Assim como o Corrales tem um pé atrás com o Jason Bateman, eu tenho problemas com a Melissa McCarthy, e pelos mesmos motivos. Ambos são bons atores, já fizeram coisas boas, mandam bem em séries de TV, mas são péssimos para escolher projetos no cinema.
Logo, não estava muito animado para ver Poderia Me Perdoar?, filme pelo qual ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz deste ano. O longa rendeu também uma indicação de roteiro adaptado e de ator coadjuvante para Richard E. Grant, que fisicamente lembra um Christopher Walken genérico.
Mas, por sorte, este é um que pode ser colocado na sua pequena pilha de bons filmes. Aqui, ela interpreta Lee Israel, escritora especializada em biografias de celebridades das antigas e praticamente esquecidas. Por essa predileção temática, seus livros não vendem e ela está na pior financeiramente.
Para poder pagar suas contas e botar comida na mesa, ela começa a forjar correspondências de personalidades já falecidas, como escritores e atores, e vender em livrarias especializadas. Afinal, se existe um mercado de colecionismo nos EUA para qualquer coisa, por que não existiria um para cartas assinadas por gente famosa?
E não é que Israel descobre um talento nato para imitar o estilo de cada pessoa que supostamente teria escrito as cartas falsificadas por ela? Logo ela também envolverá seu amigo (Richard E. Grant) na jogada.
VOCÊ PODE SER BABACA SE FOR FAMOSA
Baseado numa história real, talvez essa sinopse de mote não muito comum não pareça tão interessante assim, mas a trama do filme de fato prende a atenção, focando-se nesse incomum mercado de colecionismo e na personalidade bagaceira da protagonista.
De fato, Melissa McCarthy está muito bem, o que só ressalta ainda mais o desperdício que é ela fazer tantas comédias bobocas quando poderia escolher papéis mais desafiadores. E isso até mesmo dentro do gênero da comédia, afinal, este aqui é mais um a misturar humor com drama.
Por outro lado, embora entretenha bem durante toda sua duração, está longe de ser o tipo de filme que vai ficar marcado na memória por muito tempo depois de assistido. Talvez por causa do tema que não nos diz muito, afinal, o Brasil não tem uma cultura de colecionismo tão desenvolvida quanto os EUA, onde eles conseguem dotar de valor monetário e afetivo praticamente qualquer coisa (o que não é necessariamente algo bom). Ou talvez porque o longa simplesmente não seja tudo isso, estando apenas pouca coisa acima de um filme nada.
Poderia Me Perdoar? é divertidinho e sua trama mais fora do comum ajuda nisso, mas não é algo que precise necessariamente ser visto na tela grande do cinema. Numa tarde qualquer na TV já está de bom tamanho.