Compramos um Zoológico

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Cameron Crowe, o cineasta grunge ou, se você é um alternativo true, o cineasta Classic Rock, provavelmente é bastante querido pelos delfonautas por causa de filmes autorais como Quase Famosos. Agora, tal qual Michel Gondry, vemos mais um diretor autoral sendo levado a fazer filmes de produtor.

No release entregue na cabine tem até uma frase da produtora: “eu sabia que Cameron Crowe nunca havia feito um filme que ele mesmo não tivesse criado”. Fala sério, dá até para imaginar o rabo em ponta de lança e o tridente enquanto ela tortura a arte até a morte, né? Para melhores resultados, imagine que nesta analogia a arte é uma ruiva peituda e ela sangra bacon com cada “tridentada”.

Compramos um Zoológico é baseado em um livro que, por sua vez, é a autobiografia de um desconhecido. Você sabe que algo não tem criatividade nenhuma quando sua fonte de origem tem uma outra fonte de origem, e essa fonte de origem foi roteirizada por Deus. Mas será que Cameron Crowe e a queridinha dos delfonautas que gostam de mulher, Scarlett Johansson, conseguem salvar o filme? Sim, conseguem.

Matt Damon é um sujeito que acabou de ficar viúvo. Agora, em luto e com dois filhos para criar, decide fazer a única coisa sensata que consegue pensar: comprar um zoológico falido e gastar toda sua grana para revitalizar o lugar.

Os personagens, a narrativa e a própria história você já viu um milhão de vezes. Dá para saber quando surgirão problemas (e quais serão), quando vai ter uma parte triste ou quando vai rolar beijo. Inexistem surpresas aqui.

A falta de criatividade é um problema? Se você considera cinema uma forma de arte sim. Mas se você quer ver arte, não teria comprado ingresso para Compramos um Zoológico. Este é um filme que não vai mudar a vida de ninguém, um filminho em todos os sentidos. Mas a verdade é que é um filminho bastante aprazível.

O delfonauta já sabe que eu sou um grande fã de bichinhos fofinhos e este filme está cheio deles, por motivos óbvios. Aliás, o filme inteiro é de uma meiguice sem igual, com momentos engraçados e tristes muito bem equilibrados ao longo de sua duração.

Esse é daqueles filmes em que o público sai do cinema se sentindo até mais leve. E isso é legal, especialmente em uma época em que até filmes de super-heróis querem ser densos e sombrios.

A real é que não acho que nenhum delfonauta que comprar o ingresso vai sair do cinema achando que não valeu a pena. Mas verdade seja dita, aqueles que assistirem na televisão daqui a uns anos também não vão se arrepender de terem perdido a oportunidade de vê-lo na tela grande.

Compramos um Zoológico é puro entretenimento. Gostoso enquanto dura e totalmente esquecível nas horas e dias posteriores. Se for isso que você está procurando em uma tarde de sábado, pode ir sem medo.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
compramos-um-zoologicoPaís: EUA<br> Ano: 2011<br> Gênero: Comédia Dramática<br> Roteiro: Aline Brosh McKenna e Cameron Crowe<br> Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson, Thomas Haden Church, Carla Gallo e Elle Fanning.<br> Diretor: Cameron Crowe<br> Distribuidor: Fox<br>