Floresta Maldita

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O gênero do terror é mesmo ingrato com seus apreciadores. Afinal, depois de uma onda recente de estreias de bons longas elogiados pela crítica e aclamados em festivais, nada como a chegada aos cinemas de um exemplar mequetrefe para nos lembrar que esses bons filmes são a exceção e não a regra. Obrigado pelo lembrete, Floresta Maldita.

Nesta tranqueira, Natalie Dormer, a Margaery Tyrell de Game of Thrones, vai até o Japão atrás de sua irmã gêmea desaparecida e vista pela última vez entrando em uma floresta aos pés do Monte Fuji, um local famoso por ser muito popular para suicídios. Além disso, o local também tem fama de ser assombrado e de mexer com a cabeça de pessoas que não estejam num bom estado de espírito.

A premissa até é interessante e a ambientação no Japão, com pinceladas de seu folclore, especialmente as histórias mais macabras sobre a floresta dos suicidas, a qual realmente existe, certamente ajuda também. Contudo, é só o que há de bom aqui. Todo o resto é o padrão de sempre de produções estadunidenses do gênero.

Sustos baratos que nada têm a ver com a trama, caretas feias feitas em CGI ao invés de maquiagem e um desfecho previsível desde que a história da floresta é contada. Contudo, até que ele não utiliza tantos clichês quanto se poderia imaginar. O primeiro ato até dá esperanças de que viria algo diferente da média, o que acaba por não se concretizar.

O que mais irrita, fora o fato de uma premissa com potencial ter sido desperdiçada em mais um filminho que não assusta ninguém, é algo que particularmente sempre me tirou do sério nessas produções: a burrice extrema dos personagens, especialmente a protagonista neste aqui.

A deste filme é tão estúpida que chega a ser surpreendente que ela não tenha morrido por se esquecer de respirar. Senão vejamos: você está numa terra estranha de costumes estranhos, ouve as macabras histórias locais e percebe que o pessoal leva a sério e não está só te zoando.

Aí um monte de gente faz a gentileza de lhe dar várias instruções de segurança de como proceder na floresta, incluindo um guarda florestal especializado em entrar e sair de lá e o que você faz? Bom, você eu já não sei, mas a protagonista faz questão de sempre fazer o oposto do que lhe dizem. Tipo: “não saia do caminho X, um monte de gente se perde por aqui”. Óbvio que imediatamente ela sai da trilha e mais óbvio ainda que se perde. Resultado: como sempre nesses casos, fiquei torcendo para que ela se estrepasse o mais rápido possível.

Esse é o tipo de filme que poderia ser bem legal como um terror japonês verdadeiro. Sabe, com protagonistas, roteiristas e diretor nipônicos, que saberiam explorar melhor essa boa premissa ao invés de fazer mais um caça-níqueis para adolescentes e fãs hardcore do gênero. Da forma que ficou, resultou apenas em mais uma entre tantas produções ruins completamente esquecíveis. Poupe seu dinheiro e procure algo melhor para assistir.

Floresta Maldita teve sua estreia nos cinemas cancelada, mas já está disponível no Netflix.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
floresta-malditaPaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Terror<br> Duração: 93 minutos<br> Roteiro: Nick Antosca, Sarah Cornwell e Ben Ketai<br> Elenco: Natalie Dormer, Eoin Macken e Stephanie Vogt.<br> Diretor: Jason Zada<br> Distribuidor: Diamond<br>