Filmes dirigidos por atores costumam ser mais pessoais do que os tradicionais. Este é o caso de Anos 90. Dirigido por Jonah Hill, de Superbad, eu o definiria como “se Kids fosse dirigido pelo Kevin Smith“. Esta é nossa crítica Anos 90.

CRÍTICA ANOS 90

Com a mistura sugerida acima, quero dizer que Anos 90 é uma história mais séria sobre jovens, mas tem um roteiro cheio de referências e com personagens bastante humanos.

O protagonista é Stevie, o moleque aí embaixo.

Anos 90, Crítica Anos 90, Anos 90 filme, Delfos, Jonah Hill

Stevie se envolve com um grupo de meninos mais velhos, praticantes de skate. Basicamente, Anos 90 é a história desta amizade. Ao longo de curtos 85 minutos, veremos Stevie se esforçando para se enturmar e os efeitos que sua aceitação na turma terão na autoestima e na formação da personalidade do moleque.

Anos 90, Crítica Anos 90, Anos 90 filme, Delfos, Jonah HillNenhum dos atores é famoso, e isso foi uma decisão acertada. Afinal, é justamente na atuação que está o cerne do que torna Anos 90 um bom filme. Nenhum dos meninos é malvado, mas também não são exatamente certinhos. E absolutamente todos os atores conseguem pintar com belas cores um roteiro que trata seus personagens com muito respeito. É difícil vermos atuações tão naturais no cinemão Hollywoodiano, mesmo quando o texto é especialmente bem escrito.

Os conflitos que ele apresenta não são nada de novo. Envolvem aquelas coisas que todos já vimos várias vezes, como o despertar da sexualidade, a pressão dos amigos em fazer coisas ilegais ou mesmo aquele afeto especial que os seres humanos parecem só serem capazes de sentir antes dos 20 anos.

Felizmente, é tudo bem apresentado, com bom timing e desenvolvimento. Apesar de curto, Anos 90 chega a cansar um pouco próximo ao final, mas ele percebe isso e conclui sua narrativa de forma satisfatória, ainda que, como a vida real, não chegue a lugar nenhum.

A MODA DO FEIO

Esteticamente, Anos 90 não me agradou nem um pouco. Ele tem cores lavadas e pouco atraentes, somadas a uma fotografia com proporção 4:3. Ou seja, ele não parece um filme de cinema dos anos 90, mas uma série de TV antiga e de baixo orçamento.

Anos 90, Crítica Anos 90, Anos 90 filme, Delfos, Jonah Hill

A proporção incomoda em especial, pois vendo em uma tela de cinema, há enormes barras dos lados, com um quadradinho de imagem no meio. Na prática, a imagem de Anos 90 ocupa cerca de 50% do espaço disponível na tela de cinema. Assim, por mais que eu tenha gostado dele, seria irresponsável recomendar que você gaste o salgado preço do ingresso para ver na tela grande algo que quase não usa a tela.

O curioso é que a proporção 4:3 foi utilizada para dar cara das produções nos Anos 90, mas o cinema desta época já usava o formato widescreen. Cinema em 4:3 é coisa muito mais antiga, de décadas antes.

Portanto, Anos 90 vale pela sua história, atuações e um excelente roteiro, mas você não vai perder nada se resolver esperar para curti-lo na telinha que anima o conforto do seu lar.

REVER GERAL
Nota:
Artigo anteriorAnálise: Team Sonic Racing ≥ Mario Kart 8
Próximo artigoCrítica Rocketman: pela representatividade!
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-anos-90-bem-mais-profundo-do-que-esperavaTítulo original: Mid90s<br> País: EUA<br> Ano: 2018<br> Duração: 1h25m<br> Diretor: Jonah Hill<br> Roteiro: Jonah Hill<br> Elenco: Sunny Suljic, Katherine Waterston e Lucas Hedges.