O diretor David Fincher é um sujeito do qual eu nunca sei o que esperar. Afinal, o cara fez longas bem legais, como Seven, Clube da Luta e O Quarto do Pânico, mas daí começou a querer Oscars e a qualidade da sua carreira decaiu muito em trabalhos como Zodíaco e Benjamin Button. Seus últimos dois filmes, no entanto, (A Rede Social e Os Homens Que não Amavam as Mulheres), são legais, embora passem longe das pérolas do início da carreira. Assim, nunca dá para saber o que vem do sujeito. Felizmente, Garota Exemplar também é muito bom.
VOCÊ TEM QUEIXO DE VILÃO
Aqui conhecemos um casal formado por Nick (Ben Affleck, o novo Batman) e Amy (Rosamund Pike). Um dia, quando Nick chega em casa, encontra sinais de violência. E sabe o que ele não encontra? A Amy. Pois é, está armada a confusão.
Acontece que ela é famosa por ter inspirado a Garota Exemplar, uma personagem de histórias infantis criada pelos seus pais. Assim, a mídia arma um circo em cima do seu desaparecimento, e logo os olhares desconfiados se voltam para o marido. Afinal, ele tem queixo de vilão.
Garota Exemplar é um daqueles filmes claramente divididos em três metades. E quanto menos você souber de cada uma delas, melhor sua experiência de assisti-lo será. Isso porque a primeira parte não é lá muito interessante, mas depois do primeiro ponto de virada o negócio engrena e você começa a se envolver na solução do mistério. Já a terceira metade… bom, dessa é melhor não falar absolutamente nada mesmo.
Temos aqui um thriller de mistério. Será que a moça foi assassinada? Será que foi raptada? Por quem, e por quê? Tem um monte de momentos WTF que os personagens mostram que não são o que parecem, e isso acontece tanto que acaba até dando ao longa um bem-vindo traço de humor. Pelo menos a sala repleta de jornalistas na qual eu assisti riu mais vezes do que num filme do Adam Sandler, ainda que o humor venha mais do absurdo da trama do que de piadas propriamente ditas.
E se o filme é legal, o mesmo não pode ser dito da trilha sonora. Escrita por Trent Reznor, do Nine Inch Nails, parece que ele estava simplesmente fazendo barulhinhos em um sintetizador e pouco acrescenta ao clima da narrativa.
O roteiro, escrito por Gillian Flynn, o mesmo autor do livro no qual o filme se baseia, não é exatamente bem amarrado, especialmente por causa de suas muitas reviravoltas, e dizem por aí que o final é diferente do livro. Isso não sei dizer, mas se o delfonauta leu a obra literária, conte para nós nos comentários.
O que importa mesmo é que a trama prende a atenção e o filme entretém muito bem após o início arrastado. Nem parece que tem 149 minutos de duração, o que é um belo elogio para um longa tão… bem… longo. É um filme no mesmo nível, talvez até um pouco melhor, do que os últimos filmes de David Fincher, então pode assistir sem medo. Só não espere um novo Seven.