Fazia tempo que não via tanta má vontade da imprensa especializada internacional quanto com Borderlands. Mas até aí, esta mesma imprensa já parece ter um pé atrás com o jogo. Eu, como você sabe, gosto muito do humor, mas não do gameplay. Para mim, uma experiência puramente narrativa no mundo de Borderlands é o ideal. Mas a verdade é que o filme parece ter tido um grande cuidado com o visual, mas pouco com a história. Será mesmo? Venha ler nossa crítica Borderlands.
CRÍTICA BORDERLANDS
Borderlands não adapta nenhum dos jogos diretamente. Basicamente, é uma história nova com vários personagens e temas dos jogos, mas reinterpretada em algo independente, que não se encaixa com sua contraparte eletrônica. Assim, a gente tem um monte de personagens como Tiny Tina e Tannis, mas eles não estão no mesmo contexto dos jogos. A meu ver, tudo bem. Mais do que a maior parte das adaptações, este filme é uma obra independente da sua inspiração.
Borderlands, o filme, é protagonizado por Lilith (Cate Blanchett). Ela é uma caçadora de recompensas contratada pelo dono da fabricante de armamentos Atlas para ir até Pandora e salvar sua filha, a Tina (Ariana Greenblatt). Obviamente, ela não quer o trabalho, mas é financeiramente incentivada pelo magnata das armas. Lá, ela vai conhecer todo mundo, incluindo Roland (Kevin Hart) e o preferido de todos, Claptrap (Jack Black). Contar mais que isso já envolve adentrar o terreno dos estragões, mas permita-me dizer que a história não é especialmente criativa e você provavelmente consegue imaginar os rumos que ela toma a partir daí.
ATUAÇÕES E ELENCO EM BORDERLANDS
Claramente, muito cuidado e amor foi colocado para fazer com que o filme ficasse visualmente parecido com os jogos. Curiosamente, achei estranho que, com tanto capricho nos figurinos, Borderlands tenha um elenco consideravelmente mais velho do que o dos games. Você sabe, normalmente Hollywood fica cada vez mais jovem, não mais velho.
Não tenho reclamações das atuações, no entanto. Alguns personagens, como a Tannis (Jamie Lee Curtis), não são tão divertidas quanto suas contrapartes gamers, mas isso é mais algo do roteiro do que da atuação. Já Jack Black rouba a cena muito forte como Claptrap.
A voz dele está irreconhecível como a “torradeira com ansiedade” e realmente parecida com a dos games. É perceptível que não é a mesma pessoa fazendo, mas o cara claramente fez o possível para imitar e manter a personalidade já conhecida do personagem mais querido da franquia. E deu certo. O Claptrap do filme, como nos games, tem as melhores piadas e momentos.
AS TERRAS DA FRONTEIRA
Por um lado, Borderlands lembra um pouco aqueles filmes baseados em quadrinhos de outrora. Tipo o Justiceiro com o Dolph Lundgren, que tirou a caveira do uniforme só “porque sim”, sabe? Naquela época a gente via gente como o Tim Burton fazendo um filme do Batman e depois se vangloriando que fez isso sem nunca ter lido um gibi do herói. Não é o caso aqui.
Embora conte uma história diferente, com várias adaptações e diferenças fortes em relação ao original, parece que o núcleo criativo realmente gosta do jogo. Não, não acho que a Cate Blanchett já jogou Borderlands, mas o diretor Eli Roth e o roteirista Joe Crombie com certeza têm muito carinho pela obra original.
QUEST GIVERS
Isso acaba fazendo a diferença. Sim, personagens queridos dos jogos não aparecem aqui, como Scooter ou Handsome Jack, mas os que aparecem foram claramente planejados e adaptados para funcionar no cinema, muito além de serem simplesmente quest givers, como no game. Só não entendi porque colocaram um Psicopata como parte do grupo principal quando com pouquíssima alteração de roteiro ele poderia ser trocado por Brick, o tanque do primeiro game.
Eu diria, porém, que Borderlands é bem sucedido no que se propõe. Os jogos da Gearbox sempre tiveram boas piadas, mas não uma história especialmente envolvente. E este é o caso de Borderlands, o filme. É um longa engraçado e divertido, que não vai marcar a vida de ninguém, mas é capaz de arrancar umas risadas enquanto dura. Como narrativa, Tales From the Borderlands é melhor, mas não consigo imaginar um longa feito para cinema sendo muito diferente deste.