*Esta matéria contém pequenos spoilers de The Last of Us: Part II – mas ei, você nem devia pensar em jogar no Punitivo se não terminou o jogo pelo menos uma vez.
The Last of Us figura no pódio dos meus jogos preferidos de todos os tempos. Originalmente, ele vinha com quatro níveis de dificuldade (Fácil, Normal, Difícil e Sobrevivente). Eu fechei ele logo no lançamento, lá em 2013, na dificuldade Normal. Um tempo depois, jogando com minha irmãzinha, zeramos no Sobrevivente – que já era difícil pacas. Mas ainda faltava o último desafio real: o temido, o terrível, o putaqueparível…
MODO PUNITIVO
O modo Punitivo foi inserido no jogo por uma atualização gratuita, na mesma época em que saiu o DLC Left Behind. Como você deve imaginar, esse modo é nada menos que desgraçadamente difícil (ele não chega a ser um Dark Souls, mas não passa muito longe disso). Nesse nível de dificuldade, você tem uma porção de limitações:
- Um golpe ou dois de qualquer inimigo, mesmo dos mais fracos, já te levam pro chão. Em compensação, você precisa descer o cacete em qualquer coisa que se mova se quiser derrubá-la.
- Os recursos são praticamente inexistentes. A cada 10 gavetas que você abre, 9 estarão vazias. Dê graças a deus se achar uma fita adesiva.
- Munição? Nunca ouvi falar.
- O HUD não informa sua quantidade de vida, nem de balas em cada arma. Aliás, não existe HUD. Mas isso também não chega a ser um problema: você nunca vai ter munição e estará sempre a um passo da morte.
- Os checkpoints são consideravelmente mais escassos.
- E a cereja do bolo: o modo escuta de Joel, que te permite rastrear inimigos até mesmo através das paredes, não existe por aqui. Quer saber se há um grupo de estaladores atrás daquela porta? Você vai ter que abri-la – e sim, provavelmente eles estarão lá.
PUNITIVO REMASTERED
Eu demorei sete anos para encarar The Last of Us no modo Punitivo (já na versão Remastered, do PS4), achando que era osso demais pra mim. E de fato era, mas não tanto quanto eu esperava. Para ajudar, descobri um glitch que permitia começar o modo “Punitivo+” (mantendo os upgrades de personagem e melhorias de armas) sem necessariamente ter concluído o Punitivo “do zero”. Isso ajudou um bocado.
Foi difícil? Foi. Ainda mais em fases específicas, como aquela do sniper e toda a sequência jogando com a Ellie durante o inverno. O finalzinho, no hospital, foi especialmente enervante: se você morre na última sala, logo antes de resgatar a Ellie, o checkpoint te leva direto para o início da fase, lá no andar de baixo, e você tem que fazer todo o caminho de volta passando por dezenas de soldados armados. Foi difícil? Foi. Mas não impossível.
MODO PUNITIVO: O RETORNO
The Last of Us: Part II chegou ao mundo e logo se tornou meu novo jogo favorito desta geração, ao lado de God of War, Red Dead Redemption 2 e Detroit: Become Human. Não vou aqui entrar no mérito de suas qualidades mecânicas e narrativas (ia faltar espaço!), mas basta dizer que passei um mês inteiro jogando essa maravilha e aproveitando cada segundo. Fechei o jogo com 30 horas e uma dor no coração por ele não ter durado mais. Assim que subiram os créditos, eu já estava com vontade de jogá-lo de novo. Mas me contive.
Até que, em agosto deste ano, a Naughty Dog liberou a atualização 1.05. Com ela veio uma porção de novidades, como filtros mutcho loucos, cheats de munição infinita e, rufem os tambores, o modo Punitivo!
Foi minha deixa para retornar ao game e tentar batê-lo na dificuldade mais alta. Imaginei que seria ainda mais difícil que o primeiro, por conta dos novos inimigos e cenários mais intrincados. Mas acontece que não foi bem assim.
PUNITIVO, MAS ACESSÍVEL
Você já deve saber que The Last of Us: Part II tem uma generosa oferta de opções de acessibilidade, permitindo inclusive que pessoas quase completamente cegas consigam jogá-lo. Pois bem: essa acessibilidade se estende ao modo Punitivo, e só não tira proveito dela quem não quer – ou quem prefere se pagar de truezão.
Acontece que dá para usar uns truquezinhos que facilitam a vida. De início, por exemplo, eu ativei o tal do “radar aprimorado” no menu de acessibilidade de navegação. Com ele, é possível driblar a configuração do jogo e usar, sim, o modo escuta – tanto para encontrar itens quanto para achar os inimigos.
Também dá para habilitar uma câmera lenta no touch-pad, o que torna os tiroteios mais estilosos e ligeiramente mais fáceis (ainda que eles não sejam tão frequentes assim, pois a gente não costuma ter muita bala).
Passando da metade do jogo (já com a Abby), eu estava meio sem paciência e ativei outras opções, dessa vez no menu de acessibilidade de combate: menos precisão dos inimigos, esquiva aprimorada, percepção dos inimigos reduzida etc. Isso tudo não torna o jogo exatamente fácil, já que você está sempre com poucos recursos e os inimigos são letais, mas ajuda a aliviar a pressão.
RETA FINAL
Por fim, lá na última fase (no resort com a Ellie), eu só queria terminar o jogo de uma vez. Pra não perder tempo, ativei uma opção que te deixa invisível ao rastejar(!). Aí foi só me esgueirar para dentro da casa, lançar duas bombas de fumaça em lugares estratégicos e correr até a porta de saída que leva ao fim do jogo. Passei de primeira, sem ter que matar ninguém.
Levei umas 18 horas para terminar The Last of Us: Part II no modo Punitivo (contra as 30 do modo Difícil na primeira jogada), pulando várias cutscenes. O lance do Punitivo, no fim das contas, é sempre evitar o combate. Em alguns cenários isso é bem complicado, mas raramente impossível. Também usei umas estratégias desse carinha aqui, o Solid Perry, para passar dos confrontos mais estressantes:
O bicho é um fantasma!
CONCLUSÃO
Você pode até argumentar que não tem nada de glorioso em bater a dificuldade mais alta apelando para essas facilidades. Mas a verdade é que eu apenas usei as ferramentas que o jogo me deu (como um verdadeiro sobrevivente!). Na hora em que o troféu popar na sua tela, não vai fazer realmente diferença como você chegou até ele – os fins justificam os meios, rapá!
E pra ser honesto, eu nem sou o tipo de pessoa que se atenta pra esse negócio de troféus e platina. Não platinei o primeiro The Last of Us, por exemplo, nem pretendo platinar o segundo, apesar de ser uma conquista relativamente fácil – o Corrales realizou a façanha antes mesmo do lançamento.
O fato é que eu, um jogador bem mediano, consegui terminar a aventura da Ellie no mítico modo Punitivo, e vim aqui dizer que você também pode. Não foi um passeio no parque, mas achei tão divertido quanto.
Agora falta fechar o jogo com o modo permadeath ligado, outra das maluquices implementadas pela atualização 1.05. Se você morrer, será obrigado a começar o capítulo (ou até mesmo o jogo inteiro) de novo. Imagino que não seja tão difícil assim: basta ativar os modificadores de munição e crafting infinitos e selecionar a dificuldade mais baixa. Mas isso já é história para um outro texto…