Eu sempre considerei 1997 um ano especial para o rock. Talvez porque na época eu tinha 15 anos e estava começando a levar o gosto pela música bem a sério, conhecendo bandas a rodo e descobrindo de quais eu gostava e quais não faziam minha cabeça.

Mas também é fato que muitos discos bons saíram no ano em questão. E rapaz, como o tempo passa. Não é que já se passaram vinte anos e a maioria desses álbuns poderia facilmente ser considerada pelas novas gerações como classic rock?

Denominações à parte, fato é que todos esses trabalhos, mesmo passadas duas décadas, continuam tão frescos e potentes como em sua data de lançamento. Para celebrar o dia do rock deste ano, resolvi listar cinco dos meus discos favoritos que fazem aniversário este ano.

Os critérios de escolha, obviamente, foram terem sido lançados em seu país de origem em algum momento de 1997 e meu gosto pessoal, nada mais. Posto isso, passemos a eles:

FOO FIGHTERS – THE COLOUR AND THE SHAPE

O segundo disco da banda de Dave Grohl, lançado em 20 de maio de 1997, é o mais redondinho do grupo, junto de There’s Nothing Left to Lose (1999) e o primeiro realmente gravado como uma banda (o disco de estreia, de 1995 e que leva apenas o nome da banda, teve todos os instrumentos gravados por Grohl).

Um disco forte, de músicas com guitarras pesadas, mas uma pegada de alta sensibilidade pop. Não tem nenhuma faixa ali sobrando ou fora do lugar e gerou vários sucessos, como Monkey Wrench, My Hero, Walking After You (essa entrou na trilha do primeiro filme de Arquivo X) e Everlong, até hoje uma das melhores deles e dona de um clipe clássico.

A banda está aí até hoje, mas, à exceção do já citado There’s Nothing Left… nunca mais conseguiu lançar uma obra tão coesa, urgente e grudenta quanto The Colour and the Shape.

THE VERVE – URBAN HYMNS

Este, o terceiro da banda inglesa, chegou às lojas em 29 de setembro e foi o pulo do gato para o até então desconhecido grupo inglês. Depois de seu lançamento, até quem não curte esse tipo de música ou nunca ouviu falar em The Verve sabe cantarolar a parte orquestral do single Bittersweet Symphony.

E o álbum ainda teve as devastadoras Sonnet, Lucky Man e The Drugs Don’t Work como os próximos singles. O resto do disco, puxado mais para um rock psicodélico bem chapadão, também é bem bom e faz deste trabalho um dos mais lembrados da chamada era do britpop.

OASIS – BE HERE NOW

O disco de estreia, Definitely Maybe, chegou com a banda dos briguentos manos Gallagher metendo os dois pés na porta. O segundo, (What’s the Story) Morning Glory?, os transformou na maior banda do planeta naquele momento. Mas para mim, é Be Here Now, o terceiro da carreira, lançado a 21 de agosto, que representa o auge criativo do quinteto.

Montados nos louros da fama e do sucesso e chapadaços de drogas, eles criaram um álbum egomaníaco, exagerado, com músicas longas, escoradas em muralhas de guitarras e esticadas até o limite. Engraçado que hoje a banda não curte muito o disco em questão, achando que passaram do ponto, mas eu adoro.

Faixas como D’You Know What I Mean?, Don’t Go Away, Stand by Me e All Around the World foram os cartões de visita. Mas ele tem muito mais que isso. Tem até o Johnny Depp tocando guitarra slide em Fade In-Out!

ECHO & THE BUNNYMEN – EVERGREEN

Claro que eu ia enfiar um disco da minha banda favorita nessa seleção. Que ele seja tão bom quanto qualquer outro desta lista é apenas mais um bônus. O Echo & The Bunnymen havia acabado de maneira melancólica no início dos anos 90 e Evergreen, lançado em 14 de julho, marcava o retorno em grande estilo do grupo com seus três membros originais remanescentes (infelizmente, o baterista original Pete De Freitas morreu em 1989) com um trabalho para lá de digno.

A voz de Ian McCulloch já não era a mesma do período de glória do grupo nos anos 1980, mas ele ainda segurava bem suas letras, agora mais confessionais e menos cifradas que antigamente. A guitarra de Will Sergeant estava afiada como nunca e o baixo de Les Pattinson continuava grudento.

O disco tinha ótimas faixas, como a que dá nome ao disco, Altamont, I Want to Be There (When You Come), Nothing Lasts Forever e Don’t Let It Get You Down. Mas são os momentos mais soturnos, como Empire State Halo e Just a Touch Away que mais remontam aos momentos de auge criativo do grupo, na década anterior.

https://www.youtube.com/watch?v=RmnkXnt9qZ0

RADIOHEAD – OK COMPUTER

Certamente um dos últimos grandes discos de rock lançados, senão talvez o último. E estamos falando de 20 anos! A banda de Thom Yorke sofre aqui a primeira (de muitas) mutação, adicionando elementos progressivos ao seu som antes marcado por um rock mais alternativo e levado pelas guitarras.

Tematicamente, o álbum lançado em 16 de junho de 97 continua atual até hoje, versando sobre as agruras e neuroses da vida moderna e da intrusão cada vez maior da tecnologia, enquanto o instrumental ajuda a ressaltar esses elementos abordados.

Faixas como os singles Karma Police e No Surprises, representam bem isso, junto de outras músicas fabulosas como Subterranean Homesick Alien, Climbing Up the Walls, Let Down (minha favorita da banda) e a épica Paranoid Android, com seu título homenageando a obra de Douglas Adams.

O disco acabou de ser relançado com o título OK Computer OKNOTOK 1997 2017 e com suas 12 faixas originais remasterizadas, além de contar com um segundo disco com todos os lados B do período, e a joia da coroa: três faixas inéditas gravadas à época, cujas versões de estúdio dão as caras aqui pela primeira vez e não deixam nada a desejar às canções que entraram no tracklist final do disco.

Bem, estes foram cinco dos meus discos favoritos de 1997. E você, tem algum aniversariante que não entrou nesta lista? Compartilhe sua seleção conosco nos comentários e feliz dia do rock!