Cá estou eu, debutando na famigerada coluna cafajeste do DELFOS. Não, eu não me considero um cafajeste, embora o Júlio insista que sou merecedor de tal título. De qualquer forma, acredito que tenho conhecimento de causa suficiente para dar as caras por aqui de vez em quando. E dessa vez, venho falar sobre um tipo de cafajeste que muitos não percebem que existe, mas que está por aí, nas escolas, nos trabalhos e, principalmente, nas faculdades: são as cafajestas.
Hell, yeah, meu amigo! Existem mulheres dignas desse título de nobreza e você muito provavelmente já foi vítima de uma (ou mais) delas. A principal diferença entre um cafajeste masculino e uma feminina é a ausência de pênis nessas últimas (graças a Satã!), pois o modus operandi e mesmo a forma que ambos encaram o sexo é muito parecida, para não dizer idêntica.
Trocando em miúdos (embora, como já deixamos claro anteriormente, as cafajestas não tenham miúdos), elas são mulheres sexualmente liberadas, que não vêem nenhum problema em gostar tanto de sexo quanto nós e costumam pegar caras a torto e a direito, bastando simplesmente ter rolado uma atração ou algum tipo de química.
Ao contrário de seus comparsas machos, contudo, a cafajesta dificilmente sai por aí espalhando a semente da felicidade entre os homens. Pois é, meu amigo, como nós já sabemos, mulheres são mais egoístas, sobretudo quando se trata de sexo. Claro, sexo casual é uma constante na vida da cafafêmea, mas, ao contrário de nós, elas dificilmente o fazem com alguém de quem nem sabem o sobrenome. Vai entender, certo?
Uma cafajesta que se preze costuma ter um caderninho de telefones com o nome de vários caras a quem recorrer quando a natureza chamar. O caderninho é chamado por ela de cardápio, pois é olhando ali que a guria decide se está a fim de um moreno com queijo, de um loiro com lasanha, de um japonês com orégano ou qualquer outra combinação que lhe apeteça. Afinal, assim como nós, homens, gostamos de variar, o mesmo pode ser dito das mulheres. A diferença é que as cafajestas não mentem para si mesmas nesse aspecto, como faz a maior parte das mulheres.
Seus principais alvos, ao contrário do que se pode pensar, não são os cafajestes machos, mas os carinhosos. Sim, meu amigo. Aqueles indivíduos de bochechas rosadas que já foram previamente citados nessa coluna. O motivo para isso é que os carinhosos costumam ser completamente apaixonados por elas e, portanto, são facilmente transformados em objetos. Se a cafajesta liga para um deles, ele já aparece na casa dela antes mesmo de desligar o telefone. E o fato de ele ser um carinhoso e, portanto, um peganinguém, diminui a possibilidade de ela contrair alguma DST com ele.
Além disso, justamente pelo amor sincero que ele nutre pela cafajesta, ele vai se esforçar muito na cama para que ela perceba o prazer que pode sentir todo dia, caso decida ceder a seus métodos de sedução (que não raro envolvem flores, poemas e/ou ursinhos de pelúcia no dia seguinte, sem falar de café da manhã na cama). Elas, é claro, encaram tudo isso da mesma forma que os jornalistas responsáveis encaram os brindes distribuídos em cabines (a saber: “Woo-hoo! Brindes! Mas não é isso que vai me fazer falar bem do filme”). Ou seja, para a nossa cafajesta, o carinhoso é uma fonte inesgotável de carinho e de sexo atencioso (sem falar de brindes no dia seguinte) e que pode ser facilmente chutado, mas novamente chamado quando a necessidade bater. Aliás, não raro, as cafajestas se referem a eles com adjetivos como “meu delivery” e coisas do tipo, já que é só ligar e em 28 minutos ele chega quentinho na sua casa. Outros apelidos carinhosos que já vi por aí incluem fuck friend e sex buddy, mas todos se referem à mesma coisa: a um homem objeto, ou um mimbo, como diria Jerry Seinfeld.
Claro, tirando o caso do cara apaixonado, muitas vezes as cafajestas se utilizam de deliverys normais (podemos chamar o carinhoso de delivery express). Aquele amigo que, embora não cafajeste, adora coroar suas noites com um pouco de sexo casual, ou seja, um cara normal. Esse mano se esforça menos que o expresso e demora mais para chegar, mas dá menos dor de cabeça e costuma voltar para sua casa logo depois de satisfazer a pitchula – e ser, conseqüentemente, satisfeito por ela. Sua diferença para o indivíduo de bochechas rosadas é basicamente a mesma das formas de delivery em questão. Um deles chega mais rápido, mas você paga mais caro. Já o outro é mais básico, mas também cumpre o serviço. O importante para a cafajesta é sempre deixar o cara pensar que ele está no comando, pois elas acham que é isso que a gente quer. Mal sabem elas que a gente adora mulheres sexualmente bem resolvidas e que tomam a iniciativa. Todos juntos: hum… mulheres que tomam a iniciativa com batata frita… O fato é que só um cara muito troglodita acha que uma mina que chegou nele é vadia só por causa disso. E você, delfonauta feminina, não ia querer ficar com um troglodita mesmo, certo?
Ser um delivery normal, aliás, é um dos grandes desejos masculinos (afinal, ser chutado por alguém que você ama não é legal nem para nós). Ora, isso garante ao cara sexo com alguma freqüência com uma mina que normalmente é incrivelmente linda ou totosamente gostosa (isso se não for os dois) e que, por encarar sexo com naturalidade, ainda é muito boa de cama. Para completar, como fazem com um bom restaurante, as cafajestas também costumam indicar seus deliverys para suas companheiras de atuação. Ou seja, se você mandar bem em uma cafajesta, em breve deve receber uma ligação de uma amiga dela solicitando seus serviços. E, quanto mais você for satisfazendo, mais vai sendo requisitado.
O mais bizarro é que as cafajestas dificilmente percebem esse desejo masculino e costumam esconder seu lado cafa. Mal sabem que, se elas simplesmente chegassem para um dos seus deliverys em potencial e dissesse algo como: “Oi, eu sou uma mulher e eu tenho desejos sexuais assim como você. Que tal nós dois satisfazermos um ao outro?”, a maioria de nós já estaria de cueca na cama (excluindo, é claro, os trues que estão sempre só de cueca) antes mesmo de ela terminar essa frase. Ora, o que tem de errado em dois indivíduos se encontrarem com fins lascivos sem intenções românticas, não é mesmo? E se todo homem gosta e precisa de algum sexo casual, nada mais normal do que encarar essa necessidade feminina com a mesma naturalidade.
Assim como os cafajestes, as cafafêmeas se dividem em uma quantidade infindável de filos, cada um com suas preferências e aparências específicas. Por exemplo, uma cafajesta que gosta de nerds costuma ser oriental, uma que não gosta de fazer muito esforço normalmente é ruiva (já que os homens são naturalmente atraídos pelas ruivas), já uma que vai atrás de headbangers deve concentrar todas as cores da sua aparência no cabelo e o resto deve ser monocromático: o preto da roupa e o branco pálido da pele. Já uma que gosta de jogadores de futebol deve tingir o cabelo de amarelo e posar para revistas masculinas, ou então ser um transexual e assim por diante.
Quando o assunto é cama, os próprios cafajestes não são muito atiçados pelas cafajestas e isso é recíproco. Eles simplesmente não vêem graça em estar sempre fazendo miséria com as mesmas minas. Já elas não curtem a promiscuidade dos cafas ou a falta de carinho (pois os cafajestes tendem a um sexo mais animal e menos romântico) que envolve uma noite com eles. Por outro lado, quando o assunto é conversa de bar, cafajestes e cafajestas se unem em uma rodinha onde é impossível diferenciar em suas palavras os homens das mulheres, tal o nível de objetificação do sexo oposto que elas conseguem alcançar – que não deixa nada a dever nem mesmo para grandes mestres, como o nosso amigo Guillermo Gutierrez (Ave, mestre!).
Confira agora a ficha técnica da nossa amiga cafajesta:
Nome científico: Cafajestus Femininas;
Altura: As adultas têm em média entre 1,60m e 1,70m.
Peso: Depende da altura, mas a relação peso e altura é sempre ideal. Cafajestas M&M são raras e poucas são Funfats.
Aparência: Roupas sensuais, mas que não exibem mais do que o necessário. Cabelo estiloso. Sua autoconfiança transparece na aparência e, combinado com o belo recheio do decote, atrai olhares lascivos masculinos de todos os cantos.
Habitat: Varia de acordo com seu filo e a vítima que ambiciona para a noite em questão.
Métodos mais comuns de abordagem: “Eu estou tão sozinha hoje”, “Posso ver você essa noite?”, “Quer passar aqui agora?”. Fato: não importa o que fale, a cafajesta SEMPRE consegue sexo. Existem casos registrados de cafajestas que convenceram um cara a transar falando até de depilação das axilas ou arrotando o alfabeto.
Características marcantes: Beleza, gostosura, autoconfiança.
Com a ficha técnica das nossas amigas, encerro aqui meu debut deixando um abraço para os delfonautas cafajestes e um cafuné para as delfonautas cafajestas. Estranhou o cafuné? Ora, não é porque elas gostam de sexo que têm que abrir mão do carinho, certo? 😉
PS: A foto que ilustra a coluna de hoje é da banda feminina The Donnas. Embora elas façam um Hard Rock completamente calcado em Kiss (tanto musical quanto liricamente – tem até uma música homônima – Take it Off – e uma cover dos mascarados – Strutter), sabe-se lá por qual motivo elas parecem atrair bem mais a galerinha alternativa do que os fãs tradicionais de Hard Rock. Cantam, em suas letras, de como gostam de transar com 40 caras em 40 noites (40 Boys In 40 Nights) e como são atraídas por homens que usam jeans apertadinho (Skintight). Aí na galeria você confere mais uma foto das moças, pois tenho certeza que você vai desejar fazer parte do cardápio dessas cafajestas!