A 2ª Guerra Mundial, você sabe, é uma das principais fontes temáticas para longas-metragens. O tema é muito explorado e até por conta disso há de se louvar quando surge um trabalho que joga uma ótica diferente a um tema tão utilizado pela sétima arte. É o caso deste Labirinto de Mentiras, que aporta em nossos cinemas.
Tudo começa em 1958. A Alemanha está florescendo com sua nova democracia e os tempos difíceis como o lado perdedor de um conflito estão ficando para trás. Até que se descobre que um professor que dá aula para crianças foi na verdade um dos oficiais da SS no campo de concentração de Auschwitz.
Um jovem promotor público assume a tarefa de levá-lo à justiça e logo as coisas aumentam de proporção, e ele passa a ir atrás de todos os oficiais envolvidos nos horrores cometidos no campo polonês, contando com a ajuda de seu chefe e também de um amigo jornalista para montar o processo.
Temos aqui uma produção alemã que trata de uma das maiores vergonhas do país e como uma guerra não termina após a rendição. As cicatrizes são muito mais profundas e perduram por décadas. Afinal, como diz um personagem em determinado momento, os nazistas não desapareceram com a morte de Hitler.
Ao invés disso, eles voltaram ao convívio com a sociedade, levando vidas normais. Essa temática de toda uma nação que mergulhou em insanidade coletiva e depois tenta varrer o ocorrido para debaixo do tapete para tentar sobreviver, soterrando-o debaixo de burocracia e do descaso e desinteresse dos órgãos públicos, é muito poderosa e torna o filme bastante interessante sob essa ótica de que a geração seguinte à guerra está desenterrando coisas que seus pais preferiam deixar ocultas.
Outros se defendem dizendo que estavam apenas seguindo ordens, a cadeia de comando. Seria essa obediência cega mera prática militar comum ou isso serviu apenas para expor os piores instintos humanos em um momento histórico propício para que eles aflorassem?
Todas essas discussões são bem bacanas e escoradas por excelentes diálogos, sem dúvida o ponto alto da película. No entanto, é uma pena que ela dê uma escorregada para o piegas no terceiro ato, quando o promotor, um sujeito de morais ao estilo “preto e branco”, finalmente entende que há muitas tonalidades de cinza no meio e entra em crise de consciência. Não chega a estragar o filme, mas ele sem dúvida estava caminhando bem demais até então e não precisava desse elemento dramático mais exagerado.
Mesmo assim, o saldo final é para lá de positivo e este é um dos melhores filmes sobre a Segunda Guerra, mais especificamente sobre seu legado, que vi em um bom tempo. Se você ainda não se cansou da temática e quer ver algo com uma abordagem diferente e muito bem desenvolvida, Labirinto de Mentiras vale o ingresso.