Eu queria começar esta matéria sobre God of War PC de outra forma, mas enquanto eu escrevo, não consigo pensar em uma introdução melhor do que soltar a bomba logo de cara:
God of war PC, meu!
God of War (2018) está disponível para PC. De maneira oficial. Que coisa, não?
Não, delfonauta, isso não é uma pegadinha nem um sonho lúcido. Repetindo o que foi feito com Horizon Zero Dawn em 2020, a Sony lançou o que talvez seja a sua maior e mais amada franquia para uma plataforma que não é própria, pegando muitos fãs de surpresa e permitindo que muita gente jogasse uma de suas obras-primas pela primeira vez. God of War PC é real.
É um evento importantíssimo e que sem dúvida merece ser falado, mas isso cria um impasse: o que falar de um game de quase quatro anos que já não foi falando antes, inclusive por nós mesmos?
Então esta matéria vai ser um pouco diferente do que normalmente fazemos aqui no DELFOS e vamos focar um pouco mais nos detalhes técnicos da versão PC deste lançamento. Mas não se preocupe. Eu vou tentar não deixar chato.
God of the Master Race
Resenhar um jogo de PC é uma tarefa bastante complexa. Existe tanta variedade de peças e combinações por aí, com uma possibilidade de performance que vão de “isso pode fritar o seu computador” a “nem a NASA consegue processar esses gráficos”. Infelizmente, não possuo uma grande gama de computadores com configurações distintas, então testei em apenas um.
Para esta análise, usamos um PC Gamer que eu classificaria como médio-alto, embora seus componentes não sejam exatamente os mais recentes do mercado. Segue a minha máquina:
Processador: Ryzen 5 3600 de 3.6 Hz
Placa de vídeo: Gigabyte GeForce RTX 2060 Super (8 GB VRAM)
Memória RAM: 16 GB a 3600 MHz
Armazenamento: WD Green PC SN350 960GB Leitura: 2400MB/s, Escrita: 1900MB/
Monitor: Acer KG241Q-S, com taxa de atualização de 165 Hz
Muito, muito RGB (ei, isso é importante!)
Mesmo este setup não sendo o mais moderno ou mais potente que temos hoje em dia, eu consegui rodar o jogo com todos os requisitos no Ultra (ou máximo) sem maiores problemas. Confesso que até mesmo eu fiquei impressionado com isso. Eu esperava poder rodar God of War PC na qualidade alta, talvez com um ou outro aspecto no Ultra. Mas rodar tudo no Ultra, utilizando o ray tracing de forma lisa? Nem em meus maiores sonhos.
Se você é uma dessas pessoas que é louca por PC, segue aí embaixo a configuração gráfica tanto do jogo quanto o indicado pelo software da placa de vídeo:
E, de brinde, um vídeo do Kratos descendo o sarrafo em alguns adversários, mostrando CPU, GPU e RAM, além das famosas taxas de FPS:
God of PC Optimization
Como eu disse lá em cima, infelizmente não pude testar o jogo em sistemas mais avançados e nem mais modestos. Mas God of War PC se mostrou um jogo tão otimizado que deverá rodar no High sem grandes problemas em configurações um pouco mais modestas. E mesmo no Original (Medium), o jogo ainda fica lindo.
Aliás, o pessoal da PC Gamer fez um teste bacanudo mostrando que se você tiver um processador forte e com vídeo integrado, é possível rodar God of War PC numa qualidade decente sem nem usar placa de vídeo. Isso que eu chamo de trabalho de ponta.
Agora, se você for um felizardo dono de um computador com suporte a 4k ou 8k e um monitor Ultrawide, saiba que eu tenho muita inveja de você e da experiência que God of War PC reserva para você.
Mais coisas legais do PC
Outra coisa legal de God of War PC é poder ajustar algumas coisas que infelizmente estão travadas nos consoles. Por exemplo, você pode configurar o motion blur em até 10 níveis diferentes, enquanto nos consoles esta opção é travada no nível máximo. Eu confesso que é uma coisa que nunca me incomodou, então joguei com ele no nível padrão (10), mas sei que muita gente não gosta, como o pessoal da PC Gamer, então é bacana ter essa opção.
Na questão de controles, o trabalho de portabilidade foi muito bom e achei que ficou bastante intuitivo. Você anda com o AWSD e ataca com os botões do mouse. Para entrar no modo de mira, você segura a tecla Ctrl e usa o mouse para mover. Para chamar o machado de volta, basta apertar o R. Eu vou te falar, usar o machado com o mouse e teclado é uma mão na roda para atingir aqueles sinos pentelhos que abrem alguns baús das Nornir.
Mas apesar de ter um PC gamer como principal plataforma de jogo, eu confesso que detesto jogar no teclado e sempre dou preferência para um controle de console. E se você é como eu, não tem o que se preocupar também.
Controle de Xbox
God of War PC tem suporte ao Dual Shock 4 do PS4 e ao Dualsenses do PS5, além de, ironicamente, também suportar os controles do Xbox 360, One e Series S/X. Neste quesito não tem muito o que falar, pois os controles estão bem responsivos e não devem nada para o console.
Um ponto negativo que eu encontrei foi o modo foto. No PS4, este modo pode ser acessado pelo menu ou ao pressionar o touchpad do controle. O modo também está disponível em God of War PC, porém ele não tem um botão específico como nos consoles. Ainda é possível acessá-lo pelo menu ou apertando a tecla P do teclado, então não chega a ser um grande inconveniente, mas eu acharia legal se fosse possível acessar o modo apertando o botão Share do controle do Xbox Series, por exemplo.
Para terminar, outra coisa legal é que ao adquirir God of War PC você ganha logo de cara e sem custos adicionais todas as skins do escudo e também as armaduras Death’s Vow para Kratos e Atreus. Para o Kratos ela só é útil no comecinho, mas para o Atreus eu achei ela tão útil que a usei por pelo menos metade do jogo.
God of War, consoles e eu
Quando foi lançado em 2005, o God of War clássico foi um sucesso estrondoso. Do dia para a noite, todos os gamers do mundo só tinham olhos para o marombado espartano seminu em busca de vingança. Kratos se tornou quase instantaneamente um dos ícones do videogame, ao lado de Mario e Sonic. A imensa maioria dos games da época foram “God of Warizados” de uma forma ou de outra. E é claro que o jovem Lucas de 16 anos que sempre gostou de História Antiga, heavy metal e violência artística e exagerada se encantou por aquilo tudo.
Dois anos depois, Kratos ganhava sua segunda aventura e é claro que eu estava doido pra jogar. Há quem diga que God of War II é melhor que seu antecessor, mas eu discordo. Embora goste do jogo, sempre senti que há um certo “vazio” nele. Provavelmente tem a ver com a história. Sempre achei a ideia de Kratos ser filho de Zeus um artifício narrativo barato. E por anos esta foi quase toda a minha experiência com a franquia.
Até que…
God of War III foi lançado em 2010 para o PS3, mas eu não o joguei na época pelo fato de não ter um PS3. Aliás, eu nunca tive nenhum console daquela geração. Eu posso contar nos dedos as vezes em que toquei em um PS3 ou Wii. Tive um contato maior com o X360, mas não cheguei a zerar nenhum jogo. Para ser justo, eu cheguei a jogar em 2010 um bom bocado de God of War III na casa de um primo, mas só fui conhecer o (até então) final da história de Kratos muitos anos depois, já na versão remasterizada para PS4, jogando na casa de meu amigo Guilherme, aquele mesmo que me ajudou na resenha de AereA, lembra?
E não foi só God of War III que eu não joguei na época. Por não ter tido muito contato com os consoles da geração PS3 e X360, franquias renomadas que surgiram nessa época, como Uncharted, The Last of Us e Infamous são praticamente alienígenas para mim.
O mesmo acontece com outros capítulos de franquias já estabilizadas que eu adorava. Sempre fui um grande fã de Metal Gear, mas não joguei Metal Gear Solid 4 ou Peace Walker até hoje.
Por uma ironia do destino, eu consegui jogar God of War (2018) no PS4, mas isso só aconteceu por uma feliz séries de coincidências. Parando para pensar, os dois únicos jogos que zerei no PS4 foram Gods of War. Curioso né? Ainda assim, nunca toquei nos outros games da franquia: Chain of Olympus, Ghost of Sparta e Ascension (mas vamos combinar que quase ninguém jogou este último).
PC of War
Paralelo a isso tudo, lá por 2014, na reta final da geração, eu comprei um notebook. Não era nenhum Alienware da vida, mas ele tinha uma placa de vídeo dedicada razoável para a época, que me permitia jogar League of Legends e alguns jogos mais antiguinhos, como a série Assassin’s Creed do primeiro ao Black Flag, além de uma infinidade de jogos indie do passado e do presente.
E vou te falar uma coisa, delfonauta: jogar no PC foi muito mais suave do que eu pensei. Eu raramente precisei fazer algum malabarismo em arquivos de instalação para fazer com que jogos funcionassem, o que era algo comum antigamente.
Além disso, os preços dos jogos em plataformas como a Steam eram extremamente mais convidativos do que os de console, ou pelo menos abaixavam bem mais rápido. Até a barreira do teclado e mouse já havia sido resolvida graças ao controle do X360, muito mais eficiente que os controles de PC que tínhamos até então.
Cada vez mais, ter um console fazia menos e menos sentido para mim, até que resolvi mergulhar no mundo dos PC Gamers de cabeça.
Forjando um PC
E se você também já pensou em montar um PC Gamer, amigo delfonauta, vou te dar um conselho: prepare-se para estudar. Como eu conheço um computador por dentro, achei que não teria tanta dificuldade assim para escolher um computador de bom custo-benefício. Eu não poderia estar mais errado.
Existe tanta, mas tanta variedade no mercado, com várias fabricantes que lançam centenas de peças por ano, que é quase inevitável se perder no mar de opções.
Você vai se ver fazendo perguntas que nunca fez antes, como “quantos hertz a minha memória RAM precisa ter para este processador?”, “será que esta placa de vídeo não vai dar gargalo?”, “vale a pena gastar mais dinheiro para ter um monte de ventilador com luzinha?” (a resposta para esta é sempre sim).
E depois de tudo isso, você ainda vai gastar horas da sua vida apertando parafusos e fazendo gerenciamento de cabos. Mas no fim disso tudo, sabe o que você pode ganhar além de um PC maneiro? Um hobby. Montar um PC pode ser incrivelmente terapêutico, como jardinagem ou marcenaria. E se você tiver amigos com quem possa trocar informações sobre peças e montagem, além de jogar junto, melhor ainda!
God of Future
Mas mesmo feliz e satisfeito com a minha escolha, eu confesso que sentia saudade dos exclusivos de console. Várias vezes cogitei comprar um PS4 ou PS5 só para poder curtir algumas franquias que faziam parte da minha vida. Mas hoje o cenário está mudando.
A maioria dos jogos multiplataforma saem para o PC e não devem em nada para suas contrapartes em consoles. A Microsoft já anunciou há alguns anos que todos os seus jogos first ou second party sairiam para o Xbox e PC e tem cumprido a palavra. Quando a Sony lançou Horizon: Zero Dawn para o PC em 2020, muita gente ergueu as sobrancelhas. Por mais bacanudo que seja, Horizon é ainda uma franquia nova e isso podia ser um mero teste de mercado.
Mas com God of War PC, a coisa muda de figura. Trata-se de uma franquia antiga, aclamada e com muitos fãs e curiosos. Colocar uma franquia dessas em uma outra plataforma não pode ser só um teste, e se resta alguma dúvida, logo logo a franquia Uncharted também fará sua estreia no PC. Eu não sei se isso significa que os consoles vão morrer. Provavelmente não, mas sem dúvida quer dizer que as empresas grandes estão apostando cada vez no mais do PC. E isso provavelmente o faz a plataforma mais versátil e variada da atualidade.
God of War: Ragnarök chegará ao PS5 ainda este ano e provavelmente levará três ou quatro anos para chegar ao PC, mas estou otimista que chegará. Obviamente, se eu tiver a oportunidade de experimentá-lo em um PS5, o farei. Mas se não, acho que será uma espera que valerá a pena.
A Sony enviou um código de review de Steam para a produção deste conteúdo.