O delfonauta dedicado sabe que eu não sou muito de jogos de quebra-cabeças. Quando era criança, usei uma frase ao descrever Krusty’s Funhouse que meus colegas de escola usaram para tirar sarro durante muito tempo: “é difícil porque tem que pensar”. Pois é. E hoje é dia da nossa análise Trine 5. Esta longínqua série é meio fora da curva para mim. Eu faço questão de jogar os lançamentos, mas na realidade não sou muito fã do gameplay dela.
ANÁLISE TRINE 5: OLHA QUE COISINHA MAIS LINDA!
O motivo pelo qual eu sempre quero jogar um novo Trine é que temos aqui alguns dos cenários mais bonitos já criados nos videogames. Isso é verdade desde o primeiro jogo, e faz com que uma experiência tradicional com Trine seja repleta de “Ooohs” e “Uaus”. Porém, ele é um puzzle plataforma 2D, e dos mais complexos.
Por isso, a rotina de Trine é o seguinte: você anda um pouco e fica estupefato com o cenário lindão. Daí é bloqueado para solucionar um quebra-cabeça. Às vezes a solução vem rápido, e a exploração continua deliciosamente. Mas toda fase tem pelo menos uns dois ou três desafios que vão impedir seu progresso por vários minutos. E isso é bem chatinho.
A COMPLEXIDADE DE TRINE 5
A complexidade de Trine se deve ao fato de que são três heróis, cada um deles com um conjunto de habilidades muito específica. Além disso, cada habilidade tem um emaranhado de usos diferentes, em várias situações. E daí você é constantemente incentivado a combinar poderes de vários dos heróis. Muitas vezes eu ficava travado em um puzzle, procurava um guia e via que bastava usar uma habilidade que não me lembrava que existia. Simplesmente são muitas para lembrar.
Em outras situações, a solução era simples, mas meu cérebro insistia que era mais complexa. Eu passei por vários desafios fazendo coisas, sinceramente, absurdas, que claramente não foram planejadas pelos desenvolvedores. Mas me ajudaram a destravar, apenas para depois ver um vídeo de alguém passando dali de outra forma com muito menos esforço. Claro, dependendo do seu gosto, isso de ter várias formas para se resolver um problema pode muito bem ser um positivo. Pessoas que gostam de “quebrar” os jogos com certeza têm bastante espaço para brincar aqui.
TRINE 5 É DIFÍCIL PORQUE TEM QUE PENSAR
Trine 5 é um puzzle plataforma, mas é muito mais puzzle do que plataforma. Quando ele te deixa andar por alguns minutos nas fases simplesmente pulando entre plataformas e pegando breguetes, fica sinceramente delicioso. Mas esta é a exceção. Além disso, ele é simplesmente longo demais, com 20 fases que duram cerca de 60 minutos cada se você não tiver as soluções previamente.
E claro, como todos os outros Trines, ele traz também combate e chefes.
COMBATE E CHEFES EM TRINE 5
Os chefes talvez sejam o mais interessante. São batalhas contra inimigos grandes e impressionantes. Elas exigem o uso inteligente das habilidades dos heróis para deixar o vilão vulnerável a uns sopapos. Isso muito me agrada.
Eventualmente, você é também atacado por inimigos padrão, que podem ser derrubados simplesmente com algumas porradinhas. Neste aspecto, nada mudou, e tenho certeza que muita gente, especialmente aqueles que gostam mais da parte cerebral da coisa, vão argumentar que era melhor se não tivesse combate. Aliás, uma coisa que me chamou a atenção enquanto jogava Trine 5 é justamente isso.
QUÃO POUCO TRINE 5 MUDOU
Trine 5 é bastante familiar. São os mesmos heróis, as mesmas habilidades e os mesmos lindos visuais. Tem habilidades que são conquistadas ao longo da campanha, como as bolas de aço do Amadeus, mas até estes upgrades já existiam nos jogos anteriores.
Além disso, os gráficos são lindos artisticamente, com alguns dos cenários mais bonitos dos games. Porém, a falta de evolução começa a dar sinal. Em especial, os personagens e suas animações parecem ser exatamente os mesmos e, sinceramente, são meio toscos. Os movimentos de pulo e de ataques, por exemplo, até eram bacanas lá em 2009, quando o primeiro saiu. Mas estamos em 2023, no quinto jogo da série. Está na hora de essas animações serem refeitas (ou, se foram, de serem melhoradas). Os cenários são lindíssimos, mas os personagens parecem tirados de um jogo de baixo orçamento.
BELEZA ACIMA DE TUDO
Mas daí a gente volta naquela história. Trine 5 nunca foi um jogo de gameplay. Ele sempre foi uma viagem audiovisual. E daí você encontra um cenário como o da imagem acima e, não tem como, fica boquiaberto com tanta beleza. Pelo menos até empacar no próximo quebra-cabeça.
O PIOR PUZZLE DA HISTÓRIA
Isso torna Trine 5 uma aventura um tanto irregular. Seus puzzles são certamente mais complicados de resolver do que os de Trine 4 e, para mim, isso foi um retrocesso. O puzzle final, em especial, é uma das coisas mais pentelhas que já vi em um jogo. Se liga, a partir de 28:55.
Girar o cenário apontando a luz para a bola é extremamente difícil, a ponto de que parecia que não era a solução correta. Eu tentei várias outras formas, construindo estruturas e afins e nada funciona. Além disso, todos os vídeos que peguei usam a mesma solução – e todos têm a edição antes, o que demonstra que nem os especialistas conseguiam fazer sem errar. Acabei desistindo aí, no último desafio do jogo. É o equivalente a desistir no chefe final de um soulslike.
A simplificação de Trine 4 tinha sido bem-vinda, pois senti que deixava o timing do jogo melhor e mais coeso. Trine 5 volta ao estilo dos primeiros, mais quebra-cabeça e menos turismo virtual. Felizmente, ainda tem aqui turismo virtual suficiente para entreter aqueles que procuram a série especialmente para isso. Mas os puzzles são realmente fracos dessa vez.