Gal*Gun: Double Peace

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O delfonauta já ouviu falar de “bishōjo game”? Segundo a wikipedia, isso significa jogo de meninas bonitas. Eu também nunca tinha ouvido falar (embora acredito que séries como Dead Or Alive podem ser classificadas dessa forma), mas aparentemente é um gênero bem forte no Japão, mas que dificilmente é lançado no ocidente. Pois adivinha só: Gal*Gun: Double Peace é um representante. E mais, ele é continuação de Gal*Gun, que foi lançado apenas no Japão em 2011.

TIRINHO

Basicamente, o que temos aqui é um rail shooter bem simples. O jogo anda sozinho e você atira em tudo que se mexe. O contexto, no entanto, o torna único, e bastante engraçado. Vamos à história.

Você é um estudante que recebe por engano e de uma vez dezenas de flechas de uma “cupida”. Isso torna você irresistível para todas as alunas da sua escola, que começam a te perseguir para enchê-lo de beijos e abraços. Pois é, para algumas pessoas, isso é uma história épica. Eu costumava simplesmente chamar de segunda-feira.

Acontece que o efeito das flechas acaba com o pôr-do-sol, e com ele vão todas as suas chances de encontrar o amor. Tradução: você precisa, em meio ao monte de colegiais tentando te agarrar, encontrar a moça com quem vai passar o resto da sua vida.

Para sobreviver aos afetos das mocinhas, você conta com uma arma que dispara tiros de amor e leva as gurias à euforia. Seus tiros são ainda mais eficientes se você acertar nas áreas que elas mais gostam de ser tocadas, o que varia de uma para outra. Para descobrir onde elas são mais sensíveis, você deve passar o cursor pelo corpo dela até alguns ideogramas aparecerem. Um tiro na área sensível e ela vai se contorcer de prazer, muitas vezes caindo de quatro ou em posições que permitem que você veja suas calcinhas.

MAS É TIRINHO DE AMOR

A sexualidade japonesa causa muito estranhamento para os olhos ocidentais não acostumados. Da censura das partes pudentas em seus filmes pornográficos às próprias situações que eles gostam de apresentar, normalmente as coisas que são eróticas para os japoneses, para nós são mais engraçadas do que propriamente sexy. Este é o caso com Gal*Gun.

A jogabilidade não se diferencia em quase nada de jogos como House of the Dead: Overkill, mas aqui você atira em mocinhas cartunescas bonitinhas e bem infantis, enquanto elas caem gemendo e fazendo cara de prazer. Tem até um zoom que você pode usar para encontrar colecionáveis escondidos ou espiar o que elas têm por baixo das roupas. Não espere ver mamilos, no entanto. Para um jogo erótico, Gal*Gun é até bem contido, e como nada é mais assustador do que mamilos, as moças não os têm. Afinal, peitos sem mamilos são muito mais naturais.

HISTORINHA

Curiosamente, o jogo tem também muita história. Você vai passar tanto tempo atirando quanto lendo. A história até tem vozes, mas todas estão disponíveis apenas em japonês, tornando as legendas em inglês uma ferramenta imprescindível.

Durante essas partes narrativas, você pode tomar decisões. Logo no início, você escolhe um caminho, uma garota para tentar namorar, e isso vai afetar as fases pelas quais você vai passar. Em diálogos, você pode escolher como reagir a determinadas situações – e normalmente a estranheza japonesa deixa tudo ainda mais engraçado. Por exemplo, em determinado momento, eu encontro uma moça chorando. Comovido, me aproximo dela, e escolho falar “você vai ficar desidratada desse jeito. Aqui, bebe um pouco de água”. Aliás, da próxima vez que encontrar alguém chorando, vou falar exatamente isso.

As suas decisões nos diálogos vão afetar a história e o final. Você pode acabar o jogo sem pegar ninguém, ou pode viver feliz para sempre, dependendo de quão bom você seja em xaveco japonês.

Assim como Stories: The Path of Destinies, a graça aqui é você jogar várias vezes para ver as coisas diferentes que podem acontecer e, assim como um bom mestre Pokemon, tentar pegar todas.

JAPÃO! HELL, YEAH!

Ao longo dos tiroteios de amor, você vai enchendo uma barra de especial, que pode utilizar para levar de uma a três meninas para um jogo de apalpação. Nesse minigame, você deve cutucar ou esfregar as minas nas áreas que elas mais gostam, representadas por coraçõezinhos que aparecem após seu toque. É bem mais fácil apalpar apenas uma, mas muito mais divertido apalpar três de uma vez, como na vida real.

Em outro aspecto “japoneses são bizarros”, tem também um outro tipo de minigame que normalmente rola no final do jogo, que envolve você dar zoom em uma parte do corpo da moçoila, mas soltar o botão antes que ela fique envergonhada e se cubra. Japão! Hell, yeah!

Desnecessário dizer que, dependendo de quão sensível você seja para essas coisas, Gal*Gun pode ser engraçado, sexy ou perturbador, especialmente porque as mocinhas do jogo agem de forma bem infantil, mas afinal de contas, isso já é um traço comum em hentai.

Fico pensando que estamos vivendo uma época em que as pessoas sinceramente ficam ofendidas com a roupa da Laura, de Street Fighter V, que é basicamente uma calça comprida e um top decotado.

Se você é dessas pessoas, Gal*Gun: Double Peace pode parecer a representação de tudo que há de mais perverso no mundo. Mas eu não acho que é o caso da maioria dos delfonautas. Para a maioria dos delfonautas, Gal*Gun é só um joguinho cartunesco e engraçado, que pode trazer algumas horas de diversão.

O que não dá para perdoar é o preço dele, que está sendo vendido a US$ 60,00. Aí não dá. Não rola vender um joguinho tão simples pelo mesmo preço de jogões como The Witcher e Uncharted 4. Eu não paguei por ele, então joguei como se fosse um título baixável de US$ 15 ou US$ 20, que é o que aparenta ser e me diverti. É um bom rail shooter e eu curto o gênero.

No entanto, se você também curte rail shooters e está procurando por um para curtir no PS4, recomendo Blue Estate, que é bem mais elaborado e muito mais barato. A não ser, claro, que você queira ver umas calcinhas. E quem não quer?

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
galgun-double-peaceAno: 6 de agosto de 2015 (Japão) e 2 de agosto de 2016 (ocidente)<br> Gênero: Tiros de amor espiando calcinhas<br> Plataforma: PS4 e PS Vita<br> Fabricante: Inti Creates<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: PQube<br>