Se tem uma coisa que não falta neste mundo são jogos de Dragon Ball. Veja só, você pode pensar queo mais recente era Dragon Ball XenoVerse, de 2015, que tem até resenha no DELFOS. Só que um ano e meio depois saiu Dragon Ball XenoVerse 2. E agora, um ano e meio depois deste, temos Dragon Ball FighterZ.
Este, no entanto, foi muito mais antecipado do que um jogo padrão das bolas do dragão, uma vez que foi desenvolvido pela prestigiosa Arc System Works, desenvolvedora conhecida por seus ótimos jogos de porrada, começando lá em 1987 com o Double Dragon de Master System. Hoje, ela é mais lembrada pelas séries Guilty Gear e BlazBlue, muito queridas entre os fãs de lutinha.
Não é o primeiro Dragon Ball desenvolvido pela Arc System Works, mas os anteriores foram lançados para portáteis, então é claro que as possibilidades eram menores. Seria este o melhor jogo de luta baseado nos mangás de Akira Toriyama?
A VERDADE VAI CRESCER DENTRO DE MIM
Sendo sincero, não sei. Já faz um bom tempo que eu não sou um grande fã de jogos de luta, e eu nunca fui um admirador de Dragon Ball. Já li alguns mangás, assisti alguns desenhos, joguei alguns jogos de leve e acho a música Cha-La Head-Cha-La maior legal. Mas vou ser sincero ao dizer que não tenho muita base de comparação entre Dragon Ball FighterZ, XenoVerse ou qualquer outro das dezenas que vieram antes.
No entanto, eu comumente cubro lançamentos de jogos de luta. Navegando pelo DELFOS, você acha textos meus sobre Street Fighter, Injustice, King of Fighters e vários outros. Desta forma, tenho algum repertório em jogos de soquinhos, e digo, também com toda a sinceridade, que Dragon Ball FighterZ é um puta jogo de luta, perdoe meu francês.
O CÉU RESPLANDECE AO MEU REDOR. AO MEU REDOR.
O primeiro ponto a chamar a atenção você já sabe: quão bonito o jogo é. Vou dizer, na primeira vez que entrei em uma luta, estranhei um pouco. Acontece que a Arc System Works optou por usar desenhos dos personagens em 2D. Isso prejudica um pouco a movimentação, que não é tão fluída quanto seria se o visual fosse poligonal. A princípio, também achei que isso limitaria movimentos de câmera e a dramaticidade e o exagero tão caros aos jogos de luta. Meu amigo, como eu estava errado.
Na verdade, é surpreendente a dramaticidade que a desenvolvedora conseguiu colocar no jogo considerando as limitações inerentes ao 2D. Minha primeira impressão foi que os gráficos não eram tão bons quanto Injustice 2 por causa do fator 2D. Porém, depois que experimentei mais golpes especiais, mais modos de jogo e sobretudo o modo história, ficou difícil dizer como os gráficos de Dragon Ball FighterZ poderiam ser melhores.
Ele tem simplesmente o visual do desenho e mantém toda a estética chamativa e brilhante de um arcade dos anos 90. As lutas são em grupos de três, o que significa que tem vários golpes conjuntos ou troca de personagens estilosas. Cada nocaute tem um sabor todo especial, ainda mais quando você consegue um dos finais destrutivos.
Se você mandar bem nos combos, vai ganhando bolas de dragão e, quando pegar todas as sete, tem a chance de escolher um de quatro desejos especiais que podem mudar os rumos da batalha. Lado ruim? Você precisa fazer tantos combos para poder invocar o dragão que quando isso acontece seu adversário já estará quase vencido.
Outra coisa legal é que os especiais são basicamente iguais para todos os lutadores. Faça o movimento de um hadoken com qualquer personagem e vai fatalmente descobrir um golpe legalzudo.
COMO UM VULCÃO QUE ENTRA EM ERUPÇÃO
No lugar de um menu principal, Dragon Ball FighterZ tem um hub, onde você controla uma versão fofinha de um dos personagens e pode escolher seu modo de jogo, além de interagir com outros jogadores. Tudo que um jogo de luta precisa ter está presente aqui. Há partidas locais contra o CPU ou contra um segundo jogador, partidas online, modo história e arcade. Também dá para sair na porrada amistosa com qualquer um que esteja no hub com você.
O mais legal é um modo de jogo que eu só me lembro de ter aparecido antes no Super Street Fighter II de Mega Drive, o torneio, onde mais de uma dezena de jogadores podem escolher seus personagens e sair na mão, com os vencedores avançando até sobrar apenas um. É perfeito para festas ou para receber uma pá de amigos em casa e trocar uns chutinhos.
O arcade também é bacana. Dá para escolher entre três, cinco ou sete lutas. Daí o avanço acontece através de um sistema de pirâmide. Se fizer muitos pontos, vai para cima, mas também pode ir para baixo e para a direita. Obviamente, quanto mais em cima na pirâmide você terminar, melhores são suas recompensas – que incluem até personagens extras.
O legal é que no modo arcade, os times que você vai encontrar são tematizados. Por exemplo, você pode lutar contra um time com os grandes sayajins ou com outro que junta aliados improváveis. O lado ruim é que as pirâmides sempre têm as mesmas casas, o que significa que se você jogar muito este modo, vai sempre lutar contra os mesmos times.
MERGULHANDO NA IMENSIDÃO. NA IMENSIDÃO.
O que mais me surpreendeu, no entanto, foi o modo história. Não sei como costumava ser nos jogos de Dragon Ball – talvez tenha sido sempre assim – mas eu estou acostumado com os modos histórias em jogos de luta serem basicamente um filme interrompido por algumas lutinhas nas quais você usa personagens diferentes de acordo com o contexto. Você sabe, é o esquema Mortal Kombat/Injustice e utilizado recentemente pela Capcom.
Aqui o paradigma é totalmente diferente e tem um jeitão muito mais videogame. Cada capítulo da história tem um “tabuleiro”. Você precisa chegar no chefe e no meio do caminho pode se envolver em algumas outras lutas para ganhar recompensas, XP ou recrutar novos personagens para o seu time.
Claro, além dos movimentos no tabuleiro e nas lutas em si, há muitas cutscenes. Na história do jogo, você é uma alma que entrou no corpo do Goku. Nosso herói, e todos os outros personagens, estão enfraquecidos e só conseguem usar seus poderes quando você – a alma – os possui. O objetivo é salvar todos os outros heróis e descobrir o que diabos aconteceu. Cá entre nós, achei a história bem bobinha, mas gostei muito de como o jogo funciona na campanha, que é bem mais envolvente e interativa do que nos jogos da NetherRealm, por exemplo.
E esta é só a primeira história, pois conforme você joga vai liberar outros caminhos e outros pontos de vista. Em outras palavras, tem jogo pra caramba aqui, mesmo que você não seja muito de jogar online, como eu.
CHA-LA HEAD-CHA-LA, NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA!
Como eu falei no início do texto, não sou exatamente o público alvo de jogos de luta. No entanto, me diverti pacas com Dragon Ball FighterZ. Ele é simplesmente lindo, cheio de músicas legais, golpes exagerados e o modo história mais elaborado que eu já vi no gênero.
Até experimentar Dragon Ball FighterZ, meu jogo de luta preferido era Injustice 2. Porém, não consegui encontrar nada aqui que realmente fosse digno de diminuir a nota do jogo. E mais, por ele não ter aquelas baboseiras de RPG que colocaram no Injustice, aqui não rola aquela pentelhação de ser impossível ganhar de outro jogador só por ele ser de um nível mais alto.
Não sei dizer se Dragon Ball FighterZ é o melhor jogo de Dragon Ball já feito, mas posso dizer, sem medo de errar, que ele é, hoje, meu jogo de luta preferido.