Esta é nossa análise War Dogs: Red’s Return, um jogo muito, muito errado. Mas que, ao mesmo tempo, foi capaz de me divertir bastante enquanto eu o jogava. Acontece que War Dogs: Red’s Return é um advergame. Caso não conheça a expressão é um jogo-propaganda. É um game criado para divulgar uma marca, ou uma ideia. Na época dos 16-bit, por exemplo, havia vários jogos do McDonald’s e, mais recentemente, tivemos America’s Army.

A diferença de um advergame para um jogo licenciado é que ele não é baseado em algo cultural, um personagem que por si só já é o produto, como o Homem-Aranha. No caso de War Dogs: Red’s Return, o cliente dos criadores é a Red Nose. E em nome da transparência, devo dizer que eu tenho uma certa antipatia por essa marca. Nem sei dizer o porquê, talvez pela sua própria identidade visual, mas ela me parece uma marca focada em vender para bullies e incentivar esse tipo de atitude desprezível.

Red Nose, War Dogs, QUByte, Delfos
Mas ok, quem olha essa imagem não vai dizer que o bully é o cachorrinho da Red Nose.

Inclusive, quando vi o nome da desenvolvedora, Mito Games, fiz uma busca para ver se não foram eles que criaram aquele jogo-campanha do nosso presidente, Bolsomito. Não é. A BS Studios desenvolveu Bolsomito e, aparentemente, é australiana. Já a Mito Games é capixaba, então são culpados apenas de escolher um nome politicamente carregado no cenário sócio-econômico atual.

TÁ BOM, VAMOS À ANALISE WAR DOGS: RED’S RETURN

Sob nenhum aspecto crítico, War Dogs: Red’s Return é um bom jogo. Ele não é bonito, seu sistema de colisão e jogabilidade é um tanto bugado e, especialmente, navegar por seus menus é um suplício. Para completar, ele não roda bem, com pausas frequentes e quedas de framerate correndo soltas durante o gameplay. Parece uma versão alpha de algo que ainda não está pronto. Mas sabe o que é mais bizarro? Ele me divertiu!

War Dogs: Red’s Return é um beat’em up em 2.5D, e talvez daí venha meu apreço por ele. Simplesmente não há jogos suficientes do gênero com essa estética. Ele não é nenhum Soulstorm no uso dela, mas faz alguns truquinhos bacanas, como zoom e movimentação de câmera para realçar momentos mais dramáticos.

Red Nose, War Dogs, QUByte, Delfos
Olha só que dramático!

O au-au que você controla tem soco, chute, pulo e defesa. Ao contrário da maioria dos beat’em ups, não dá para agarrar um meliante e enchê-lo de joelhadas. Aqui a porradaria é sempre a um braço (ou perna) de distância.

VOCÊ NÃO GOSTARIA DE ME VER FURIOSO

O que o jogo tem de bacana são seus golpes de fúria. Você tem uma barrinha extra que enche conforme distribui sopapos. Ela tem três níveis, sendo que cada nível libera um especial. Esses vão do tradicional “mata todo mundo que estiver na tela” a cura.

Isso é interessante. São pouquíssimos os beat’em ups que permitem que o jogador se cure quando desejar, e esse pequeno aspecto afeta bastante o jogo. E também o torna bem acessível. Embora você tenha apenas três vidas para passar de cada fase, poder se recuperar com frequência torna relativamente fácil terminar uma fase sem morrer nenhuma vez. Mas claro, quem quiser uma dificuldade maior tem ela disponível desde o início.

ANÁLISE WAR DOGS: RED’S RETURN – FREE TO PLAY

Por ser um jogo de propaganda, War Dogs deveria ser gratuito. E, se fosse, eu provavelmente o recomendaria sem ressalvas. Mas veja só, no Android ele de fato é. E muitas das mecânicas free to play migraram mesmo para sua versão paga de console.

Você tem, por exemplo, duas moedas. Claramente, uma foi pensada para ser adquirida através do jogo, e a outra para ser comprada com grana real. Com elas, você pode comprar itens cosméticos e upgrades, e é claro que os mais desejáveis custam a mais rara.

Red Nose, War Dogs, QUByte, Delfos
Os cosméticos são, em sua maioria, roupas e acessórios da Red Nose.

Os upgrades funcionam mais ou menos como as fitas de Double Dragon Neon. Eles trazem aumentos estatísticos para seus personagens. Na dificuldade normal, dá para fazer toda a história numa boa, só com os upgrades que você compra ou ganha naturalmente. Imagino que no hard ele exija algum grinding, para deixar suas estatísticas turbinadas o suficiente para conseguir vencer as fases com as vidas limitadas.

Red Nose, War Dogs, QUByte, Delfos
A tela de upgrades.

Eu preferia que sequer tivesse esse tipo de coisa, mas vale fazer o adendo: a versão de console não permite comprar nenhuma das moedas ou cosméticos com dinheiro real. As duas moedas disponíveis você pode adquirir apenas jogando, e as loot boxes (sim, o jogo tem isso) são fornecidas quando você passa de fase.

VINTÃO

Acredito que é óbvio neste ponto do texto, mas War Dogs: Red’s Return não chega perto da qualidade de jogos como Streets of Rage 4 ou The Takeover. Na real, sequer dá para considerá-lo um jogo decente.

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É claro que tem a fase do metrô. E tem a do elevador também.

A contradição entra no ponto de que ele realmente me divertiu pelas duas horas que levei para terminar sua campanha. E isso tem o seu valor. Eu diria que o jogo deveria ser disponibilizado de graça, pelo simples fato de ser uma propaganda da Red Nose. Mas eu entrei na loja da Playstation para ver seu preço, e ele custa apenas R$21,50. Consideravelmente menos do que eu esperava e, para ser sincero, duas horas de diversão valem esse preço para mim. Se valem para você, cabe apenas a você decidir.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-war-dogs-reds-return-beatem-upDisponível: Android, Windows, PS4, Xbox One, Switch<br> Analisada: Xbox One<br> Desenvolvedora: Mito Games<br> Editora: QUByte<br> Gênero: Beat'em up / Propaganda da Red Nose<br> Lançamento: 29 de abril de 2021<br>