Antes Só do que Mal Casado

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Eu tenho alguns amigos que são fanáticos pelos irmãos Farrelly. Aliás, tem muito nerd por aí que realmente gosta dos filmes deles, em especial de Quem Vai Ficar Com Mary?. Eu, por outro lado, nunca assisti nada proveniente dos dito-cujos que realmente me apetecesse. A maioria são comediazinhas bobas, fingindo algum romantismo e com alguns toques de humor nonsense grosseiro e eu realmente não gosto de nenhuma dessas características. Aliás, se for para falar de amor, tem que ser sincero!

Antes Só do que Mal Casado acompanha a tradição das traduções imbecis com ditados populares (como aconteceu no Amor é Cego, também dos manos Farrelly), mas até que não é grosseiro. Pelo menos não muito. E se tirar a grosseria, sobra a apenas a comédia bobinha que tenta ser romântica e isso tem de monte aqui.

Ben Stiller é Eddie, um quarentão que nunca casou. Diante da pressão exercida pela sua família (Jerry Stiller, pai de Ben na vida real) e amigos, ele acaba casando com a primeira gostosa que aparece (hum… gostosas que aparecem…). Só que ela muda completamente depois do casório e se torna uma doida. Ela também parece gostar bastante de sexo, pois sabe o nome de várias posições absurdas e até pede para que Eddie bata nela. O carinha, por algum motivo bizarro, não gosta disso, o que me lembrou daquela frase do sempre engraçado Nelson Rodrigues: “Toda mulher gosta de apanhar, os homens é que não gostam de bater”.

Enquanto a moçoila se tranca no banheiro (!), Eddie conhece uma outra gostosa chamada Miranda (Michelle Monaghan) e se apaixona por ela. Agora ele precisa acabar o relacionamento com a doida para ficar com a moreninha (hum… moreninhas com Ovomaltine…).

Daí vem toda aquela confusão que você já viu em 357 filmes iguais a esse. As duas se encontram, ele briga com as duas, fica sem ninguém e por aí vai. Mais básico impossível, qualquer criança de quatro anos faria exatamente o mesmo roteiro – aliás, talvez fossem até mais criativas. E depois os roteiristas realmente acham que podem fazer greve, apresentando roteiros como esse? Se você quer um aumento, pelo menos tente fazer bem o seu trabalho. Ora, quase tudo que eles fizeram nos últimos anos foi no piloto automático, se eu fosse um dos produtores de Hollywood despedia todos eles e contratava sangue novo (Corrales pula, balançando os braços e gritando: Eu! Eu!).

Enfim, clichê atrás de clichê, até tem algumas piadas divertidas, duas minas realmente lindas e uma ótima trilha sonora, qualidades que impediram que o filme fosse uma bomba C (C de clichê, sacou?). Com essas qualidades, atingiu o cobiçado padrão de filme nada e levou dois Alfredutchos e meio. Não vale o salgado preço de um ingresso, mas se estiver passando na TV e você não tiver nada melhor para fazer, até pode desligar o cérebro e assistir. Não foi dessa vez que os irmãos Farrelly me transformaram em um fã.

Curiosidades:

– Está meio que virando tradição eu reclamar de alguma coisa da UIP em todas as resenhas de filmes deles, e dessa vez não seria diferente. Não, hoje não sortearam nada (e nem deram release/pôster ou CD de imagens como todas as outras distribuidoras fazem), mas estão com uma irritante mania de fazer as cabines dois dias antes da estréia, na quarta-feira, e ainda avisar bem em cima da hora. Isso atrapalha legal a nossa programação, que é fechada com uma semana e meia de antecedência e, é claro, só a UIP faz isso. Antes eles ainda avisavam na semana anterior, o que possibilitava o planejamento da programação, mas ultimamente tem chegado realmente em cima da hora. Essa chegou no dia 5 de novembro, sendo que a cabine seria no dia 7 e a estréia no dia 9. Só que os dias 8 e 9 deste mês já estão com outros textos agendados (o esperado debate sobre cotas raciais, lembra?). O que fazer? Dar menos espaço para o filme é a resposta. E, sim, delfonauta, você não leu errado: na manhã de hoje, sete de novembro de 2007, eu estava no Cinemark Santa Cruz assistindo a isso aqui. Viu como a gente trabalha rápido por aqui?

– Pensa que acabou? Por falar no Cinemark Santa Cruz, também conhecido como o cinema mais desconfortável de São Paulo (não consigo entender como o lugar se sustenta com cadeiras tão ruins – quem PAGA para assistir alguma coisa ali com tantas opções melhores a preços equivalentes e às vezes até mais baixos?) e onde a UIP faz todas as suas cabines, hoje quase fui embora sem assistir ao filme. Acontece que as escadas rolantes que dão acesso ao cinema estavam bloqueadas por uma faixa. Depois de um tempo esperando, percorri o shopping procurando por um segurança para ver se ele sabia de algo e o cicrano me instruiu a pegar um elevador secreto (pelo menos eu não sabia que existia) e apertar o botão PC (o que seria isso? Politicamente correto?). Cacilda, se vão bloquear a escada rolante, pelo menos deixem algum funcionário plantado lá para avisar os jornalistas, né?

– Três para casar: quando eu fui escrever “politicamente correto” acima, eu quase escrevi “politicamente Corrales”. Acho que vou formar uma banda com esse nome. 😉

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
antes-so-do-que-mal-casadoPaís: EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Comédia Romântica<br> Diretor: Peter Farrelly e Bob Farrelly<br> Distribuidor: UIP<br>