Creepy

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Um filme japonês com título em inglês. Se é para manter em estrangeirês, podiam ter mantido o original, né?

– Que você vai assistir hoje?
Kurîpî: Itsuwari no rinjin.
– Kurîpî: Itsuwari no o quê?
Kurîpî: Itsuwari no rinjin.
– Ah, tá. Achei que você tinha falado “Kurîpî: Itsuwari no vinjin”. Isso seria ridículo.

O Japão tem um cinema de terror bastante tradicional. Lá nos primórdios do DELFOS, estes filmes, prioritariamente de fantasmas, chegavam ao Brasil pegando carona no sucesso de O Chamado. Naturalmente, quando chegou aqui no DELFOS o convite para a cabine de Kurîpî: Itsuwari no rinjin, divulgando-o como um filme de terror, eu deduzi que teria fantasmas. Não tinha. Aliás, sequer pode de fato ser chamado de terror.

Aqui conhecemos um ex-policial, agora professor de faculdade, chamado Takakura-san. Ele fica obcecado por um caso em aberto que rolou seis anos atrás, no qual uma família inteira desapareceu. A única que sobrou é uma adolescente que por acaso não estava na casa quando aconteceu seja lá o que for que aconteceu e é com essa moça que ele quer conversar.

Enquanto isso, seguindo os preceitos de “patroas serão patroas”, a patroa Takakura resolve se apresentar para os vizinhos de forma simpática, levando chocolatinhos caseiros. Os vizinhos, no entanto, não parecem muito sociáveis. Afinal, dona Takakura parece ter se esquecido, mas eles estão no Japão.

A direção é bem estilosa, com planos bem longos e criativos, o que muito me agrada. Cansa-me um bocado aquele tipo de edição de filme de ação hollywoodiano com cortes a cada meio segundo. Eu sou um cara dos plano-sequências.

No entanto, mesmo com a direção estilosa, não dá para negar que Kurîpî: Itsuwari no rinjin é bem chatinho. Simplesmente ele demora muito para mostrar a que veio. Se você leu a sinopse que escrevi e sentiu que falta história… bem, é porque simplesmente demora muito para qualquer coisa além disso ser desenvolvida e, como tal, configurar-se-ia como spoiler.

O que mais pega, no entanto, é que não é um filme de terror. Não, não há fantasmas, o que poderia levar um caboclo a imaginar que seria um longa de medo com pessoas, bem do jeito que eu gosto. Caboclo estaria errado. O que temos aqui é mais uma história de investigação, algo entre o thriller e o suspense, do que uma história de fazer a gente se esconder embaixo das cobertas. A não ser, é claro, que esteja muito frio. Mas se estiver muito frio, você provavelmente não iria ao cinema. E Kurîpî: Itsuwari no rinjin está estreando no verão, então você não deve se esconder embaixo das cobertas mesmo.

É uma pena, eu estava a fim de um terror japonês. Faz anos que não assisto a um no cinema, mas de fato não foi dessa vez. Kurîpî: Itsuwari no rinjin seria bem melhor definido como um Garota Exemplar mais lento e mais chatinho.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
creepyPaís: Japão<br> Ano: 2016<br> Duração: 130 minutos<br> Roteiro: Kiyoshi Kurosawa e Chihiro Ikeda<br> Elenco: Hidetoshi Nishijima, Yûko Takeuchi e Toru Baba.<br> Diretor: Kiyoshi Kurosawa<br> Distribuidor: Zeta Filmes<br>