Eu assisti a Os Fantasmas Se Divertem no cinema, quando era uma criança bochechuda. E eu amei com tanta força que fui várias vezes ao cinema ver de novo (naquela época cinema não era tão caro quanto hoje). Muitos e muitos anos se passaram, eu virei um adulto bochechudo, e só fui reassistir a ele por ocasião do lançamento de Os Fantasmas Ainda se Divertem Beetlejuice Beetlejuice. Agora, com os dois filmes frescos na memória, posso fazer uma resenha como você exige do seu site preferido cujo mascote é um dragão bochechudo. Bora?
CRÍTICA OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM
Depois de tantos filmes ruins nos últimos anos, eu até esqueci que um tempo atrás o Tim Burton fazia filmes muito legais. Os Fantasmas Se Divertem é um exemplo. Um filme bonito, colorido, com muito estilo, criatividade e atuações ótimas. Mais importante, foi criado especificamente para o cinema, o que é extremamente raro hoje em dia.
Os Fantasmas Ainda se Divertem é o Tim Burton se dando conta de que precisa voltar às origens depois de tantas bombas. E deu certo. Beetlejuice Beetlejuice é o melhor filme do cara em muitos anos. É uma história legal, uma interessante continuação tardia, e seu principal ponto negativo é que a beleza e a criatividade deste mundo não são mais novidades, apenas desenvolvem algo que já foi (muito bem) feito antes.
BEETLEJUICE E O BESOURO SUCO
Aqui reencontramos a família Deetz no momento em que o patriarca bate as botas. Winona Ryder e Catherine O’Hara repetem seus papéis de quase quarenta anos atrás, assim como Michael Keaton, o Besouro Suco em pessoa. Quando o patriarca da família morre, as duas moças precisam voltar à casa do primeiro filme. Lá, é claro, nosso amigo Beetlegeuse está esperando. E ele ainda quer se casar com Lydia (Ryder).
Como um sujeito de bom gosto, antes da Lydia, Beetlejuice foi casado com a Monica Bellucci, e ela está de volta para terminar de sugar a alma dele. E daí tem o Willem Dafoe, um presunto ator que finge ser policial no pós-vida.
Há muita história em Beetlejuice Beetlejuice, a ponto de que é até difícil fazer uma sinopse concisa. São várias narrativas interligadas, com um monte de personagens novos e antigos, e uma grande quantidade de conflitos semi-independentes. Mas funciona.
BESOURO SUCO, BESOURO SUCO
Eu simplesmente adoro o mundo do pós-vida imaginado nestes longas. É mágico e onírico, mas é também mundano e burocrático. E mesmo em seus filmes ruins, Tim Burton é um cara de apurada estética, o que se mantém aqui. Os planos são muito legais, os cenários são criativos e divertidos e o uso de cores é excelente. A atuação de Michael Keaton exige um parágrafo à parte.
Apesar de fazer o personagem que dá título aos dois longas, Beetlejuice está bem longe de ser o protagonista. Ele é um sujeito perigoso e meio nojento, mas não chega a ser antagonista, já que os heróis precisam dele para escapar das confusões em que se metem. Com o benefício da maquiagem pesada, Beetlejuice tem aqui a mesma cara que tinha em 1988. E a atuação dele é muito engraçada, fazendo-o parecer uma espécie de Máskara nojentão. Tipo um desenho animado com gostos e piadas grosseiros.
Arrisco dizer que é justamente por causa da maquiagem pesada que conseguiram manter o personagem na trama. Afinal, pessoas envelhecem, fantasmas não. A Winona Ryder pode fazer uma versão adulta de sua personagem. Mas Alec Baldwin e Geena Davis estão muito diferentes agora. É mais fácil explicar a ausência deles em uma frase do que tentar explicar no roteiro porque envelheceram.
BEETLEJUICE, BEETLEJUICE
Eu tinha minhas dúvidas se minha mente de velho chato e bochechudo ainda gostaria de Os Fantasmas Se Divertem em 2024. Mais ainda de sua continuação. Fico feliz em constatar que algumas coisas não mudam. O filme original ainda é mais legal do que a continuação, especialmente por ser a primeira vez que vimos este mundo. Mas Os Fantasmas Ainda Se Divertem também é muito divertido, e digno de continuar esta história que começou a ser contada quando eu era uma inocente e bochechuda criança.
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