Será que alguém realmente estava animado para Sonic – O Filme? Eu sou fã do personagem, acompanho seus jogos desde a época do Mega Drive e, mesmo assim, não esperava nada. Meu grau de apatia era tamanho que eu sequer me importei com aquele design absurdo que deram originalmente para o personagem.
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CRÍTICA SONIC FILME
Pois eu sinto acabar com a alegria daqueles que esperavam que algo bom saísse desse angu. Sonic – O Filme falha tanto como adaptação de um personagem famoso quanto como um simples filme infantil. Saca a sinopse:
O Sonic é um alienígena. Eu sei, exatamente como o Michael Bay sonhava fazer com as Tartarugas Ninja, mas depois recuou graças à força da internet. Os bichinhos do seu planeta ficaram com inveja de seu poder e resolveram matá-lo. Daí ele se mudou para a Terra, onde passou uma década vivendo sozinho e escondido. Mas… ele foi descoberto. E o governo estadunidense contrata o Doutor Robotnik (Jim Carrey, péssimo como de costume) para caçar o porco espinho preferido da galera.
Então… se você sabe alguma coisa sobre o personagem, qualquer coisa, sabe que isso não é uma adaptação, e nem mesmo uma reimaginação. É uma recriação, jogando fora todos os conceitos originais. Green Hill, por exemplo, virou o nome da cidade estadunidense onde se passa o filme (Green Hills, na verdade).
Daí eu, particularmente, penso que, se for para criar um personagem novo, com uma história nova, por que usar um conhecido? Ok, a Sega está envolvida na criação do filme, e provavelmente participou da seleção do roteirista e aprovou a ideia, mas é difícil entender porque permitiu mudarem tanto seu personagem. Basicamente, do Sonic que conhecemos temos apenas o visual e a velocidade – e mesmo os famosos tênis vermelhos só aparecem no terceiro ato.
AVALIANDO COMO FILME
Mas vá lá, não leva a nada fazer uma crítica pensando como um filme do Sonic deveria ser, mas sim falando do que ele é. E o que ele é, é um filminho infantil muito do preguiçoso, contando uma história clichê, que segue por caminhos batidos. Há algumas boas piadas, e admito que ele me arrancou alguns sorrisos, mas é pouco e, no geral, a emoção que mais causa é tédio.
Daí voltamos à minha pergunta: se é para fazer um filme do Sonic, mas ignorar todas as características do personagem, por que fazê-lo? Ora, talvez porque um filme do Sonic, uma carinha conhecida, tenha mais chances de fazer dinheiro do que de um novo mascote, tipo Ernesto, o Escargot.
E daí entra uma outra reflexão: o Sonic não é um personagem culturalmente relevante desde os anos 90. E veja bem, quem diz isso é alguém que foi um fanático pela Sega e que ainda faz questão de jogar todos os jogos dele, não interessa quão fracos sejam.
BÁSICO
Um filme infantil tão basiquinho quanto este só tem chances de agradar a crianças bem jovens. E estas crianças provavelmente se identificam bem mais com outros personagens mais recentes. Até mesmo o Super Mario envelheceu melhor, graças à curadoria da Nintendo que garante a qualidade dos seus principais jogos. O Sonic tem uma carreira mais… digamos, complicada.
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Não estou dizendo que este filme deveria ser focado em um público quarentão, mas ele precisava fazer mais do que realmente fez para dar certo. A Pixar está aí para mostrar que é possível criar longas infantis que também agradam e emocionam os adultos.
Infelizmente, este não é o caso do Sonic. Este é um típico caso de filme que pode ser julgado por seu elenco. Afinal, Jim Carrey e James Marsden são especializados em coisas assim, e este não tem apenas um deles, mas os dois. Cruz credo! O personagem pode não ser mais tão importante hoje quanto foi nos anos 90, mas como alguém com um carinho especial pelo porco-espinho mais veloz do mundo, digo que ele merecia mais.