Não deixe de ler as outras matérias do nosso Bat-Especial:
– Batman: O Longo dia das Bruxas: A HQ que serviu de base para o novo filme.
– Batman na TV – Parte 1: Todas as séries do morcego na telinha.
– Batman na TV – Parte 2: Todos os desenhos animados do morcego.
– Coringa – O Palhaço do Crime: Dissecamos o personagem mais sádico das HQs!
– Batman – o Cavaleiro das Trevas: o filme.
– Coringalfredo X Bat-Torquemada: Ninguém boicota o grande evento do ano!
Leia também:
– Batman Begins: O início de tudo.
– Tremendões Batman: Ele é o Cavaleiro das Trevas, mano!
– Batman: O Cavaleiro das Trevas: O gibi clássico.
Nos quadrinhos, é prática comum que o protagonista tenha um arquiinimigo, um nemesis. Geralmente alguém de características totalmente opostas e cujo único objetivo é infernizar a vida do herói e ganhar a simpatia dos fãs mais voltados ao lado negro, que adoram as maldades praticadas por tais digníssimos rivais e as acirradas batalhas entre os dois lados.
Só para dar alguns exemplos, o Super-Homem tem Lex Luthor, o Homem-Aranha tem o Duende Verde, os X-Men têm o Magneto e o Garfield tem o Nermal. Com o mais tremendão de todos os heróis, o Batman, não poderia ser diferente. Sim, o Cavaleiro das Trevas possui uma enorme pedra em seu sapato que atende pela alcunha de Coringa.
Há mais de 60 anos, o Príncipe Palhaço do Crime é a principal dor de cabeça do morcegão, e toda vez que o insano criminoso foge do Arkham, isso se torna garantia de batalhas épicas entre os dois inimigos jurados.
Aproveitando que o Sr. C será o vilão da vez no novo filme do morcego, Batman – O Cavaleiro das Trevas, nada melhor do que recapitularmos alguns dos maiores embates entre os dois nas HQs.
Para tanto, meus critérios de seleção são bem simples. Além dos encontros mais emblemáticos, daqueles definidores da relação entre os personagens, também entram os que me marcaram por serem simplesmente divertidos, ainda que possam não ser consenso entre todos. Beleza? Então, vamos aos confrontos!
O PRIMEIRO QUEBRA-PAU A GENTE NUNCA ESQUECE
Onde e quando: Batman #1, de 1940. No Brasil, esta história faz parte do encadernado Batman Crônicas – Volume Um, lançado pela Panini em 2007.
Como é: Trata-se simplesmente da primeira aparição do Coringa. O então debutante vilão inicia uma onda de crimes roubando pedras preciosas e matando seus proprietários (já com seu famoso gás do riso, o qual deixa as vítimas com seu sorrisão patenteado). E só para tirar onda, ele anuncia pelo rádio o que vai roubar, de quem irá subtrair e até o horário em que o fará. Obviamente, Batman entra na onda e depois de penar um pouco, enfrenta o Coringa no braço e consegue prendê-lo.
Por que é grande: Pelo valor histórico. É o surgimento de um dos vilões mais famosos das HQs e o início da rivalidade com o morcegão, que nesse ponto, acredita que o sujeito da roupa roxa é só mais um tipinho estranho (mal sabia ele…). No entanto, ele já era bem parecido com o Coringa que conhecemos hoje. Sádico, com senso de humor negro e sem nenhum pudor de matar quem está no seu caminho.
O “ÚLTIMO” CONFRONTO
Onde e quando: Na minissérie Batman – O Cavaleiro das Trevas, publicada por aqui várias vezes, sendo a primeira em 1987, pela editora Abril.
Como é: A história dessa série todo mundo já conhece (e para maiores informações sobre ela é só clicar no link aí em cima para a resenha completa), então vamos ao que interessa. Após a aposentadoria do Batman, o Coringa passou anos em estado catatônico. Mas é só o morcegão voltar à ativa que o palhaço também sai do estupor, feliz por seu nemesis estar de volta. Ele escapa e arma um pandemônio pela cidade, culminando num violento embate em um parque de diversões, que acaba por se revelar o último.
Por que é grande: Frank Miller consegue resumir muito bem a relação entre os dois. Um não consegue viver sem o outro, por mais doentio que isso possa parecer. Também é uma das lutas mais violentas entre eles, com Batman tacando um batarangue no olho do Coringa, e este, derrotado, quebrando o próprio pescoço só para incriminar o morcegão de assassinato. Em suma, um clássico, bem como a minissérie inteira.
TINHA DOIS LOUCOS NO HOSPÍCIO
Onde e quando: Na edição especial Batman – A Piada Mortal, também já publicada diversas vezes no Brasil. Recentemente, ela foi republicada pela Panini em Grandes Clássicos DC 9 – Alan Moore, de outubro de 2006.
Como é: Batman vai ao Asilo Arkham tentar uma conversa franca com seu inimigo, pois do jeito que as coisas estão, ele prevê que um dia eles acabarão se matando. Mas lá descobre que o Coringa fugiu. Enquanto isso, o Sr. C vai até a casa do comissário Gordon, dá um tiro em sua filha Bárbara (que era a Batmoça) que a deixa paralítica e seqüestra James para torturá-lo e provar uma teoria: com os elementos certos, qualquer um pode enlouquecer. Claro, ele convida Batman para a festinha em um parque de diversões abandonado, e após saírem no braço mais uma vez, o palhaço consegue um feito inédito, fazer o soturno Cavaleiro das Trevas rir de uma piada.
Por que é grande: Outro momento definidor dos dois personagens, onde Alan Moore mostra que são mais parecidos do que eles pensam. E outro momento extremamente cruel do Coringa, com o tiro em Bárbara e a tortura do Comissário (sem contar os flashbacks de sua origem), fatos que repercutem até hoje nas HQs do Batimão.
VOCÊ NÃO VAI BATER NUM CARA COM IMUNIDADE DIPLOMÁTICA, VAI?
Onde e quando: No arco A Morte de Robin, que saiu lá fora em Batman 426 a 429 (dezembro de 1988 a janeiro de 89). Em terras brasilis, foi publicado em DC Especial 1, da editora Abril, de novembro de 1989.
Como é: Em uma espécie de Você Decide dos quadrinhos, a DC largou nas mãos dos fãs estadunidenses uma grande decisão: Jason Todd, o segundo Robin, deveria morrer ou não? Os fãs votaram pela cabeça do mala do Jason e o responsável por empacotá-lo foi o Coringão. Numa trama passada no Oriente Médio, Jason descobre quem é sua mãe e vai atrás dela. Só que a véia trabalha pro Coringa e trai o rebento. Bem, aí você já sabe o que acontece. Bye bye, Jason! Enfim, após enterrar o que sobrou de Robin, Batman vai à caça do Coringa e descobre que não pode tocá-lo, pois ele virou embaixador do Irã (coisas dos quadrinhos…) e o próprio Super-Homem está garantindo sua segurança. É claro que o risadinha apronta uma confusão dentro do prédio da ONU, Batman dá um chapéu no Homem de Aço e após uma rápida briga num helicóptero, tanto Batman quanto o Coringa são baleados e caem no rio. Super-Homem salva Batman, mas o corpo do Coringa não é encontrado.
Por que é grande: Outro marco das histórias do Batman que influi até hoje. A morte de Jason pesou na consciência de Bruce por anos e tornou seu relacionamento com o Coringa ainda mais violento do que já era. No entanto, como ninguém fica morto nos quadrinhos, Jason voltou recentemente, pouco antes da Crise Infinita, e inclusive surrou o Coringão com um pé-de-cabra, dando o troco por sua morte. A título de curiosidade inútil, essa foi a primeira história do Batman que eu li, quando tinha apenas sete anos.
BATALHA PSICOLÓGICA
Onde e quando: Na edição especial Batman – Asilo Arkham, lançada pela primeira vez no Brasil pela editora Abril em dezembro de 1990.
Como é: Sob o comando do Coringa, os internos do Arkham se rebelam e assumem o controle do Asilo. Batman é convidado por seu rival para entrar lá e salvar os funcionários feitos de reféns. A idéia é mostrar ao morcegão que ele pertence àquele lugar tanto quanto os internos amotinados.
Por que é grande: Porque é focado no lado psicológico dos personagens, ao invés da pancadaria costumeira. Enquanto Batman é forçado a enfrentar seus demônios interiores para salvar vidas inocentes, o Coringa nunca foi retratado de forma tão assustadora. Cortesia da arte insana de Dave McKean e do texto preciso de Grant Morrison.
CORINGA, O DIRETOR DE CINEMA
Onde e quando: Detective Comics 671 a 673 (fevereiro a abril de 1994, nos EUA). Na terrinha verde e amarela, em Super Powers 36 (Abril), de novembro de 1995.
Como é: Essa é da fase onde Azrael substituía Bruce Wayne como Batman, logo após este ter sua coluna estraçalhada por Bane. O Coringa está à solta e quer entrar para o mundo do cinema, fazendo um filme sobre a morte de Batman. Nem preciso dizer que a tônica de sua película será de um realismo extremo. Enquanto arma diversas armadilhas para o herói de Gotham e tenta registrar seu empacotamento em celulóide, não demora muito a perceber que a pessoa que veste o novo uniforme não é a mesma com quem ele vem se digladiando há anos. Pior para ele, que toma uma baita surra de Azrael, que não tem a mesma paciência de seu antecessor e encerra a contenda quebrando os dois braços do Risadinha.
Por que é grande: Essa é a única história desse período “Azrael no lugar do Batman” que eu me lembro até hoje. Pode não ser clássica como as outras que apareceram por aqui, mas é absurdamente divertida e o tema “cinema” gera ótimos momentos. Destaque para a capa, com o pôster do suposto filme, com aquelas citações tradicionais de críticas, mas ao estilo “eu tenho que dizer que é o melhor filme do ano até o momento – ou o Coringa mata minha família” e “você precisa ver esse filme – minha vida depende disso”. Hilário.
RUMO À CADEIRA ELÉTRICA
Onde e quando: Na edição especial Coringa – Advogado do Diabo, de dezembro de 1997 (editora Abril).
Como é: Possivelmente a mais irônica história da relação Batman/Coringa. Veja só: o Príncipe Palhaço do Crime é preso por um crime. Até aí tudo bem. Só que ele não cometeu tal crime e acaba sendo julgado e finalmente condenado à morte. Obviamente, Batman fica desconfiado e entra no dilema: inocentar seu inimigo psicótico porque dessa vez ele é inocente ou deixá-lo morrer e assim poupar as vidas de potenciais novas vítimas que ele possa fazer se continuar vivo? Bom, creio que você já deve saber qual decisão ele tomou. Enquanto isso, o Coringa arma um circo de mídia e pede para sua execução ser transmitida ao vivo na TV. Mas depois fica meio chateado quando o pedido é negado…
Por que é grande: Outra história que não é tão famosa, mas é absurdamente legal. Mostra bem que o Coringa, apesar de louco, não é nada burro e Batman realmente fica tentado a deixá-lo morrer. O diálogo final entre os dois é excelente e a cena onde o psicopata apavora um padre com sua última confissão já vale o preço da revista.
Bem, esses foram os meus confrontos prediletos. Claro, é impossível acompanhar mais de seis décadas de histórias entre os dois. Então, possivelmente muita coisa boa deve ter ficado de fora. Ou então, para mim simplesmente não foi tão marcante. Mas é para isso que serve o espaço de comentários. Faltou aquele embate inesquecível na sua opinião? Então o deixe registrado aí embaixo, porque agora eu vou ao cinema ver O Cavaleiro das Trevas. Até a próxima.