Christian Bale fala muito sobre Cavaleiro das Trevas

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O pessoal do MovieHole bateu um papinho com Christian Bale, o Batman em pessoa sobre a segunda incursão da nova bat-franquia. Ei-lo:

Eu me encontrei com Chris (Nolan, o diretor) e li Batman: Ano Um, de Frank Miller e várias outras graphic novels e, pela primeira vez, eu vi algo de interessante em Batman que nunca tinha percebido, aproximando do tom em que eu desejava interpretá-lo”.

E continuou: “Eu conversei sobre isso com Chris e ele me disse qual seria sua maneira de fazer o filme e foi muito compatível com minhas idéias e por isso fui escolhido. Para mim, atualmente, sinto que estamos de volta às raízes, quando conversei com amigos e parentes de Bob Kane, que diziam que Batman sempre seria um personagem sombrio na visão de seu criador. Ele sempre viu o que Adam West fazia, parodiando o personagem, então ele não estava realmente interpretando Batman”.

No caso de O Cavaleiro das Trevas, Bale gosta de pensar na dicotomia de ordem e caos. “Batman tem uma tentação muito grande pelo caos, pela violência, e por isso precisa de uma disciplina muito grande para ter o senso de ordem que tem, tudo devido a essa sombra de dor que foi a morte de seus pais. Tudo nasceu da necessidade de vingança. Ter criado o Batman nunca foi bom para sua vida pessoal, ele tem uma grande capacidade para a violência e ele não pode matar porque sabe que para ele seria muito fácil cruzar essa linha. Porém, devido ao seu inerente altruísmo e filantropia, herdados de seus pais, ele não quer cruzar essa linha, mesmo estando sempre em conflito com isso. E o Coringa é alguém que o faz questionar sobre sua ética mais do que ninguém e o tenta para que quebre sua regra número um”.

E mais: “E se quebrar essa regra, ele pode eventualmente impedir a morte de muitas outras pessoas, e a questão é que, nesse caso, é se ele deve ser egoísta e se agarrar a seus princípios ou quebrá-los de vez. São questões maravilhosamente éticas como essa que existem em O Cavaleiro das Trevas”.

Mais alguma dúvida de que a franquia finalmente está nas mãos certas depois de comentários como esses?

Uma das mais violentas seqüências em O Cavaleiro das Trevas é a cena de interrogação com o Coringa. Violenta e sádica. Foi a primeira cena que Bale e Heath Ledger filmaram juntos. “Foi uma maneira brilhante de começar, porque ficamos tão afetados pela excitação do ambiente, de algumas partes daquela cena, de estarmos completamente sozinhos em uma sala com câmeras e espelhos do lado de fora nos rodeando que nós dois ficamos o tempo inteiro sempre vendo nossos reflexos e víamos imagens de duas aberrações conversando em volta de uma mesa”.

(Ok, fui só eu ou essa frase soou meio ambígua? Depois tem fãs que reclamam que chamam o Batman de biba, mas enfim, não vem ao caso e vocês, seu bando de mentes sujas, entenderam o que o cara realmente quis dizer, vá!)

“Foi ali que, pela primeira vez, vi o quanto Heath se dedicava ao papel e o quanto estava gostando disso. Claro, o que a cena revela não é apenas o grande vilão de Batman, mas como ele lida com a violência. Quanto mais Batman bate no Coringa, maior fica o sorriso no rosto do vilão e o herói percebe que está fazendo exatamente o que ele quer. Heath assistiu à cena e adorou cada segundo”, diz o cara. Uau, quero ver isso agora!

Continuando, sobre como Ledger via o Palhaço do Crime: “Ele adorou tudo e tinha total compromisso com tudo. Ele realmente criou esse emblemático vilão, retratando-o de forma nunca feita antes, algo horripilante, anárquico, um Coringa meio Laranja Mecânica”.

Sobre um terceiro Batman, ninguém, incluindo o próprio Bale pode dizer nada. “Vai ter que perguntar pro Chris, mas olha, quero ver como isso tudo vai acabar, está completamente nas mãos dele, não importa o que ele quer fazer ou não. Mas creio que há um enorme desafio por duas razões. A primeira é que há poucos filmes que superam o primeiro, como O Poderoso Chefão 2, O Império Contra-Ataca e, em minha opinião, este Batman é melhor que o primeiro. Não há quase nenhum caso em uma trilogia em que o terceiro é o melhor e acho que isso é um bom motivador para não rolar. A segunda razão é Heath, porque ele fez um trabalho tão soberbo que agora não temos como criar um vilão melhor” – nossa, será que o Coringa dele está tão bom assim? Eu ando lendo críticas estadunidenses e eles estão rasgando elogios não só para o filme, mas principalmente em como o Coringa está sendo retratado. Cheguei a ver comentários de críticos gabaritados onde dizem que o Coringa de Heath é simplesmente o melhor vilão da história do cinema, sem exagero. Será que é para tanto?

E, claro, o cara foi emendando – “E eu não consigo me imaginar fazendo Batman sem Chris, nem levo isso em consideração porque ele criou tudo isso. Não importa que haja grandes performances, grande elenco e tudo mais, tudo leva ao diretor. Ele escalou essas pessoas, ele é o responsável por escolher as pessoas certas para cada coisa, ele é o responsável pela coisa toda, então se o filme funciona, os créditos são dele, assim como se o filme falha, a culpa é dele. Ele é quem toma todas as decisões, eu apenas sou uma peça do quebra-cabeças e ele me escolheu para isso. Claro, se eu não fizer meu pedaço direito, sou o culpado por isso, mas ele é o culpado em primeiro lugar por ter me escolhido”.

Completando e resumindo, Bale fecha com chave de ouro: “A grande sacada deste filme é a questão do quanto você está disposto a barganhar com o demônio para resolver seus problemas mais rápido. Você está preparado para futuros problemas e conseqüências ainda maiores?”

Saindo de Bale e indo para o próprio Nolan, o manda-chuva contou um pouco sobre o que podemos esperar sobre a película: “Eu gostei muito da dinâmica e do ritmo da história de origem que apresentamos em Batman Begins), então foi um pouco intimidante como iríamos substituir isso, a sensação de grandiosidade e tamanho que nos dá, de expandir a história”, disse ele.

“Então, o que escolhemos foi contar uma história objetiva, linear, entrando ainda mais de cabeça em uma história policial, o tipo de épico que vemos em filmes como Heat, de Michael Mann, coisas assim, que atingem uma grande escala, mesmo confinadas a uma cidade”.

Ok, Homem de Ferro foi mágico, mas tem um amigo meu que ainda insiste que O Cavaleiro das Trevas não será melhor do que o filme do latinha. Depois das últimas declarações e vídeos, como alguém pode não crer que esse será O longa do ano?

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