Entrevista coletiva com a equipe do filme Madagascar: Heloísa Perisé e Giselle Nusman

0

Depois da boa surpresa de Madagascar, veio uma outra, decepcionante. Em minha primeira cobertura de coletivas para o DELFOS, quase não acreditei no nível de superficialidade e desânimo na entrevista com a dubladora e adaptadora Heloísa Périssé e a relações públicas da UIP (a distribuidora do filme) Giselle Nusman.

Eu, futuro jornalista, bem como as entrevistadas, tive que agüentar perguntas do naipe de: “Quantos anos tem sua filha?” (endereçada a Périssé). A global foi simpática e respondeu a todas as perguntas mas, caros colegas, façam-me o favor, né? A quem interessar possa, a filha dela tem cinco anos.

Heloísa falou sobre o processo de adaptação do roteiro, “tive medo, foi uma experiência nova. Não há tanta liberdade, tem que estar no padrão, respeitar o roteiro. É preciso adaptar com cuidado. Eu trouxe os diálogos mais para o nosso dia-a-dia”.

Questionada se havia colocado no filme gírias do Brasil todo, respondeu não ter se preocupado com gírias locais e sim com gírias conhecidas.

Perguntada sobre a transformação dos longas de animação de filmes para criança em um produto para toda a família, disse: “(os novos exemplares do gênero) estão resgatando a animação como técnica e não como gênero”.

Quanto à dublagem propriamente dita, foi sua primeira experiência onde os desafios eram “expressões grandes em inglês e pequenas em português. Sofri na cena do Parabéns (trecho do filme onde ela canta Parabéns Pra Você com cada personagem cantando uma sílaba)”. Ela afirmou ter colocado cacos (improvisações feitas na hora) já que o texto original vinha com palavras muito antigas, duras. Assim, ela o trouxe para o que a gente fala hoje em dia.

Sua maior dificuldade foi acertar a sincronia labial, mas “o pessoal (do estúdio Audiocorp, onde foi feita a dublagem) foi maravilhoso, dava pra voltar e fazer melhor”. O trabalho todo “levou mais ou menos um mês, de adaptação e dublagem”. Em estúdio mesmo, foram apenas dez horas.

Afirmou ainda que ouviu a voz original, mas “fiz um personagem meu”.Não mudou a entonação de voz para o trabalho. Sobre a personagem: “Glória é fofa e perua”. Indagada sobre a mensagem do filme respondeu, “é uma história de amigos. Pega pelo lado sentimental, não só engraçado”, e complementou “amizade não é só o lado bom da coisa”.

Sobre a preocupação com o público infantil, disse: “total, é bom poder ensinar uma coisa legal, mas sem exemplos”. Revelou pensar em todas as crianças como se fossem seus filhos, lembrou que começou a carreira escrevendo para elas e disse que quando houver espaço quer fazer sim a junção criança e adulto.

Sobre seus próximos projetos, Heloísa revelou que a peça Cócegas vai virar filme, com a direção de Domingos de Oliveira e com roteiro dele, dela e da parceira Ingrid Guimarães. Agora, delfonauta, é chegada a hora de um momento de pavor (tan-tan): está em fase de desenvolvimento de roteiro um filme da Tatti, aquela adolescente patricinha que fala “tipo assim”, cujas filmagens devem começar em dezembro. O filme tem previsão de lançamento para junho de 2006 e será “tipo um musical, meio Grease”. Pausa para o grito de terror (NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!).

Já Giselle Nusman, da UIP, falou pouco, mas deu informações interessantes. Segundo ela, Madagascar faturou 61 milhões de dólares nos primeiros quatro dias de exibição nos EUA. Afirmou que a Dreamworks faz as animações em cima da feição dos atores escolhidos. Já quando chega a hora de dublar para o português, tenta-se achar pessoas com o temperamento parecido com o personagem. Revelou também que um funcionário da Dreamworks veio ao Brasil apenas para supervisionar o processo de dublagem.

Mas quais será os próximos lançamentos de animação? Citou Wallace & Gromitt (que utiliza a mesma técnica de Fuga das Galinhas, com massinha) para o dia das crianças, Over the Head e Shrek 3. No campo do cinema nacional, teremos em breve dois filmes, Veneno da Madrugada, do veterano Ruy Guerra e um documentário sobre Vinícius De Morais.

E com tanta coisa vindo por aí, o povo se preocupa em perguntar coisas dos filhos dos outros…

Galeria

Galeria