Se o amigo leitor é um delfonauta dedicado ou old-school, talvez já tenha lido minha lista dos melhores jogos de todos os tempos. Nela, eu premiei o primeiro ToeJam & Earl com a medalha de bronze. E se você acompanha meu trabalho fora do DELFOS, talvez já tenha lido a minha história com ele, quando participei da série 31 Gaems do Overloadr. Desnecessário dizer que este é um jogo bem especial para mim. E agora chegou a hora de dividir com você minha análise ToeJam & Earl: Back in the Groove.

ANÁLISE TOEJAM & EARL: BACK IN THE GROOVE

ToeJam & Earl foram ressuscitados por uma campanha de financiamento coletivo muito bem sucedida alguns anos atrás. Este é o jogo que saiu dali, a quarta parte da série.

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E ele não podia ser mais familiar.

Esta é uma série cujos três jogos anteriores são bem diferentes uns dos outros. Back In The Groove, no entanto, é totalmente familiar. Na verdade, ele é tão parecido com o original de Mega Drive que mais parece um remake do que uma continuação propriamente dita.

Se você jogou o ToeJam & Earl de 1991, acredite, você sabe EXATAMENTE o que vai encontrar aqui. Até o final, e segredos, como o nível 0 (que na minha infância eu chamava de paraíso) estão de volta, mais ou menos como eram antes. Agora se você não conhece o clássico, não prie cânico.

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O paraíso está de volta.

ToeJam & Earl são dois alienígenas cheios de ginga que caem na Terra. Sua nave é espatifada em 10 pedaços, espalhados por 25 níveis. Seu objetivo é encontrar todos os pedaços e usar a nave reconstruída para voltar para Funkotron, o planeta natal dos nossos amigos.

O problema é que os terráqueos são loucos. Galinhas carregam bazucas. Homens se vestem de cenoura. Trolls jogam xingamentos em cima de você. Para se defender ou fugir, há uma infinidade de presentes, que são encontrados em todo lugar, que funcionam como power ups temporários. Mas para saber o que são, ou você abre, ou você paga um NPC. E, é claro, vários deles atrapalham.

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Quando você abre um dos presentes, todos os outros daquele tipo são automaticamente identificados. Pelo menos até você abrir um dos temidos Randomizers, que voltam aqui não apenas em uma, mas em duas versões. Estes voltam a bagunçar tudo ou uma parte dos presentes previamente identificados.

PÂNICO EM FUNKOTRON

Back in the Groove funciona como o primeiro jogo, mas traz algumas das novidades e inimigos originalmente apresentados no segundo. Em especial, estão de volta os minigames de dança e a Hyperfunk Zone.

Esta última é um runner sidescroller onde você tem que segurar o botão para evitar perigos, e soltar para pegar presentes, dinheiro e XP. Ela volta exatamente como era em Panic on Funkotron.

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Lembra?

Já as danças voltam repaginadas e simplificadas. Agora basta você apertar os botões que aparecem na tela no ritmo certo. Eu adorava este joguinho no segundo jogo, mas aqui ele está bem pior. As danças, aliás, parecem estar totalmente desprovidas de ritmo, isso quando o jogo não incumbe você mesmo de fazer a coreografia e repetir depois.

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Everybody dance now!

Back in the Groove também traz de volta vários NPCs que apareceram em Panic on Funkotron, o que dá uma continuidade para a série.

Por fim, há mais uma funcionalidade do segundo jogo por aqui: a possibilidade de chacoalhar árvores e arbustos em busca de coisas escondidas (e nem sempre o que sai é bom).

NOVIDADES

De coisas novas mesmo, Back in the Groove apresenta muito pouco, e boa parte delas são apenas melhorias de qualidade de vida. Por exemplo, agora você vê o mapa no canto da tela o tempo todo, o que é uma tremenda mão na roda. Também há, claro, mordomias de games modernos, como a possibilidade de salvar ou jogar online em até quatro pessoas, embora falte uma forma fácil de carregar um save.

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Algumas pessoas que bancaram o jogo aparecem para dançar com você.

Isso é intencional, uma vez que a desenvolvedora não quer que você salve o jogo antes de abrir um presente, leve um randomizer na cara e daí recarregue o save. Claro que na prática, o jogador acaba dando um force quit para poder sair sem salvar, o que simplesmente joga tempo fora.

Talvez o principal acréscimo seja o fato de haver nove personagens jogáveis, cada um com estatísticas diferentes.

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Incluindo ToeJam & Earl com o design do Mega Drive.

E agora os level ups aumentam aleatoriamente algumas de suas estatísticas, não servem apenas para dar vidas.

VÁRIOS MUNDOS

O fato de ter mais personagens para jogar é importante, porque ToeJam & Earl: Back in the Groove, assim como o original de Mega Drive, quer ser jogado várias vezes. Quando você roda o jogo pela primeira vez, há o mundo tutorial, mais fácil e curto.

Daí há o mundo “fixo”, que é o de fato criado pelos desenvolvedores. Aqui, inimigos, presentes, naves e elevadores estão sempre nos mesmos lugares.

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Oi, eu sou só um humano.

Depois de passar por algumas fases no mundo fixo, você libera o mundo aleatório onde, adivinha só, é tudo aleatório. Pois é, ToeJam & Earl era um roguelike antes de eu saber o que eram roguelikes. Mas considerando que este jogo envolve basicamente procurar pelas peças da nave, fazê-las aparecer em lugares variados faz todo o sentido e de fato aumenta o replay.

Daí, ao terminar o mundo aleatório, é liberado o aleatório hardcore, que é o teste final das suas habilidades. Com exceção do tutorial, cada um destes mundos envolve partidas mais ou menos com a duração que o jogo tinha no Mega Drive. Ou seja, em umas duas horinhas você consegue voltar para Funkotron.

Outra coisa de rogues modernos que este traz é a possibilidade de destravar coisas permanentemente. Dá para identificar alguns presentes para sempre, ou liberar chapéus com poderes, além de novos personagens.

AUDIOVISUAL

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No Mega Drive, ToeJam & Earl era muito impressionante. Não só ele era bonito, como era cheio de vozes.

Agora o visual é desenhado, mas admito que eu gostava mais da estética do Mega Drive. Tenho a sensação que o design era mais “fofinho”, enquanto agora tem uma cara mais moderna, mais adolescente.

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Já o áudio está bem pior. Boa parte dos terráqueos que falavam, como a cantora de ópera ou o cara que te cura cantando “Aleluia” agora ou não falam mais, ou têm vozes bem menos carismáticas. Até o fantasminha, que te assustava falando “buga-buga-buga” não fala mais isso. Tirando a introdução, totalmente falada (e me causou um grande estranhamento ouvir a voz do Earl), quase não há vozes durante o jogo.

As músicas também são muito menos marcantes. Há algumas composições que estavam no Mega Drive, mas seus novos arranjos carecem de carisma. Embora tenha uma cara decididamente mais moderna, Back in the Groove para mim tem cara e soa como um jogo feito em Flash, enquanto o de Mega Drive era o que havia de melhor e de mais moderno naquela época.

NOSTALGIA

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E aí que está o problema. Pegue, por exemplo, o recente Resident Evil 2. Ele usa da nostalgia, mas é um jogo moderno, cuja sensação de jogar é totalmente diferente do clássico de PS1.

ToeJam & Earl: Back in the Groove, por outro lado, é praticamente o jogo de Mega Drive relançado, com um visual mais moderno e algumas melhorias de qualidade de vida. Por acaso acontece que o original é um dos meus jogos preferidos de todos os tempos.

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Até os presentes e as piadas são basicamente os mesmos.

Talvez remake não seja exatamente a palavra ideal para definir Back in the Groove. Esta palavra seria “atualização”. Basicamente, ele traz mordomias de 2019 para um jogo de 1991, e pouco além disso. Eu ainda gostei de jogá-lo, não me entenda mal. Mas há, por exemplo, menos diferença entre este e o de Mega Drive do que há entre o primeiro Gears of WarGears of War 4, com a diferença de que, aqui, muito mais tempo se passou.