As Tartarugas Ninja – O Retorno

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Eu estava muito ansioso por esse filme. Aliás, eu diria que estava até tão ou mais ansioso quanto estou por Homem-Aranha 3. Tanto que, embora três sessões para imprensa tenham sido marcadas, eu não resisti e peguei a primeira, mesmo ela sendo no pior dia e horário possível (à tarde, o que ferra toda a rotina de um dia normal aqui na redação delfiana).

E valeu a pena? Uma coisa não posso negar: foi muito legal ver novamente esses personagens na tela grande depois de tanto tempo. Aliás, o desenho original das Tartarugas Ninja foi, possivelmente, o desenho mais importante para a minha vida, sem falar dos jogos maravilhosos lançados nos anos 90, dos quais você já deve ter lido bastante neste especial. Aliás, os discípulos de Splinter foram tão importantes para mim que eu chamei meu primeiro carro de Donatello, que era minha tartaruga preferida. Isso me trouxe muita confusão, pois, já que o carro era vermelho, todo mundo dizia que ele deveria se chamar Raphael. Se ater a picuinhas é coisa para fracos! 😛

O início lembra bastante o segundo filme de outro quarteto que animou minha infância: Os Caça-Fantasmas. As tartarugas estão “falidas” e separadas. Leonardo foi meditar nas selvas da América do Sul. Donatello está trabalhando no suporte técnico de uma empresa de informática e Michelangelo, está animando festas infantis sob o nome de Cowabunga Carl. E usando uma máscara de tartaruga enquanto faz isso (uma sacada genial, devo dizer). Raphael, é claro, não conseguiria viver longe da ação, e sai toda noite vestindo uma fantasia e fazendo justiça com as próprias mãos, sem o conhecimento dos seus irmãos. Logo, é claro, Leonardo volta e os problemas de relacionamento com o esquentadinho Raphael aparecem, culminando num mano a mano entre os dois e no afastamento da tartaruga de faixa vermelha da equipe. E bem no pior momento, pois guerreiros ancestrais foram acordados e têm planos dignos de qualquer vilão de desenhos animados que você já viu por aí. Agora me corrija se estiver errado, mas isso não é basicamente a mesma história dos dois primeiros filmes?

Esse é justamente o principal pecado deste longa: a narativa é completamente focada no relacionamento Leonardo e Raphael. O primeiro, que obedece cegamente às ordens de Splinter e o segundo, que as questiona. Daí é aquela coisa… eles brigam, se separam, ficam amigos de novo e finalmente aprendem uma valiosa lição de amizade. Isso porque divulgaram esse filme como sendo baseado na carnificina do gibi. Tsc, tsc. Enquanto isso, Michelangelo fica relegado ao segundo plano, aparecendo apenas para contar piadas e o Donatello… bem… ele deve ser o mais tímido de todos, pois tem um papel menor até que o do coadjuvante Casey Jones.

Em tudo isso, os vilões são completamente secundários. Também pudera, pois não temos o tremendão Destruidor aqui. Segundo o que é contado no início do filme, ele está morto, tendo sido vencido pelas Tartarugas. Temos alguns remanescentes do Clã Foot, liderados pela Karai, que você talvez lembre como a última chefa do jogo Tournament Fighters, de Super Nes. Aliás, ao contrário do jogo em questão, Karai aqui é uma japonesinha pequerrucha (um viva para as japonesinhas pequerruchas: Yay! o/), não aquela coisa andrógina mostrada no game. E ela também não é tão vilã assim. Na minha opinião, qualquer história das turtles tem que ter o Destruidor como vilão, então não dá para entender porque simplesmente mataram ele aqui antes da história começar. No final, Karai dá uma deixa de que ele ainda estaria vivo, então nos resta torcer para uma continuação que, aliás, já está quase certa.

Um dos motivos que me fez ficar bem animado por esse filme é o design primoroso das Tartarugas. Elas são todas diferentes, não apenas na cor da faixa, mas mesmo no rosto e nos trejeitos e todos os detalhes refletem muito bem suas personalidades. Os personagens humanos, por outro lado, seguem um visual meio Os Incríveis, porém sem a mesma beleza estética. Casey Jones é o mais afetado, com um design bem tosco, para ser sincero.

Outro problema técnico é o som. A música está muito mal mixada, baixa em relação aos efeitos e vozes. A dublagem é ainda pior. Não só os dubladores escolhidos pecam ao usar timbres que nada ou pouco têm a ver com os personagens, como sua interpretação é sofrível. Eu fiquei o tempo todo triste pelo fato de que os cinéfilos tupiniquins não seriam brindados com a possibilidade de assistir à versão original, que sem dúvida terá uma qualidade bem melhor. Para completar, quando assisti, o filme todo ficou com um chiado extremamente alto. Não sei se isso é do filme ou do cinema onde a cabine foi feita, então depois que você assistir, volta aqui e conta para nós.

Se eu recomendo? Pô, nesse caso é bem difícil. Os personagens são muito bons e tudo que nós amamos neles está presente. Por outro lado, com personagens tão bons, é decepcionante ver que optaram por uma história tão comum. E pior, que já foi feita duas vezes antes com o mesmo quarteto. Se você, como eu, tem um carinho todo especial por tartarugas que seguem ensinamentos orientais e comem pizza, provavelmente vai se divertir, embora esteja sujeito a alguma decepção. Agora se você ainda não foi introduzido a este fenomenal mundo, este não será o responsável por doutriná-lo.

Para terminar, um comentário: o pôster que você vê aí do lado tem a frase “O quarteto mais que fantástico está de volta”. Ora, eu já falei antes de quão deprimente é quando um filme tenta se divulgar através da popularidade de outro, mas nesse caso isso é ainda mais triste, já que as Tartarugas Ninja são muito mais populares no Brasil graças a suas séries animadas do que o Quarteto Fantástico, cujo primeiro filme nem fez tanto sucesso assim e, tirando isso, é conhecido apenas por quem lê quadrinhos. Às vezes um pouco de confiança no próprio taco ajuda bastante, srta. Paris Filmes.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
as-tartarugas-ninja-o-retornoPaís: Hong Kong/EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Ação<br> Duração: 87 minutos<br> Roteiro: Kevin Munroe<br> Artista: Livre<br> Diretor: Kevin Munroe<br> Distribuidor: Paris<br>