Duplicidade

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Não dá para entender as pessoas. Se a Paramount pretendia passar um rolo de trailers de 20 minutos antes do filme, eles poderiam pelo menos não ter atrasado a cabine em meia hora, né? Aliás, pior, além desses 50 minutos extras (30 de atraso, mais os 20 de trailers), ainda levaria mais uns dez ciclos minutais para trocar o baguio e colocar o filme de fato. Ou seja, a sessão que deveria começar às 10:30, só foi rolar lá pelas 11:30. Por causa disso, eu tenho menos de 20 minutos para escrever essa resenha antes do meu próximo compromisso. Vamos ver se consigo. No momento são 14:47.

Outra coisa que não dá para entender é essa mania da não-linearidade gratuita que assola o cinema atual. Ok, Amnésia é tremendão, mas aquilo não é gratuito, está completamente contextualizado. Colocar por colocar só vai complicar um filme desnecessariamente, e é o que acontece aqui.

Antes de falar sobre isso, vamos à sinopse: aqui acompanhamos uma turminha que está investigando um novo produto de uma empresa para vender para a concorrência. U-hu, espionagem! Mas falemos da não-linearidade.

Saca só: tudo começa em 2003 (se não me falha minha falha memória), quando Clive Owen passa uma xavecada na Julia Roberts. Aí vamos para cinco anos depois. Então, para 18 meses antes. Depois, 14 meses. Por fim, três meses. Deu pra confundir? Pois é.

Sabe como em Lost ou Jogos Mortais, a narrativa vai e volta, mas sempre tem alguma coisa que te mostra em que momento da história você está? Isso se chama “um roteiro decente” e não rola por aqui. A não ser que você tenha o nível de habilidade matemático do Homero (se não fosse o cara, a gente ainda estaria dividindo a conta do jantar no encontro delfiano), pode esquecer de montar esse quebra-cabeça.

Por exemplo, não dá nem para saber se o “14 meses antes” se refere à última cena ou ao momento do “cinco anos depois” ou mesmo se ele volta ao “cinco anos depois” em algum momento.

No final das contas, é possível entender a história com algum esforço, mas deixando várias pontas soltas de coisas que foram ditas, mas não desenvolvidas. Se você boiou em Jogos Mortais IV, por exemplo, nem tente assistir a isso aqui.

Poderia ser uma bomba, mas a direção estilosa e a trama até interessante o concedem o cobiçado posto de filme nada. O engraçado é que ter uma parte técnica caprichada é essencial para o posto. Hum… será que eles leram o Manual do Cyrino?

Curiosidades:

– Clive Owen e Julia Roberts já duplaram no tremendão Closer. Clive Owen e Paul Giamatti já duplaram no fenomenal Mandando Bala. Duplicidade não chega perto dessa dupla de duplagens anteriores.

– Eu não consegui cortar o pôster de forma bonitinha para o destaque da capa, por isso usei a parte branca dele. ^^

– São 15:06, demorei 19 minutos para escrever isto. Hell, yeah, bitch!

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
duplicidadePaís: EUA<br> Ano: 2009<br> Gênero: Espionagem<br> Roteiro: Tony Gilroy<br> Elenco: Clive Owen, Julia Roberts, Paul Giamatti e Tom Wilkinson.<br> Diretor: Tony Gilroy<br> Distribuidor: Paramount<br>