Cartas de Iwo Jima

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Na resenha de A Conquista da Honra, eu comentei que provavelmente gostaria mais desse filme do que de sua “primeira parte”. Pois então, eu estava errado. Cartas de Iwo Jima é ainda mais chato que o anterior.

Se A Conquista da Honra tenta contar uma história, por mais que seja podre, Cartas de Iwo Jima abre mão disso e se torna um filme de guerra voltado unicamente para o massacre, com pouquíssimos elementos humanos. Talvez a única cena que se salva seja o momento em que os japoneses interrogam um prisioneiro estadunidense. Essa é realmente muito boa, mas tirando isso, a fita só me fez pensar como dormi pouco essa semana.

Algumas cenas são repetidas nos dois filmes, o que é uma idéia legal, mas poucas diferenças de pontos de vista são mostradas. No geral, são os mesmos planos. Mas isso também ocupa bem pouco espaço das duas horas e meia de projeção.

Algo que me chamou a atenção é que no longa anterior, os estadunidenses só tratam os japoneses por xingamentos e coisas do tipo. Aqui, até que isso é mais leve. Fico imaginando se o bom e velho Clintão decidiu maneirar nos xingamentos a seus compatriotas para não prejudicar o desempenho nas bilheterias estadunidenses, já que é fato que dois países em guerra se xingariam de montão.

Uma outra seqüência digna de nota pela bizarrice é o momento em que um grupo de soldados japoneses fazem Hara-kiri com granadas. Para começar, eu achei que o sacrifício pela honra perdida tinha que ser feito com espadas (e eles têm espadas no arsenal do filme), mas o mais estranho é que, pelo que mostra aqui, é possível segurar uma granada próxima ao seu peito que, mesmo rodeado de pessoas, você será o único a bater as botas por causa da explosão. Ora, eu não entendo muito de guerras e armas (e nem quero entender), mas sempre achei que se uma granada explodisse em uma sala, mataria todos que estão lá dentro, não apenas alguém que decidisse pegá-la para dar um beijinho ou fazer um cafuné.

Enfim, juntando essa resenha com a outra, já falei demais sobre esses filmes mequetrefes. Se você gosta de filmes de guerra ou é fã do senhor Eastwood, experimente assistir. Agora se compartilha da minha opinião de que atores deveriam se limitar a ficar na frente das câmeras e se não gosta de longas feitos unicamente para faturar prêmios, faça como eu faria se não tivesse obrigações profissionais com os delfonautas e passe longe.

Curiosidades:

– Este filme é falado em japonês. Até aí, beleza. O problema é que, além das legendas em português, também tem legendas em inglês. E as duas aparecem na tela durante TODA a projeção! Cacilda, Clint, custava mandar para os outros países uma cópia sem as legendas, como faz seu amigo Mel? Sinceramente, isso deixa Cartas de Iwo Jima ainda pior do que ele já seria normalmente, e atrapalha muito, já que o tempo todo fica com metade da tela cheia de textos.

– Obviamente, Cartas de Iwo Jima ganhou vários prêmios. Um dos mais bizarros é um dado pelo American Film Institute chamado One of the Best Films of the Year ou, na língua de Camões, “Um dos melhores filmes do ano”. É mole? Chegamos a tal ponto que agora vários longas ganham o prêmio de melhor filme no mesmo festival. Tsc, tsc…

– Nessa cabine, eu fui entrevistado para uma revista voltada para o público japonês sobre o que eu sabia da guerra e coisas do tipo. Embora eu já tenha sido entrevistado antes, foi uma sensação meio bizarra.

– Aproveitando a oportunidade, pedi para elas esclarecerem uma antiga dúvida minha: o que diabos significa Banzai. Elas disseram que é algo difícil de traduzir, mas que é uma homenagem ao imperador. No filme, é traduzido como “Vida longa ao imperador!”. Independente do que significa, Banzai é algo bem divertido de sair gritando por aí! É quase um Shazam oriental. Esperimente gritar “Banzai!” na cara do funcionário do cinema que abrir a porta depois da sessão, por exemplo.

– Eu realmente acho que estou pensando demais em gritar na cara do funcionário que abre a porta do cinema, mas convenhamos, o susto que ele levaria sem dúvida seria engraçadíssimo.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
cartas-de-iwo-jimaPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Guerra<br> Roteiro: Iris Yamashita<br> Produtor: Clint Eastwood, Steven Spielberg, Robert Lorenz.<br> Diretor: Clint Eastwood<br> Distribuidor: Warner<br>