedreiro de dia! WTF? Invista tempo e dinheiro na marcenaria até conseguir parar de tirar as calças, carambolas, porque senão as coisas não acontecem! É só fazer como nós do DELFOS, ué.
Esse negócio de trabalhar como pedreiro, aliás, é totalmente inútil para o longa e para o desenvolvimento do personagem. Até é mencionada uma crise no mercado de trabalho dos Estados Unidos, mas isso não é bem desenvolvido no filme. Também não dá para levar muito a sério o conflito principal de Mike, afinal, o cara ganha uma tonelada de dinheiro para divertir mulheres e isso não o obriga a ter relações com elas se ele não quiser (e ele não quer). O filme deixa a impressão de que, se ele quer ter uma namorada séria, ele pode fazer isso. Então, por que não faz? Há ainda vários outros erros que prejudicam muito o roteiro, mas já deu para entender, né?
Magic Mike é ruim, os personagens não cativam e a forma que o sexo é tratado nele é bem desinteressante. Aliás, desinteressante é a palavra-chave para mim neste filme: este tema simplesmente não me chama a atenção, e duvido muito que chame a sua.
CURIOSIDADES:
– O filme foi curiosamente exibido em um cinema da Rua Augusta, que possui fama por ter de tudo um pouco. Inclusive strippers.
– A curiosidade aí de cima nem é tão curiosa assim, mas eu precisava colocar alguma coisa em curiosidades.