O Homem Nas Trevas foi um hit surpresa em 2016. Tão surpresa que a gente aqui do DELFOS deixou a estreia passar sem fazer uma crítica. Eu vi depois, e gostei bastante. Um filme de terror tenso e claustrofóbico, bem do jeito que eu gosto. Porém, era também uma obra sem espaço óbvio para uma continuação. E por isso me surpreendi bastante quando fiquei sabendo dela. E agora chegou a hora do tradicional SEO: bem-vindo à nossa crítica O Homem Nas Trevas 2.

CRÍTICA O HOMEM NAS TREVAS 2

Crítica O Homem Nas Trevas 2, Homem Nas Trevas, Stephen Lang, Delfos
Dá cá um lionkill!

Sinceramente? Eu estava esperando uma bomba. E os primeiros minutos dão a sensação de que de fato será. Felizmente, quando a coisa engrena, engrena de jeito. E acaba dando uma aula de como continuar uma história quando ela parece querer não ser continuada.

Aqui, o cego sem nome vivido por Stephen Lang está vivendo uma vida aparentemente pacata com sua pequena filha. Porém, um grupo de criminosos resolve invadir sua casa. E daí já viu, né? Big mistake e tal!

Tadinho dele. No filme anterior, ele teve duas filhas assassinadas, a casa invadida e todo seu dinheiro roubado. E agora a casa dele é invadida de novo! Se ele tivesse ansiedade, ia precisar de anos de terapia. Felizmente, ele resolve o problema com alguns assassinatos extremamente violentos.

O BIG MISTAKE

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O cego. De vilão a protagonista.

O primeiro filme tinha um certo vácuo moral. Sim, o cego era um psicopata, mas ele estava de certa forma na razão, pois os protagonistas invadiram sua residência na intenção de roubar.

O Homem Nas Trevas 2 é mais moralista. Os invasores são os tradicionais estereótipos de criminosos de Hollywood: grandes, mal encarados e tatuados. Bem diferente do arquétipo franzino e inocente do molequinho de 13 Reasons Why que estrela o anterior.

Então, até certo ponto o cego aqui vira um super-herói. Um homem com um conjunto de habilidades específicas, uma vítima que definitivamente não se faz de vítima.

O filme até dá uma guinada, que faz questionar quem realmente é o vilão da história, mas sempre dá um jeito de dar meia volta e mostrar que, por pior que o cego seja, os invasores são muito piores.

No final, acaba sendo um daqueles tradicionais casos da cultura pop em que um vilão vira protagonista. É o que aconteceu com personagens como VenomDeadpoolSawyer (do Lost) e, para citar um personagem de cinema, o Chucky. Todos esses, assim como o cego deste, foram criados como vilões, mas a popularidade inesperada e necessidades marqueteiras os transformaram em heróis.

CRÍTICA O HOMEM NAS TREVAS: VIOLÊNCIA E CRUELDADE

Crítica O Homem Nas Trevas 2, Homem Nas Trevas, Stephen Lang, DelfosO Homem Nas Trevas 2 é mais pesado do que o anterior, mas talvez não tão tenso. Não é exatamente pesado em relação à violência que, embora exista, não é tão explícita quanto O Esquadrão Suicida, por exemplo. Mas a história toma uns rumos cheios de crueldade que deixaram até a mim, alguém que tem no terror seu gênero de cinema preferido, um pouco cabreiro. Se histórias pesadas fazem você se sentir mal, talvez seja melhor evitar este. Se bem que, se você não gosta de histórias pesadas, não deve gostar de filmes de terror, então pular este é um não problema.

A mudança de diretor me causou estranhamento, já que O Homem Nas Trevas é um daqueles filmes mais autorais da nova geração do terror. Mas esteticamente a mudança foi até positiva. Rodo Sayagues, o novo responsável, tem ainda mais estilo do que seu chapa (que também assina o roteiro) Fede Alvarez.

Um bom exemplo é uma cena logo no início da invasão, em que a menina se esconde por vários cômodos da casa, enquanto os invasores a procuram, abrindo armários e portas. Tudo isso acontece em plano sequência e passa pela casa quase inteira. Coisa fina! É uma pena que não seja possível rebobinar no cinema, pois eu queria muito ver essa cena de novo, sabendo de antemão que seria um lindo plano sequência.

O legal na história é que O Homem Nas Trevas 2 começa parecendo um remake mais moralista do primeiro, mas da metade em diante dá uma virada e toma rumos deveras inesperados. Foi um dos raros casos em que, durante a sessão, eu não sabia qual caminho ele seguiria. Acabou seguindo o mais tradicional, o que é uma pena, mas ainda assim foi uma viagem tensa e aprazível.