Acredito que, com esta cabine, ocorrida no dia 16 de fevereiro, o tortuoso circuito do Oscar terminou. E daqui a duas semanas começa o circuito nerd – e this is where the fun begins! Tudo bem que Frost/Nixon sai no dia seis de março, curiosamente mesma data do Watchmen. Ou seja, um ciclo se encerra e outro se inicia no momento em que o caro delfonauta lê esta resenha.
Mas Watchmen é assunto para daqui a poucos dias. Hoje falemos de Frost/Nixon. E quem diria? As distribuidoras guardaram o melhor oscarizável para fechar o circuito, pois Frost/Nixon é realmente deveras bom. Seu único problema talvez seja o fato de ser um tanto estadunidense demais e, portanto, um pouco hermético para pessoas sem o conhecimento dos fatos de que trata.
Acredito que a maioria dos delfonautas se encontra em algum lugar entre os 15 e os 25 anos. E, a não ser que algo tenha mudado desde que eu passei pelo colegial, não estudamos a história dos EUA na escola. Assim, acredito que a maioria dos delfonautas já tenha ouvido falar de Richard Nixon, mas pouquíssimos realmente sabem em detalhes o que foi o caso Watergate ou quem diabos é David Frost. Se você é um desses, nem tente ver este filme – você não vai entender quase nada.
Porém, se você entende um pouquinho da política estadunidense, há de se deleitar com os diálogos entre o ex-presidente e o Davi Congelado. O filme reflete o maior projeto do apresentador David Frost: entrevistar o único presidente estadunidense a renunciar, o Richard Nixon. Toda a segunda metade do filme acontece durante o período em que a famosa entrevista foi filmada e é deveras interessante, em especial pelos ótimos diálogos – que, na verdade, apenas reproduzem uma conversa que aconteceu e que recebeu ampla audiência mundial na época.
Outra coisa que causou estranhamento é que o Frank Langella é bem diferente do Nixon. Nas primeiras cenas que ele apareceu, sou obrigado a admitir que nem me toquei que se tratava do ex-presidente. O famoso Tricky Dick talvez tenha o rosto mais conhecido dentre todos os presidentes estadunidenses e o ator lembra muito pouco o carinha real. Não que a interpretação esteja ruim, é só uma questão de imagem, maquiagem e afins.
Seja como for, Frost/Nixon é um ótimo filme. Um oscarizável que não parece oscarizável (não tem absolutamente nada de nazismo por aqui), mas que tem tudo para agradar qualquer pessoa com o repertório necessário para entendê-lo.