Cinquenta Tons de Cinza

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Eu estava curioso para assistir a este filme, sobretudo por causa de toda a polêmica envolvendo o livro que deu origem a ele. No entanto, tudo que eu sabia sobre o assunto acabei aprendendo por osmose, já que nunca tive interesse de me aprofundar nisso e muito menos de ler o livro. Mas o filme taí, demandando apenas duas horas do meu tempo, então resolvi ir até a sessão de imprensa para ver qual é que é.

SE VOCÊ FOSSE MINHA, FICARIA SEM SENTAR POR UMA SEMANA

Cinquenta Tons de Cinza conta a história de Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma estudante de literatura com um nome tão trüe que parece até a protagonista de uma ópera composta pelo Manowar.

Ela conhece um milionário jovem e bonitão, chamado Christian Grey (Jamie Dornan) e logo fica toda zip-a-dee-doo-dah por ele. Quando ele demonstra sinais de que também está interessado em fazer um tico tico no fubá com ela, então, a moça começa a andar nas nuvens, já imaginando o casamento dos dois.

O magnata, no entanto, se recusa a tocar nela até ter sua permissão por escrito. Some isso a algumas coisas estranhas que ele fala de vez em quando e temos aqui um personagem que provavelmente tem algo a esconder.

S&M NÃO É SÓ UM ÁLBUM DO METALLICA

O segredo dele logo é revelado, e você provavelmente também já aprendeu por osmose, ou por ler notícias sobre as polêmicas envolvendo o livro. E não é nada demais, ele só curte ser o dominante em uma relação BDSM e procura por uma mocinha que aceite ser a submissa.

Tirando este pequeno fetiche, toda a condução da história lembra não um romance tradicional, mas o típico pornô feminino na linha Crepúsculo.

Tudo, desde a forma como ele a trata, passando pelos presentes caríssimos e o fato de ele ter um jeitão “perigoso” que ela pode modificar parece desenvolvido especialmente para deixar as meninas apaixonadas pelo senhor Grey.

Inclusive, eu estava esperando que as muitas cenas de sexo aqui presentes fossem um tanto mais chocantes, mostrando a garota sendo humilhada e coisas do tipo, mas não, até que o negócio é filmado de um jeito bem leve, e até sexy. Imagino que o filme deve ter dado uma boa aliviada no conteúdo do livro, porque senão toda a polêmica parece um pouco exagerada. Até porque a rapariga sempre tem a opção de dizer que não quer mais brincar.

ESTE É O NOSSO CONTRATO DE RELACIONAMENTO

A comparação com Crepúsculo, aliás, é bem-vinda, pois toda a condução da trama e a apresentação do interesse amoroso da moçoila lembra muitíssimo o clássico da literatura pornográfica feminina. Se tanto, o teor sexual que o relacionamento dos protagonistas adquire ao longe desta história parece ser um Crepúsculo para adolescentes, ao invés de para pré-adolescentes.

Qual não foi minha surpresa, então, ao abrir a página da Wikipédia do livro e ver que ele começou, veja só, como uma fan fiction para a saga da Stephenie Meyer. Às vezes minha percepção aguçada surpreende até a mim mesmo, amigo delfonauta.

Outra obra que Cinquenta Tons de Cinza lembra bastante é o pornô menos erótico da história, Ninfomaníaca. Aqui, no entanto, o sexo sadomasoquista é menos cru, mais hollywoodiano e até mais romântico. E, claro, menos chato, o que não é nenhuma grande conquista.

Na real, fosse originalmente um filme e não uma adaptação de um livro tão famoso e polêmico, o que temos aqui é uma película digna de passar despercebida pelas telonas. Está longe de ser a coisa mais erótica, sensual ou mesmo polêmica que já resenhamos por aqui. E convenhamos, o final está entre os mais repentinos e inesperados do cinema. O negócio simplesmente não tem final.

Pelo menos tem predicados técnicos. O visual é todo muito bonito, as atuações convencem e a protagonista é linda de doer. Eu não queria fazê-la sofrer, mas a misturaria com um pão de queijo de bom grado. Também gostei bastante da escolha das músicas, que conseguem aumentar bem as sensações que cada cena quer passar.

E por aí você já vê aonde estou chegando. Pois é, delfonauta, o tão polêmico Cinquenta Tons de Cinza chega aos cinemas engordando o já bem rotundo rol dos filmes nada. Se for homem, assista apenas se quiser ver uma moça bonita pelada, mas provavelmente você consegue isso sem sair de casa, com uma simples busca na internet. Se for mulher, talvez o lado pornô feminino da coisa lhe apeteça, então pode valer uma assistida. Mas poupe seu namorado do sofrimento e vá ao cinema com as amigas.

CURIOSIDADES:

– Esta resenha está sendo publicada às sete da matina porque este é o horário que vence o embargo colocado no filme. Achei bom colocar isso aqui para saciar a ansiedade do delfonauta que ficou desde a meia-noite dando refresh na nossa página inicial. Se você for um deles, manifeste-se nos comentários e ganhe um high five telepático.