Se você segue o DELFOS no Twitter, deve saber o quanto estava animado para fazer uma análise The Quarry. Este é o mais recente jogo da Supermassive Games, uma das poucas desenvolvedoras que faz história interativas de alto orçamento. E eu adoro isso. Em especial, adoro o conceito e os resultados que eles entregaram na série The Dark Pictures Anthology.

The Quarry é independente da antologia de terror. E, em muitos aspectos, especialmente temáticos, lembra bastante Until Dawn, discutivelmente o maior hit dessa galera. Então que tal me acompanhar em um acampamento no meio do nada? Tenho certeza que se não fizermos sexo estaremos seguros.

ANÁLISE THE QUARRY

A premissa é digna de um Sexta-Feira 13. Acompanhamos um grupo de jovens extremamente atraentes e com os hormônios em fúria em um acampamento. Eles vão trabalhar lá, e após um verão muito produtivo e cheio de drama, é dia de ir embora. O dono do acampamento, Chris Hackett (David Arquette), parece bem preocupado com a segurança deles. E com o fato de que eles precisam ir embora. Tipo, logo. E, meu, você não vai adivinhar o que acontece. Eles não vão! Eu sei, vou até fazer uma pausa para você recolher sua boca do chão.

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Na imagem: um bobo apaixonado sendo romântico.

Graças a um bobo apaixonado (o amor realmente é um sentimento muito perigoso), eles acabam ficando presos lá por mais uma noite. Bem-vindo à nossa análise The Quarry, meu camarada!

UMA HISTÓRIA INTERATIVA

Se você já jogou qualquer um dos jogos nesse estilo que a Supermassive fez, já é familiar com o esquema. Vai ter um monte de cutscenes belíssimas, onde você é responsável pelas decisões de vários personagens diferentes (um de cada vez). Tem alguns pequenos trechos de exploração, em busca de dicas, ferramentas e colecionáveis. E, claro, QTEs em que às vezes é melhor deixar o tempo passar do que apertar o botão na hora certa. Quem vive? Quem morre? Será que você vai desvendar o mistério? Tudo isso depende das suas escolhas.

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Quem você quer beijar? Não vale responder “os dois”.

The Quarry é muito mais acessível do que os jogos anteriores, que já eram relativamente tranquilos, mesmo para quem não é gamer. Dá para aumentar os limites de tempo, fazer com que os QTEs sejam vencidos automaticamente (de novo, isso nem sempre é bom) e várias outras configurações que permitem que absolutamente qualquer pessoa aproveite The Quarry. Tem até um movie mode, em que a história toca sem qualquer interatividade. Neste modo, você pode escolher se quer que todos vivam, morram, ou tunar a personalidade dos protagonistas para eles tomarem decisões baseados na sua criação. Coisa fina mesmo! Mas, claro, para o âmbito desta resenha, eu joguei The Quarry da forma mais tradicional possível, tomando todas as decisões conforme elas apareciam.

ESCOLHA SUA HISTÓRIA, SEM INTERFERÊNCIAS

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High five!

E permita-me começar com uma comparação não muito lisonjeira para o The Quarry: Vampire The Masquerade Swansong. São dois jogos do mesmo gênero, que contam histórias bacanas. Há, claro, um abismo de orçamento entre os dois (Vampire The Masquerade Swansong é quase indie em comparação). Mas o Vampire fez algo que eu senti muita falta aqui.

Em Vampire, nas cenas de exploração, o jogo avisa quando determinada ação vai “encerrar” o modo exploração. Ou seja, dá para explorar à vontade, e ativar a ação final apenas quando estiver pronto. Isso é fantástico para um jogo nessa linha. Poucas coisas são mais frustrantes em uma história interativa do que “acidentalmente” andar para o lado certo e avançar a história sem explorar o tanto que gostaria. E isso acontece direto em The Quarry.

NOW YOU SEE ME, NOW YOU DON’T

Outro problema grave em The Quarry é quão escuro ele é. É o tipo de game em que é literalmente difícil de enxergar qualquer coisa, a não ser que você esteja jogando em um lugar escuro como uma sala de cinema. Eu tenho uma cortina blecaute no cômodo em que meus videogames estão. E isso não era o suficiente para ser possível jogar de dia. E não estou exagerando. Eu literalmente escolhi a maioria das imagens desta matéria dos capítulos antes de anoitecer, porque as que vieram depois ficavam quase totalmente pretas na tela do meu laptop.

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Você consegue enxergar bem essa imagem?

A coisa é tão escura que, em vários momentos da história, a minha TV detectou a imagem como “estática” e ativou o screensaver. E isso acabou deixando o jogo mais escuro ainda. Para desativar, eu precisava voltar para o dashboard do PS5 para que a TV “percebesse” que tinha alguma imagem na tela.

The Quarry tem, sim, configuração de brilho. Três sliders diferentes. Eu tentei colocar os três no máximo, e sinceramente não vi diferença. Continuou escuro. Não sei se é um problema da versão de PS5 que joguei, mas essa foi minha experiência. Agora vamos falar do que o jogo tem de legal.

THE HAG OF HACKETT’S QUARRY

Felizmente, a história é digna dos games anteriores da SupermassiveThe Quarry é realmente muito parecido com Until Dawn em gênero, inspirações e protagonistas. Isso é uma constatação que pode decepcionar ou animar. Particularmente, eu gostaria que fosse um pouco mais diferente, pois a sensação é de um Until Dawn 2 (que já existe até).

Dito isso, eu gostei muito da forma como ele desenvolve os personagens. Se você é escolado em slashers, já sabe que são todos arquétipos. Tem o atleta, o nerd, o emo, a artista… Porém, aqui eles são bem diferentes do que você espera. Por exemplo, acredita que o bobo apaixonado que citei acima é o atleta? E ele está sofrendo tanto de coração partido que chega literalmente a chorar por amor?

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Por outro lado, o nerd é um babaca.

Já o nerd, que normalmente é bonzinho e inocente é um babaca. Mas não tão babaca. Ele ainda é suficientemente desenvolvido para a gente gostar dele. Embora tenha vilões em The Quarry, é uma história em que todos têm seus motivos e motivações. Não houve aqui um momento em que alguém me parecia simplesmente errado, ou realmente malvado. Alguns tomam decisões questionáveis? Claro, é um slasher e eu que tomei as decisões, então… Mas mesmo assim são excelentes personagens.

ÓTIMOS GRÁFICOS E ATUAÇÕES

The Quarry é um jogo que provavelmente tem o visual que o Robert Zemeckis queria conseguir com aqueles filmes. É o tipo de coisa claramente muito cara, que deve ter sido feito com mocap de última geração e excelentes atores, e depois trabalhado em cima por magos da computação gráfica.

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O visual é demais!

Eu não diria que ele chega ao ponto de você pensar que é um filme. Mas a quantidade de detalhes, de nuances e pequenos tiques que cada personagem demonstra é impressionante. É o tipo de coisa que já me levaria a admirar um ator capaz de demonstrar sentimentos tão sutilmente. Ainda mais impressionante é pensar que, depois do ator, um artista chegou lá e recriou a atuação do cara em computação gráfica sem perder nada.

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David Arquette é a cara mais famosa do elenco.

David Arquette, de Pânico, é provavelmente o nome mais famoso do elenco. Porém, temos aqui muitas caras conhecidas. Atores que talvez você não saiba o nome, mas que já viu em produções como Jurassic WorldModern Family. Em outras palavras, não tem nenhum A-lister, daqueles que coloca o nome antes do título. Mas há vários atores conhecidos que são muito bons em sua arte. Claramente a seleção foi feita em cima da qualidade. Ou então os atores não são tão bons, mas a turma da computação gráfica fez parecer que sim. Seja como for, The Quarry é visualmente um espetáculo.

ANÁLISE THE QUARRY E A DIREÇÃO

Isso também se estende à direção. Todas as cutscenes são extremamente estilosas, com enquadramentos bonitos e criativos. Infelizmente, isso não é transportado para as cenas de exploração. Nestes momentos, a câmera é naquele estilo papagaio de pirata, de Resident Evil 4. Ela fica muito próxima do personagem, que ocupa sozinho metade da imagem. Para deixar ainda mais grave, todo o jogo é apresentado com barras pretas. E eu entendo que, assim como no cinema, o formato da tela é uma decisão artística. Mas não é uma boa decisão quando fica difícil de explorar direito porque o boneco ocupa metade da tela visível, e 33% do espaço fica com barras pretas. É simplesmente um mau uso do espaço disponível.

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É assim que você explora The Quarry, que é escuro pra burro, ainda por cima.

Isso nos coloca numa situação meio Doom 3. Tipo, o jogo é lindo, e claramente feito com muito capricho. Mas é difícil de enxergar toda essa beleza. Felizmente, a maior parte da história é contada no estilo cinemático de cutscenes, e nesses casos, embora o jogo ainda seja escuro, os enquadramentos usam bem melhor o espaço.

O PESO INSUSTENTÁVEL DO TALENTO SUPERMASSIVO

No final das contas, The Quarry provavelmente traz o que boa parte dos fãs da Supermassive queria: um jogo no estilo e na temática de Until Dawn. Apesar de trazer boas novidades, especialmente no quesito acessibilidade, The Quarry não é a história interativa mais legal que essa turma já contou.

É legal, sim, e certamente é uma desenvolvedora que eu continuarei acompanhando no futuro. Mas meu preferido deles ainda é Man of Medan. E o seu?

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Mesmo com uma lanterna na imagem, é difícil enxergar qualquer coisa.

A PROMOÇÃO EXCLUSIVA DA ANÁLISE THE QUARRY:

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