Crimes Ocultos

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Sabe uma coisa que eu acho bem curiosa na cultura pop em geral? Este filme, por exemplo, se passa na Rússia, e a maioria dos personagens são russos. Eles falam em inglês, o que não tem problema, a gente está acostumado a colocar um peixe babel em personagens de várias nacionalidades para entender o que eles falam. Mas uma coisa que eu não entendo é por que eles falam em inglês com sotaque russo? E isso não é exclusividade do cinema não. Quem não lembra do sotaque italiano fortíssimo do Ezio Auditore?

Mas falemos do filme em si. Estamos em 1953, plena Rússia Stalinista. O protagonista é Leo (Tom Hardy, que também está nos cinemas como o Mad Max), um soldado da segurança nacional, que procura e prende suspeitos de traição. Um dos presos, no entanto, dá o nome da sua esposa (Noomi Rapace, de Prometheus) como uma das traidoras. E, neste governo totalitário, ser suspeito de traição é a mesma coisa que pena de morte.

Porém, este dilema enfrentado pelo nosso herói não é o principal mote do filme. O que pega mesmo é um serial killer que vem matando crianças e tirando seus órgãos com precisão cirúrgica. Todas as vítimas deste Jack o estripador russo, no entanto, são divulgadas pelo governo como acidentes. Afinal, não existe assassinato no paraíso. Leo, demovido do seu cargo por causa da esposa “traidora”, acaba se envolvendo mais do que deveria no caso e começa a juntar pistas para pegar o bandidão.

PARECE, MAS NÃO É

Pelos parágrafos anteriores, você pode deduzir que Crimes Ocultos é um suspense movimentado e intrigante como Seven. Não é o caso. Sua toada lembra mais algo na linha Millenium, embora seja mais esquecível.

Há algumas poucas cenas de ação, mas elas são filmadas de forma que não me agrada nem um pouco, com muita tremedeira e cortes rápidos, o que deixa difícil de acompanhar o que está acontecendo. Felizmente, o foco não é na ação, mas na investigação e sobretudo no desenvolvimento de Leo como personagem.

Um dado interessante é que este filme foi proibido na Rússia porque o Ministro da Cultura russo o considerou “uma distorção de fatos históricos e uma interpretação imoral de eventos, imagens e personagens soviéticos daquele período”.

Este fato talvez seja o que torna Crimes Ocultos algo mais digno de nota. Afinal, proibição gera demanda. O que temos aqui, em geral, é um típico filme nada, que até entretém moderadamente, mas que definitivamente não vai ficar na sua memória.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
crimes-ocultosPaís: República Checa / Reino Unido / Romênia / EUA<br> Ano: 2015<br> Duração: 137 minutos<br> Roteiro: Richard Price<br> Elenco: Tom Hardy, Gary Oldman, Noomi Rapace e Joel Kinnaman.<br> Diretor: Daniel Espinosa<br> Distribuidor: Paris<br>