Antes da sessão de Internet – O Filme, eu estava matutando sobre o que estava para ver. Com um elenco composto basicamente de youtubers, o prognóstico não era exatamente positivo. Lembro de ter pensado “não acho que vai ser chato, mas se vai ser bom… ah, aí é outra história”.
Quando os créditos subiram, no entanto, admito que fiquei positivamente surpreso. Está longe de ser um grande filme, mas é divertidinho e até que os youtubers se dão melhor como atores do que muitos globais.
O filme tem muito de metalinguagem. O pano de fundo é um evento para youtubers em um hotel, mas a turminha não faz papel de si mesmo, mas algo naquela linha “qualquer semelhança é mera coincidência”. Por exemplo, o Rafinha Bastos, um dos poucos que eu conhecia, se chama Cesinha Passos, e é um sujeito que tem fama de babaca. Imagino que os outros também devem brincar com suas personas online da mesma forma.
O longa, no entanto, não é um filme propriamente dito, mas um conjunto de esquetes disfarçado. Cada um dos personagens tem sua historinha curta e independente, mas a fita é montada intercalando elas, e não colocando uma depois da outra, como é comum quando uma coletânea de esquetes vai ao cinema.
Isso coloca todas elas na mesma linha temporal, mas por outro lado algumas das esquetes somem por bastante tempo. Como qualquer filme de esquetes, no entanto, a história é o de menos, o que importa são as piadas, e imagino que quem gosta dos nomes do elenco vai se divertir bastante.
Eu não conhecia a maior parte deles, então assisti como qualquer outro filme. O humor é algo entre o nonsense grosseiro dos irmãos Wayans (inclusive com piadas envolvendo fluidos corporais) e algo mais inocente e bobinho, no qual se dá bem melhor.
Algumas histórias se destacam, como a do Rafinha Bastos, cuja repetição da mesma piada – o nome difícil do seu coadjuvante – acaba funcionando tão bem quanto a piada do cachorrinho de Top Gang. Há também a mocinha que faz sucesso relutantemente, um casal que ficou famoso com um vídeo de beijo e até um campeonato de Street Fighter V.
Como você pode perceber, aí está a força do filme. Ele tem mais a ver com pessoas como nós, que estão sempre na internet, nos games e em eletrônicos em geral do que os tradicionais filmes brasileiros de favela e ditadura. E consegue fazer isso sem ofender a inteligência do espectador, como costuma acontecer com as produções do plim-plim.
Por causa disso, até gostei de assisti-lo, embora não o chamaria de algo além de um filme nada. No entanto, imagino que ele tenha potencial de fazer bastante sucesso entre o seu público-alvo, o sujeito jovem que consome os canais dessa turminha. Se você faz parte dessa galera, eu arriscaria que você vai gostar muito, então compre o ingresso sem medo.