Corgi: Top Dog é uma animação belga, que acontece em Londres, e ganhou aqui no Brasil um título em inglês, mas diferente do original. Taí, este é um filme globalizado. Bem mais do que a nossa crítica Corgi Top Dog. Aliás, se você está lendo isso de fora do Brasil, dê um alô nos comentários.
CRÍTICA CORGI TOP DOG
Rex é o cachorrinho preferido da rainha da Inglaterra – cargo chamado no longa de Top Dog. A vida é boa, mas após ser forçado a acasalar com a cachorrinha do Donald Trump, que é feia, ele resolve fugir do castelo. Sem brincadeira, esta é realmente a sinopse.
Como o cachorrinho de madame que é, nosso amigo Rex logo descobre que a vida fora do palácio é bem mais difícil. Ele vai parar num canil e a partir daí seu principal objetivo é voltar para as mordomias da monarquia.
Há sérios problemas de roteiro aqui, em especial o interesse amoroso e o vilão. O vilão, o cachorrão chamado Tyson, só começa a pegar no pé do Rex porque este propõe casamento à sua namorada. Não sei se o mandamento “não cobiçarás a mulher do próximo” também se aplica a cadelas, mas convenhamos que esta não foi uma atitude muito legal do “herói”.
Mesmo Wanda, a cachorra em questão, a princípio não se interessa por Rex, e só passa a dar bola para ele depois que descobre sua origem real. Isso nunca mais é citado depois na história, o que me causou muito estranhamento. Será que Corgi: Top Dog visa normalizar os relacionamentos sugar para as nossas crianças?
DUBLAGEM
Na sessão de imprensa foi exibida a versão dublada, e esta também tem sérios problemas. Há dois números musicais no filme, e as músicas não são traduzidas e nem mesmo regravadas pelos dubladores tupiniquins. O problema (além da preguiça) é que as músicas avançam a história, então quem não entende inglês se danou. Além disso, os personagens falam no meio da letra, e isso foi dublado. O resultado é não apenas uma mudança repentina do idioma, mas também das vozes, o que é como arranhar uma lousa.
Outro problema na dublagem é que foram feitas várias adaptações geográficas. Por exemplo, em determinado momento, é citado o aeroporto de Guarulhos. A tradução foi feita para passar a sensação de que a história acontece em São Paulo. Isso pode funcionar em filmes que se passam em uma metrópole genérica, mas aqui estamos falando de uma história cujo mote é retornar ao Palácio de Buckinham.
Do lado bom, temos personagens fofinhos e uma ótima participação satírica do Trump. Aliás, é curioso quão pouco o presidente gringo aparece no filme considerando o quanto ele dá as caras no material promocional.
Corgi: Top Dog é daquelas animações bem voltadas para crianças pequenas e deve causar pouco interesse a pessoas mais velhas, mesmo que ainda na infância. Ao mesmo tempo, o roteiro inclui cenas bem adultas (como roubar a namorada de um colega, relacionamento sugar e fugir de casa para evitar namorar alguém feio). Parece que a turma que escreveu o filme não se tocou dos assuntos, ou então são tipo o nosso presidente, que fala as coisas mais absurdas como se fossem normais. Em ambos os casos, isso provavelmente acontece por falta de experiência. E, em ambos os casos, é melhor ignorar.