Kingsman: Serviço Secreto

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O diretor Matthew Vaughn parece estar competindo com Zack Snyder para ver quem dirige mais filmes baseados em quadrinhos. Da curta filmografia de apenas cinco longas-metragens de Vaughn, quatro são adaptações de HQs (contando Stardust que, tecnicamente, é mais um livro ilustrado do que uma graphic novel, mas que também pode se encaixar na categoria).

Kingsman: Serviço Secreto não só é mais uma adaptação de quadrinhos, como é seu segundo filme adaptado de uma obra escrita por Mark Millar. O primeiro, você se lembra, atende pelo nome de Kick-Ass. Não deixa de ser curioso, no entanto, que seu novo longa se pareça bastante com uma adaptação de Millar que ele não dirigiu. Kingsman lembra demais O Procurado e, se por um lado não é a coisa mais original do mundo por conta disso, por outro isso também não é necessariamente ruim.

O protagonista da vez, ao invés de ter o falecido pai pertencente a uma super seita de assassinos, agora o tem como agente de uma agência de espionagem supersecreta. Claro que ele vai ser procurado e recrutado por um membro da tal agência, passará por um rigoroso treinamento e entrará em ação para deter os planos malignos de um bilionário doido.

Apesar da premissa bastante derivativa e semelhante a O Procurado, o filme não demora a engrenar e tomar um caminho diferente, ao se utilizar de muito mais comédia e fanfarronice. São muitas as piadas e homenagens aos filmes de espionagem mais exagerados, em particular os 007 das antigas. Gadgets, cenas de ação, referências, tudo remonta a esse divertido universo da espionagem cinematográfica.

Samuel L. Jackson está impagável como o vilão de língua presa megalomaníaco como todo antagonista desse tipo de filme deveria ser. E ele tem uma das capangas mais legais dos últimos tempos. Tudo é tão exagerado quanto possível, como um bom Testosterona Total deve ser, com violência gratuita e extremamente exagerada, porém sem cair nunca no ridículo, uma lição que os irmãos Wachowski bem poderiam aprender.

As cenas de pancadaria são o grande destaque. Matthew Vaughn mudou seu estilo de filmá-las, adotando planos bem mais próximos, quase em close, e bem acelerados. O resultado ficou muito estiloso e só a cena da igreja já vale o preço do ingresso, de tão divertidamente sem noção que ficou.

E quem diria que o Colin Firth, que só faz papel de almofadinha, era capaz de chutar bundas com tanta eficácia e sem perder a elegância. Mais uma grande surpresa proporcionada pelo longa, que conta até com o Mark Hamill em um pequeno papel, para completar de vez o festival de nerdice que é essa produção.

Como já estabeleci, seu enredo é praticamente cópia carbono de O Procurado, mas à medida que os minutos avançam, a produção encontra seus méritos próprios e se torna extremamente divertida por si só, em um filme totalmente descompromissado, cujo único objetivo é entretê-lo com explosões e pancadaria por cerca de duas horas e nada mais. E não seria esse o objetivo de todo bom Testosterona Total? Nesse caso, Kingsman cumpre o objetivo muito bem e uma sessão dele é mais que recomendada.

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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
kingsman-servico-secretoPaís: Reino Unido<br> Ano: 2014<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 129 minutos<br> Roteiro: Jane Goldman e Matthew Vaughn<br> Elenco: Taron Egerton, Colin Firth, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Mark Hamill e Michael Caine.<br> Diretor: Matthew Vaughn<br> Distribuidor: Fox<br>