Assassin’s Creed Origins finalmente leva a franquia dos assassinos mais queridos da cultura pop para o Egito. Não há dúvidas de que este é o período histórico mais interessante explorado na série, especialmente depois de alguns fracos exemplares que resolveram contar histórias nos absurdamente comuns Estados Unidos e Inglaterra.
No entanto, após a pausa de um ano, a série retorna bastante diferente, com um combate totalmente repaginado e dessa vez se tornando definitivamente um RPG. Sem exagero, Assassin’s Creed Origins está muito mais próximo de The Witcher do que de Assassin’s Creed Brotherhood. Mas antes de falarmos mais a fundo sobre isso, olha só que coisa mais linda!
MEU NOME É BAYEK DE SIWA
\r\nApesar de ser um jogo completamente diferente de seus antecessores, a história em muito se assemelha à do clássico Assassin’s Creed II. Você controla Bayek, um egípcio que sofreu uma tragédia nas mãos de homens mascarados. Agora ele visa se vingar, matando um a um todos os responsáveis.
Não é apenas sua jornada que lembra a de Ezio. O personagem também é bastante parecido, em uma clara tentativa da Ubisoft de resgatar o carisma de seu protagonista mais famoso. Até a voz e o sotaque são muito semelhantes, a ponto de eu fazer uma busca para me certificar se não era o mesmo ator nos dois papéis (não é).
Com isso, Bayek é, sim, um personagem bem bacana, e o período histórico é suficientemente interessante para que ele estrele vários jogos da série, assim como o Ezio. Não duvido que em breve vejamos Bayek visitando a Grécia. E, cá entre nós, eu torço por isso, uma vez que Grécia e Egito são as duas ambientações pelas quais eu esperava desde que ficou claro que Assassin’s Creed seguiria o caminho de turismo histórico.
A principal diferença de Bayek para Ezio é que o egípcio é um cara bastante bonzinho, o que inclusive causa estranhamentos quando ele participa de atos de crueldade ao lado dos rebeldes. Além disso, a tal ordem antiga que serve de antagonista é pura maldade, tirando um pouco da graça da série, que sempre deixou seus desafetos bastante tridimensionais e, como tal, mais antagonistas do que vilões propriamente ditos.
UM RPG EM UM MUNDO ABERTO MASSIVO
As semelhanças com os clássicos param na história e no protagonista, pois o jogo é absurdamente diferente. Ele segue as tendências de jogos que fizeram sucesso recentemente, e junta bastante coisa de The Witcher com Sombras da Guerra. Isso é digno de nota, uma vez que Assassin\’s Creed sempre foi conhecido por criar tendências, não por seguí-las.
A escalada, um baluarte de Assassin’s Creed, foi muito simplificada. Agora está igualzinha à de Sombras da Guerra. Basta correr segurando o X rumo a uma parede e você vai escalá-la. Praticamente tudo é escalável desta forma, com a exceção das pirâmides e outras construções mais altas que retomam a busca por “tijolinhos” como estamos acostumados.
A escalada é a única coisa que foi simplificada, pois todo o resto está muito mais complexo. Agora você tem uma infinidade de armas a escolher, com estatísticas e benefícios diferentes. Prepare-se para passar um bom tempo em menus comparando estatísticas e tomando decisões difíceis como “troco esta espada exótica que envenena os inimigos por uma comum que tem o dano maior, mas sem outros benefícios?”.
Obviamente, esta mudança para o RPG não foi uma decisão criativa, mas mercadológica, pois é bastante claro que fizeram isso para poder incluir microtransações. Há armas, montarias e roupas na loja do jogo, e até uma categoria chamada time-savers que basicamente coloca pontos de interesse no mapa, algo que sempre foi automático na série.
A Eagle Vision também está mais complexa. Antes, bastava ser ativada para achar seus objetivos, e agora é literalmente a visão de uma águia. Chamada Senu, você solta o bichinho e o controla para encontrar tesouros, alvos e outras coisas de interesse, o que lembra bastante Far Cry Primal.
O mundo, então, é simplesmente enorme. Você passará suas primeiras horas em Siwa, uma cidade consideravelmente grande, mas eventualmente vai dar um zoom out no mapa e constatar que toda aquela cidade não correspondia a mais de 1/20 do mundo total. Assassin’s Creed Origins deve ser o maior mapa desde The Witcher 3, e consegue ser bonito em praticamente todas as direções, não caindo na armadilha de ser simplesmente um deserto cheio de nada.
COMBATE TOTALMENTE NOVO
Algo que era muito criticado nos jogos antigos era o combate. Pois ele foi totalmente repaginado, influenciado por jogos como Dark Souls. Agora os botões de ataque são o R1 e o R2, enquanto o L1 defende e o L2 saca o arco e flecha. Não, a dificuldade felizmente não segue a do jogo da From Software, pelo menos não no modo normal.
Ah, sim, agora Assassin’s Creed tem três opções de dificuldade. Eu joguei no normal e não tive problemas em vencer a maioria das brigas contra oponentes do mesmo nível simplesmente martelando os botões. Alguns inimigos mais poderosos lutam com escudos e precisam ter a guarda quebrada antes de levar dano. Para isso, basta segurar o R2 para carregar o ataque, o que coloca um pouco mais de estratégia na porradaria.
Depois de algumas horas de jogo, eu peguei uma espada exótica que tinha o benefício de carregar instantaneamente e ela logo se tornou minha arma principal. Felizmente, é possível pagar para atualizar o nível dela conforme ela fique desatualizada.
Claro, como é comum em RPGs, se você encontrar inimigos que estão alguns níveis acima de você, não adianta nem tentar encará-los, pois eles acabam com você rapidinho. Isso significa que algumas áreas e missões não poderão ser jogadas até ganhar experiência suficiente.
QUESTS INSPIRADOS POR WITCHER
Há uma infinidade de quests em Assassin’s Creed Origins, e a boa notícia é que a Ubisoft soube usar bem suas influências de Witcher. Cada sidequest conta uma história independente e são tão elaborados que você vai até esquecer que é um side e não um main. Se pá, aliás, os sides são até mais elaborados, já que a campanha principal é constituída basicamente de uma série de assassinatos (que também são legais).
O lado chato é que, pelo mapa ser muito grande, você vai passar algumas horas simplesmente andando de um lado para o outro juntando quests. Isso é bem entediante, totalmente diferente da diversão de quando você finalmente vai começar a fazê-los.
Eles ficam organizados no seu quest log por distância ou, mais útil, por nível. Isso significa que, assim como em The Witcher 3, você sempre vai ter uma pá de coisas para fazer, e provavelmente vai seguindo na ordem do nível. Afinal, de nada adianta fazer um quest de nível 35 se você estiver no 24.
Outra influência de The Witcher 3 é que há algumas centenas de pontos de interrogação no mapa. Ao chegar neles, você normalmente é brindado com alguns objetivos. Coisas como ache o tesouro ou mate o capitão. Cumpra-os e ganhe experiência. Nos melhores casos, estas interrogações levá-lo-ão a tumbas dentro de pirâmides, repletas de armas valiosas e inclusive algumas mensagens daqueles que vieram antes.
Adivinha se não tem uma dessas em cada uma das pirâmides.
AQUELES QUE VIERAM DEPOIS
\r\nAlém do grosso que se passa no Egito Antigo, há também uma história na época atual, incluindo novas personagens. Elas, no entanto, parecem ter bem menos importância do que o Desmond teve, mas é mais uma demonstração de que com Origins a Ubisoft visa começar uma nova série.
Cá entre nós, eu preferia que a ambientação no Egito fosse mais antiga. Penso que seria mais interessante ver o Egito no auge, na época dos faraós, não na época de Cleópatra representada aqui. Ainda assim, é sem dúvida o melhor período histórico retratado pela série.
ASSASSIN’S CREED ORIGINS
Além disso, é um jogo simplesmente massivo. Eu estou com 35 horas de jogo e tenho mais de 30 quests pendentes no meu log. Ainda tenho muita história pela frente, inclusive tirando algumas poucas referências de Bayek ao credo que ele segue, a ordem dos assassinos sequer apareceu por aqui (suspeito que o jogo termine na formação dela). Assim, provavelmente ainda vamos falar mais sobre Assassin’s Creed Origins por aqui. Mantenha-se delfonado.